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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

GRATIDÃO É RARIDADE MAS É MODA A EXPRESSÃO



GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO

*

Quem visa agradecimento

Quando toma uma atitude

Com certeza só se ilude

É esse meu pensamento

E quem tem discernimento

Sabe que tenho razão

Não me falta inspiração

Para falar a verdade:

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO.

Mote e glosa de Dalinha Catunda

*

Olhando o mundo nós vemos

Uma grande hipocrisia;

É comum, no dia a dia,

Belas palavras que lemos

E, de fato, percebemos

Em grande divulgação

Na net, televisão,

Sem a prática de verdade!

- GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO.

Mote: Dalinha Catunda.

Glosa: Professor Weslen

*

Não espere de ninguém

Que reconheçam seus atos

Pois, nessas vias de fatos

Isso pouco lhes convém

Vão te tratar com desdém

Faça sem ter pretensão

Com amor no coração

O resto, deixe à vontade

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS, É MODA A EXPRESSÃO.

MOTE : Dalinha Catunda

GLOSA : Dulce Esteves

*

Dizer da boca pra fora

É fácil até demais

Pelas redes sociais

Agente ler toda hora

Lembro no tempo de outrora

Ninguém fazia coração

Era palavra e ação

Homens tinham lealdade

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS, É MODA A EXPRESSÃO...

MOTE, Dalinha Catunda

Glosa Jairo Vasconcelos.

*

Araquém Vasconcelos

Voltar para agradecer

Dificilmente fazemos

Por isso o mundo que temos

Tá triste pra se viver

Vemos primeiro o ter

Mas nesta competição

Um dia vem a razão

Trazendo toda a verdade

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO

Mote Dalinha Catunda

Glosa Araquém Vasconcelos

*

O homem mais verdadeiro

não quer reconhecimento

pois seu grande alumbramento

é ser servil bem primeiro

como um grande justiceiro

vive de estender a mão

e ao socorrer seu irmão

em troca tem falsidade

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO

MOTE Dalinha Catunda

Glosa Chico Fábio

*

Faça sem olhar a quem,

Não importa pra quem seja,

Que a outra mão não veja,

Nem fale nada também,

Recompensa logo vem,

Ligeiro em sua direção,

Rápido que nem avião,

Pra quem faz a caridade,

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO.

Mote Dalinha Catunda

Glosa Joabnascimento

*

A quem usa essa palavra,

Se conhecido ou estranho,

O benefício é tamanho

Que o seu caminha destrava,

Porém a coisa se agrava

Se não vem do coração

Quem só recita o bordão

Mascara a realidade.

GRATIDÃO É RARIDADE,

MAS É MODA A EXPRESSÃO

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Nilza Dias

*

O grato tem a grandeza

O dom de reconhecer

Por tudo que receber

Com generosa presteza

De alguém por gentileza

Que tem o bom coração

D'estender a sua mão

Pela generosidade.

A GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO.

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Fco. de Assis Sousa.

*

Faça sempre o seu melhor,

Pois isto não é façanha,

Nem moeda de barganha.

Doe amor ao redor,

Não torne a vida pior.

Ofereça o coração,

Tire da vida lição.

Vivendo na caridade.

GRATIDÃO É RARIDADE

MAS É MODA A EXPRESSÃO.

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Rosário Pinto.

*

Muito obrigada aos poetas e poetisas que glosaram meu mote.

Gostei muito. Meu abraço carinhoso a todos.

Dalinha Catunda administradora do Cordel de Saia

dalinhaac@gmail.com

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

MEU CORDEL CIRANDEIRO EM PARATY

MEU CORDEL CIRANDEIRO EM PARATY

Preparei algumas atividades para a Festa de Paraty,

 para serem apresentadas na Casa do Cordel.

Entre elas destaco a Ciranda do Coletivo IPHAN, Rio de Janeiro.

Hoje aproveito para agradecer cada participante, que esteve nessa Ciranda Cultural, cantando o refrão com alegria e lendo seus versos com entusiasmo, ao som do violão da poetisa Paola Torres, que fez parte do nosso grupo.

 

Ciranda do Coletivo IPHAN, Rio de Janeiro.

*

REFRÃO

Cirandeiro, Cirandeiro Ó

Eu vim declamar meu verso

Bonito como ele só.

Cirandeiro, Cirandeiro Ó

Eu vim declamar meu verso

Bonito como ele só.

*

DALINHA CATUNDA

O cordel tem seu registro

Tem nome tem tradição

É bem imaterial

E cultural da Nação

E eu sou Dalinha Catunda

Na salvaguarda em ação.

*

NALDA

Sou Redondilha, sou Nalda,

Sou cabocla potiguar

Artesã e folheteira

Sou cultura popular

E também sou cirandeira

Pois gosto de cirandar.

*

PAOLA TORRES

Meu nome é Paola Torres

Doutora por profissão.

Levo a vida na rabeca,

Nos versos no violão,

Com meu verso cirandeiro

Canto da praia ao sertão.

*

FERNANDO ASSUMPÇÃO

Sou produtor cultural

Eu sou Fernando Assumpção

Quando escuto uma ciranda

Logo penso em tradição

Na poesia cantada

Na dança de mão em mão

*

SEVERINO HONORATO

Sou poeta aboiador

Sou também oficineiro

Na roda duma ciranda

Troco de passo ligeiro

Sou Severino Honorato

Sou de salão e terreiro.

*

ZÉ SALVADOR

Sou poeta de cordel

Me chamam Zé Salvador

Quando entro na Ciranda

Penso logo em meu amor

Com sua saia rodada

Toda enfeitada de flor.

*

LETÍCIA RIBEIRO

Eu sou Letícia Ribeiro

Também estou na ciranda

Procurando orientar

Cirandeiras e demanda

O IPHAN tem tradição

E sabe como comanda.

*

EDMILSON SANTINI

Sou Edmilson Santini

Sou de cordel e teatro

Vou espalhando cultura

A rima eu mostro no ato

Essa é a minha figura

Só com arte eu tenho trato.

*

RAFAEL

Nessa ação de salvaguarda

Também tenho meu papel

Vou apoiando os poetas

Na ciranda do cordel

Tenho o aval do IPHAN

E o meu nome é Rafael.

*

Versos de Dalinha Catunda

FLIP- Festa Literária Internacional de Paraty

Aconteceu de 23 a 27 -11 -2022

dalinhaac@gmail.com

 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

O CASTIGO DA SOGRA MALVADA

O CASTIGO DA SOGRA MALVADA

1

Eu vou contar uma história

Daquelas de antigamente

Que ouvi quando criança

E guardei na minha mente

Foi Tia Isa quem contou

E eu agora aqui estou

Passando a história a frente.

2

Sempre à boquinha da noite

Com cadeiras na calçada

Sentava-se minha tia

No meio da criançada

Que ouvia com atenção

Detalhes da contação

De cada história narrada.

3

Foi assim que me criei

E abraço essa tradição

Um ponto vou aumentando

No transcorrer da oração

Sem esquecer a magia

Das histórias de titia

Nas calçadas do sertão.

4

Pra não quebrar a magia

Desse jeito de contar

Vou imitar minha tia

No modo de iniciar

Descrever como ela fez

Repetindo: ERA UMA VEZ

Para a história começar.

5

Era uma vez uma mãe

Que bem moça enviuvou

Tinha somente um filhinho

Dele muito bem cuidou

Era a razão da sua vida

Para a criança querida

Carinho nunca faltou.

6

Um bom menino ele era

Sempre muito obediente

Auxiliava sua mãe

Não fugia do batente

Viviam em harmonia

Um do outro companhia

O que a deixava contente.

7

O tempo foi se passando

O bom menino cresceu

Seu mundo ficou maior

A mãe logo percebeu

E assim viviam em paz

Pois tornou-se um bom rapaz

O filho que Deus lhe deu.

8

Quando o filho já rapaz

Começou a namorar

Tirou da mãe o sossego

Por ela não aceitar

Mais uma mulher na vida

Da criança tão querida

Do seu menino exemplar.

9

E cada vez que o mancebo

Um namoro iniciava

A velha toda manhosa

Uma doença inventava

Ele muito preocupado

Não saía do seu lado

E sem namorar ficava.

10

Era um moço inteligente

Mas tinha uma mãe sagaz

Uma mulher egoísta

Que de tudo era capaz

Para o filho não perder

De tudo iria fazer

E roubou do moço a paz.

11

Para não aborrecer

Nem a mãe contrariar

Só namorava escondido

Coisa séria nem pensar

Mas quando chega a paixão

Quem fala é o coração

E ninguém pode empatar.

12

Com o filho da viúva

Foi isso que aconteceu

Um dia numa quermesse

Uma jovem conheceu

Passaram a namorar

A mãe quis atrapalhar

Mas resultado não deu.

13

Era moça bem-criada,

Donzela muito bonita

E tinha nome de Santa

Essa meiga senhorita

Foi batizada e crismada

Pelo pai foi registrada

A bela Maria Rita.

14

A viúva a contragosto

A donzela recebia

Porém não se conformava

Com tudo que acontecia

E até fez um juramento

Acabo esse casamento

Não vai demorar dizia.

15

Tratava a futura nora

Com desdém, com insolência

Maria Rita humilhada

Fez promessa e penitência

O casório aconteceu

Maria Rita venceu

Usando de paciência.

16

A velha engoliu o choro

Porém a vingança armava

Na sua cabeça insana

Dia a dia arquitetava

Um plano muito cruel

Com gosto amargo de fel

Com sua astúcia contava

17

O filho mesmo casado

Perto da mãe foi morar

Apesar dos contratempos

Não iria abandonar

A sua mãe tão querida

Mulher que lhe deu a vida

E que não deixou de amar.

18

O seu trabalho era ingrato

Viajava o tempo inteiro

Pois comprava e revendia

Couro pra fazer dinheiro

Deixava a mulher sozinha

Tendo a mãe como vizinha

Sempre ficava cabreiro.

19

Sempre que a sogra podia

Da nora falava mal.

Mas o marido dizia:

- Meu amor é especial!

- Pode ser que sim ou não,

Vamos ver quem tem razão.

Quem está certo afinal.

20

- Minha mulher é honesta

E tem um bom coração.

- Você acredita nisso?

- Porém eu não creio, não!

- E se você não me aprova

- Faça com ela uma prova

Vai ver que tenho razão.

21

- Arquitete uma viagem

- Porém volte do caminho

- De noite você vai ver

- O que sucede em seu ninho.

O rapaz mudou de cor

Seu olhar era de dor

Não queria ser mesquinho.

22

Entretanto resolveu

Fazer o que a mãe queria

Pois viver cheio de dúvidas

Ele não conseguiria

O ciúme lhe encharcava

Mas ao mesmo tempo achava

Que a mulher não merecia.

23

Arrumou a sua viagem

Como em outras vezes fez

E beijou a sua amada

Meio sem jeito, na tez

Pediu pra nossa Senhora

Proteção naquela hora

Pra não se perder de vez.

24

Com o coração partido

Ele deixava seu lar

Sem saber o que seria

Dele quando regressar

Pela fresta da janela

A sua mãe de sentinela

Confiante a vigiar.  

25

A viúva nem pensou

Que Deus é onipotente,

Se o cão, atenta d’um lado,

Deus do outro está presente

Vestiu-se para sair

E seu plano concluir

De maneira inconsequente.

26

Não demorou muito tempo

Um homem apareceu

De terno e usando chapéu

E em sua porta bateu

O moço ficou gelado

Completamente abalado

E a tragédia aconteceu.

27

Correu pra cima do homem

Com uma arma na mão

Descarregou a pistola

Tinha perdido a razão

O homem caiu de bruços

Gritava o moço em soluços

Não aceito traição.

28

Irado arrombou a porta

E a mulher puxou sem tino

Arrastou pelos cabelos

Em completo desatino

Venha ver o seu amante

Que eu matei nesse instante

Você me fez assassino.

29

A mulher sem entender

Apavorada gritava:

- Eu nunca tive um amante!

Mas ele não escutava

E seguia enlouquecido

Pra porta onde o falecido

Ensanguentado estava.

30

Quando chegaram a porta

Ele soltou a consorte

Desvirou o traidor

Que não escapou da morte

De susto ele desmaiou

Porque não acreditou

Na sua falta de sorte.

31

Pois naquela cena atroz

O corpo inerte no chão

De terno e com um chapéu

Lhe causava comoção

Era sua mãe querida

Mulher que lhe deu a vida

Caiu na própria armação

32

A pobre Maria Rita

Resolveu naquela hora

Abandonar o marido

Que o seu perdão implora

Mas ela com os seus ais

Voltou pra casa dos pais

Para sempre foi embora.

*

Cordel de Dalinha Catunda

Ilustração: Roberto Braga

dalinhaac@gmail.com