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segunda-feira, 4 de abril de 2022

CERTIFICADO DE MULHER CORAGEM


CERTIFICADO DE MULHER CORAGEM

Eu, Dalinha Catunda, Cidadã Barbalhense, benemérita da Sociedade dos Poetas de Barbalha, laços conquistados através da poesia, nessas poucas palavras, quero agradecer o Certificado de “MULHER CORAGEM” com o qual fui agraciada e dizer aqui, da minha felicidade em fazer parte desse grupo de mulheres que têm História para contar.

Meus agradecimentos a todos que participaram do projeto: Café Mulher e Poesia.

Em especial a Lindicássia Nascimento, Gerente de Artesanato e Economia Solidária do Município de Barbalha.

Dalinha Catunda cad.25 da ABLC

dalinhaac@gmail.com

sábado, 2 de abril de 2022

Lucélia Borges: MULHERES XILÓGRAFAS


 

LUCÉLIA BORGES

 Xilogravadora, pesquisadora e contadora de histórias,

Lucélia Borges nasceu em Bom Jesus da Lapa, sertão baiano, e viveu muitos

anos em Serra do Ramalho, região do Médio São Francisco, em companhia da

bisavó Maria Magalhães Borges (1926-2004), uma grande mestra da cultura

popular. Produtora cultural, xilogravadora e contadora de histórias, dedica-se

à pesquisa das manifestações tradicionais do interior baiano, com destaque

para a cavalhada teatral de Serra do Ramalho e de Bom Jesus da Lapa, tema de

sua pesquisa para o mestrado na Universidade de São Paulo-USP. Em 2018, a

convite do Sharjah Institute for Heritage, esteve nos Emirados Árabes

Unidos, ministrando oficinas de xilogravura para crianças. Ilustrou vários

folhetos de cordel e os livros A Jornada Heroica de Maria, de Marco Haurélio

(Melhoramentos) e Ithale: fábulas de Moçambique, de Artinésio Widnesse

(Editora de Cultura), e Moby Dick em cordel, de Stélio Torquato (Nova

Alexandria).

Lucélia Borges

E-mail: luceliapardim@gmail.com

Fone: (11) 98597-4133

Xilo de Lucélia Borges

Pesquisa de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
 

MULHER SABERES E OFÍCIO


 

MULHER SABERES E OFÍCIO

*

A mulher no seu trajeto

Marcou bem sua conduta

Abraçando profissões

Nunca fugiu da labuta

Porém muito consciente

Ela sempre é presente

Na base de cada luta.

*

Onde o progresso era lerdo

Laborava sua mão

Exercendo cada ofício

Usando a intuição

Mesmo sem ter faculdade

Serviu a sociedade

Sendo informal em ação.

*

Todo seu conhecimento

É dote matriarcal

Aprendeu fazer canteiro

Com erva medicinal

E lá nos tempos de então

Servia a população

Com plantas do seu quintal

*

Onde não havia médico

Raizeira sempre tinha

Mostrando conhecimento

E os saberes que detinha

Pra quem não tinha dinheiro

O remédio era caseiro

E não faltava mezinha.

*

Folhas para chás e emplastro

Era comum ter na feira

Como hortelã e mastruz

Arruda, malva e cidreira

Também raízes sortidas

Que eram sempre vendidas

Através da raizeira.

*

Nos lugares mais remotos

Nas mais distantes ribeiras

Pessoas eram curadas

Pelas mãos das benzedeiras

Que faziam a benzedura

Seguindo a velha cultura

Das mulheres curandeiras

*

Na fala da rezadeira

Ramo molhado na mão

As palavras milagrosas

Em formato de oração

Chegavam para curar

Quem viesse procurar

Pro seu mal a solução.

*

Mulheres predestinadas

Recebem a incumbência

A de aparar as crianças

Pra isso tinham ciência

São essas aparadeiras

As importantes parteiras

Mulheres de experiência.

*

Eram mulheres humildes

Morando sempre distante

Por serem solicitadas

A qualquer hora e instante

Sendo de noite ou de dia

A pé ou de montaria

Elas seguiam adiante.

*

O artesanato faz parte

Da ocupação feminina

Tricô, crochê e bordados,

Do filé a renda fina

Do barro a palha e cipó

A mulher trança e dá nó

No decorrer da rotina.

*

A destreza da mulher

No trabalho artesanal

É legado do passado

Vindo do berço ancestral

É motivo de alegria

É sessão de terapia

O bendito o ritual.

*

Esse saber cultural

Tem arte tem tradição

É relíquia que artesã

Concretiza em sua mão

O fruto dessa magia

Traz o pão de cada dia

É base é sustentação.

*

O ofício de fazer renda

É mais que uma ocupação.

No movimento dos bilros

A mágica em cada mão

Vejo a rendeira tecendo

E a trama desenvolvendo

No compasso da emoção.

*

A arte de ser rendeira

Um trabalho secular

Que passa de mãe pra filha

E sempre a salvaguardar

Os fios da tradição

Dessa nobre profissão

Que a mulher soube abraçar.

*

A Lavadeira de roupa

Dos tempos de antigamente

Lavava a roupa no rio

Sem reclamar do batente

Cantava com as amigas

No rito velhas cantigas

Alegrando o ambiente

*

Levava sabão em barra

Para a roupa ensaboar

Aproveitava o sol quente

E botava pra quarar

Na pedra a roupa batia

Muitas vezes repetia

Para depois enxaguar.

*

Na arte de passar roupa

A mulher se destacava

Pois era com ferro a brasa

Que a roupa sempre passava

Engomar terno de linho

Para ficar bem durinho

Só quem muito praticava.

*

Nos mais distantes rincões

A mulher se superava

Com a lata na cabeça

Muita água carregava

Com um menino escanchado

Um outro sendo arrastado

A lata ela equilibrava.

*

Com balaio na cabeça.

De porta em porta ou na feira

É sempre essa a rotina

Da cabocla verdureira.

Que monta barraca e anda

E sua vida comanda

Na labuta costumeira.

*

Tem sempre a mão da mulher

Nos lastros da agricultura

Sobrevive com coragem

Encarando essa cultura

Na pesada profissão

Fazendo calo na mão

Na enxada e se aventura.

*

A mulher que planta e colhe

É raiz é fruto é flor

É semente que se espalha

Segue a lida com amor

Da terra tira o alimento

E faz esse movimento

Com fé em Nosso Senhor.

*

Louvo a mulher cordelista

Que tem seu lugar de fala

Que promove outras mulheres

Com seus versos não se cala

Retira do pensamento

Todo seu conhecimento

E ao mundo inteiro propala.

*

Louvo avó, a mãe e a filha

Louvo o elo de união

Que traz no matriarcado

A força da tradição

Louvo a mulher aguerrida

Que na bandeira da vida

Pôs o mastro em sua mão.

*

Cordel de Dalinha Catunda

Capa de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

*