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quinta-feira, 22 de junho de 2023

CONVERSA DE CALÇADA VIRTUAL XII

 

TEM QUE TER NO MEU SÃO JOÃO NA:

CONVERSA DE CALÇADA VIRTUAL

1

Tem que ter no meu São João: - A

O forró do Gonzagão - A

Eterno e especial- B

Menina vestindo chita -C

chapéu e laço de fita -C

Ao modo tradicional. -B

Dalinha Catunda

2

Tem que ter meu São João

Respeitando a tradição

De maneira nordestina

Não faltar forró, xaxado

O povo bem animado

Enchendo todo salão.

Dulce Esteves

3

Tem que ter no meu são João

Traque chuvinha rojão

O baião xote xaxado

Brincadeiras na fogueira

Comidas lá da ribeira

Neste meu nordeste amado

Rivamoura Teixeira

4

Tem que ter no meu São João

Bom vinho quente e quentão

Milho cozido e assado

Uma quadrilha e forró

Canjica, doce e pão de ló

E um sanfoneiro arretado

Jairo Vasconcelos.

5

Tem que ter no meu São João,

Um toné "chêi" de quentão,

E "ôto" "chêi" de aluá .

Cachaça pra "meladinha",

Muié"bêba" e caipirinha,

Fogueira, forró, fuá...

Wellington Santiago

6

Araquém Vasconcelos

Tem que ter no meu São João

Velho tocando um baião

Puxando uma concertina

Um forrozim pé de serra

No chão batido de terra

Sob a luz da lamparina

Araquem Vasconcelos

7

Tem que ter meu São João

Quadrilha sem ter ladrão

E canções bem verdadeiras

É só Gonzagão seguir

Exemplo pra construir

Nas tradições pioneiras

Bastinha job

8

Euza Nascimento

Tem que ter no meu São João

Quadrilha e animação

A canjica e feijoada

Lá no lado da fogueira

Namoro na bananeira

No escuro da madrugada

Euza Nascimento

9

Tem que ter no meu São João,

Xote, xaxado e baião,

Pamonha e mucunzá,

Forró, quadrilha e fogueira,

Pra brincar a noite inteira,

Com quentão e aluá.

Joabnascimento

10

Tem que ter no meu São João

Fogueira e muito baião

Pra animar tanto xodó

Menina e água de cheiro

Atraindo o forrozeiro

Pra dançar forrobodó.

Vânia Freitas

11

Tem que ter no meu São João

A paçoca de pilão

E um bonito arrasta-pé ...

O casamento matuto

Com um padre resoluto

E os noivos sem terem fé.

Gerardo Pardal

12

Tem que ter no meu São João

As moças da região

E os rapazes da ribeira

Simulando o sacramento

Dum matuto casamento

Mesmo sendo brincadeira.

Joames Poeta.

13

Tem que ter no meu São João:

Bandeirolas e balão;

Forró, fogueira, poesia,

Vestido curto de chita,

Laço bonito de fita,

Caipirinha e simpatia.

Lindicassia Nascimento

14

Tem que ter no meu São João

Forró, xaxado e baião

O nosso tradicional

Quadrilhas se apresentando

E a cachaça rolando

Nas barracas do arraial.

Jerismar Batista

15

Tem que ter no meu São João

Novena, depois, leilão

A praça toda enfeitada

Em cada casa, fogueira

Um forró a noite inteira

E toda a gente animada

Creusa Meira

16

Tem que ter no meu São João

Aluá feito de pão

Bandeirinha e fogueira

Quadrilha improvisada

Mulher de saia rodada

Forró levanta poeira

Giovanni Arruda

17

Tem que ter no meu São João

Marinês e Gonzagão

Milho assado na fogueira

Uma sanfona afinada

Uma latada aguada

Pra não levantar poeira

Fabiana Gomes Vieira

18

Tem que ter no meu São João

Forró, xaxado, baião

O povo bem animado

Ter canjica, milho assado

Sob o som de Gonzagão.

Dulce Esteves

19

É uma noite encantada

Com o pessoal na calçada

O meu eterno São João

Dança em volta da Fogueira

Com quadrilha a noite inteira

Muita cachaça e quentão...

(Luiz Ferreira Lima Liminha)

20

Tem que ter no meu São João

Aluá e tem o quentão.

À noite, danço xaxado.

Afirmo que sou festeira,

Pois danço sem ter canseira.

Ainda encontro namorado!

(Rosário Pinto/RJ)

21

Tem que ter no meu São João

Um retrato do patrão

Meu São João o coco tem

Baião e coco de roda

Eu sigo a antiga moda

Na quadrilha do meu bem.

Nelcimá Morais

22

Tem que ter no meu São João

Fogueira também balão

O povo bem animado

Canjica não pode faltar

Para todos degustar

Como era no passado.

Ivonete Morais - Cordelista.

23

Tem que ter no meu São João

Bomba, traque e rojão

Comida típica à vontade

Uma fogueira queimando

E dois adultos brincando

"Se tomando por cumpade"

Aldemá de Morais

24

Conversa de Calçada Virtual, é um arremedo das rodas de conversa nas calçadas do interior. Poetas de variadas partes do Brasil puxam suas cadeiras e espontaneamente vão entrando na roda com seus versos.

Agradeço imensamente a todos vocês que se dispuseram a participar da brincadeira.

Informando: Dei uma arrumada em algumas estrofes que não estavam de acordo com a sextilha pedida. No caso a sextilha corrida.

Idealizadora e proponente,

Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

 

terça-feira, 20 de junho de 2023

Peleja de Dalinha Catunda com Dulce Esteves


Peleja de Dalinha Catunda

 com Dulce Esteves

1

O tempo está se passando

Eu já me sinto encalhada

Pois casamento não vem

Rezo pro santo, mas nada

Bem triste é a situação

Quem sofre é meu coração

Estou desorientada.

Dalinha Catunda

2

Não foi vacilo do Santo

Todos têm seu destino

Tu és feliz eu garanto

Larga desse desatino

Tens teu par muito amado

Que permanece ao teu lado

Sobre graças do Divino!

Dulce Esteves

3

Você não sabe a metade

Do que fiz para casar

Fiz até calo na mão

De tanto o terço rezar

Era tanta a minha pressa

Fiz novena fiz promessa

Sem o desejo alcançar.

Dalinha Catunda

4

Tu não fez a coisa certa

Dalinha minha querida

Não pegou com confiança

Que causou na mão ferida

Era pra ter mais cuidado

Pois o pau bem alisado

É vitória garantida

Dulce Esteves

5

Quando fui para Barbalha

Cubei bem o movimento

Com capricho e com cuidado

Eu fiz o procedimento

No pau do Santo peguei

Neste momento rezei

Nem sinal de casamento.

DalinhaCatunda

6

Não se lamente por isso

Deus te deu maior partido

Tu juntou tudo que tinha

Foi viver com teu marido

O destino traça plano

Á mando do Soberano

E depois só faz sentido.

Dulce Esteves

7

Me casei na igreja verde

Minha cama foi o chão

Juntamos nossas escovas

Foi sem documentação

E digo pro mundo inteiro

Arrumei um companheiro,

Mas casar? Me casei não!

Dalinha Catunda

8

Tu casou foi do teu jeito

Pelos matos de Barbalha

Mas, podes bater no peito

E dizer : Meu Deus me valha

Sou feliz pois, fiz bem feito

E posso bater no peito

Não casei com um canalha.

Dulce Esteves

9

Laço que dei foi bem dado

Não foi um mata leão

A minha chave de pernas

Segurou o cidadão

Seu fosse esperar o santo

Inda estava no meu canto

Implorando em oração.

Dalinha Catunda

10

Prendeu certo teu marido

Tu destes chave de perna

Amarrando do teu jeito

Pra deixar ela eterna

O " pobi " caiu no laço

No calor do teu regaço

Outra mulher não inferna.

Dulce Esteves

11

Foi o jeito eu dar meu jeito

Pois Santo Antônio não deu

Ficava só me enrolando

Casório não concedeu

Minha barriga crescendo

As fuxiqueiras dizendo

Essa aí já se perdeu.

12

Tu se deu foi muito bem

Pois, não ligue pra fuxico

É inveja desse povo

Que tu fez calar o bico

Quando nasceu teu rebento

Pelo Santo tava bento

E de bênçãos muito rico.

Dulce Esteves

13

A falação desse povo

Não parei para escutar

Peguei foi as minhas trouxas

E resolvi me juntar

Sem medo de sururu

Eu fui quebrando tabu

Pra poder me amancebar.

Dalinha Catunda

14

Pra falar de nossa vida

Não falta gente que fale

Mas, tu quebrou o tabu

Por amor , isso que vale

Deixa falar à vontade

Tu vive na liberdade

Que nada mais lhes abale.

Dulce Esteves

15

Com coragem conquistei

Essa minha liberdade

E para a língua do povo

Com toda sinceridade

Confesso nunca liguei

Sempre caguei e andei

Parara falar a verdade.

Dalinha Catunda

16

Tu tens razão de fazer

Não deve nada à ninguém

Foi cuidar da tua vida

E cuidasse muito bem

Povo tem língua ferina

Tu mostrou ser nordestina

Gigante tal qual um trem.

Dulce Esteves

17

Não consegui com o santo

O matrimônio sagrado

Mas faço bem meu papel

Mesmo sem papel passado

Para quem fala de mim

Vou logo dizendo assim:

É melhor ficar calado!

Dalinha Catunda

18

Para Deus teu casamento

Foi sagrado sim senhora

Mesmo sem ser no papel

Até hoje ainda vigora

Dando conta do recado

Desse nó bem arroxado

Tá seguro até agora.

Dulce Esteves

19

Eu cresci, multipliquei

Sem precisar de altar

Deus está em meu caminho

Sempre pronto a me ajudar

Sou movida por amor

Por isso Nosso Senhor

Não deixa de me amparar.

Dalinha Catunda

20

É verdade, tu tas certa

Por Deus és abençoada

Construiu tua família

Pela fé sempre guiada

Não precisa casamento

E pelo merecimento

Uma poetisa honrada.

Dulce Esteves

21

Se eu fosse esperar por Santo

Eu ficava no caritó

Ajoelhada rezando

Só para não ficar só

Desisti do casamento

Acabei com meu tormento

O santo não teve dó.

22

Você foi muito feliz

Nem de santo precisou

Tens uma linda família

Deus por certo autorizou

Ipueiras teu rincão

Solo sagrado...sertão

Então JESUS te casou.

Dulce Esteves

23

Nossa conversa foi boa

Dulce meu muito obrigada

Junto com minha família

Vou seguindo minha estrada

E com ou sem documento

Eu tenho meu casamento

Sou mulher abençoada.

Dalinha Catunda

24

Adorei toda essa prosa

Dalinha tu tens razão

Pra ser feliz só nos basta

Ter " amor " no coração

Isso nós temos de sobra

Nas rimas somos é cobra

Ninguém pode falar não.

Dulce Esteves

*

Uma peleja de Dalinha Catunda Com Dulce Esteves

Feita para o blog Cordel de Saia.

Proponente, Dalinha Catunda Idealizadora e administradora do blog.

dalinhaac@gmail.com

 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Feminicidio no primeiro cordel escrito por uma mulher

 O professora e poeta de Cordel, Maria Nelcimá Morais Santos apresenta para o mundo da pesquisa a história de Judith Jovithe das Neves. Faleceu no ano de 48 e deixou um cordel impresso numa tipografia da região, de sua autoria e sem usar pseudônimo. Natural de Sta Luzia PB. Cordel com 86 estrofes.


A primeira cordelista do Brasil

1

Judith Jovithe das neves

Em Santa Luzia nasceu

Era ainda uma mocinha

Quando um poema escreveu

Com um assunto extenso

E ela no seu bom senso

A tragédia descreveu.

2

Foi o ano 21

O ano do seu nascimento

Era uma moça vistosa

Com muito atrevimento

Atreveu-se no contar

E com garra foi passar

Pro nosso conhecimento.

3

“Leitor, ouvi fervoroso

Esta minha narração

Quero contar uma história

Que faz cortar o coração

De um crime que o bandido

Fez aqui no meu sertão”.

4

A história que essa moça

Resolveu nos descrever

Tem um teor jornalístico

Você pode perceber

Como pode uma jovenzinha

Caprichar no descrever?

5

“Foi no Riacho da Serra

Este quadro doloroso

Nunca aqui aconteceu

Um crime tão horroroso

Parece que este homem era

Um bárbaro vil criminoso”.

6

Vejam que a jovem Judith

Usa uma expressão avançada

“o bárbaro vil criminoso”

É pra uma pessoa estudada

Ela discorre o seu texto

Como pessoa informada.

*

7Quero mostrar para todos

O tamanho da sua grandeza

Como uma boa jornalista

E usando a sua franqueza

Em 84 estrofes

Descreve com muita leveza.

8

O seu cordel narra um caso

Dum casal de namorado

A família de Maria

 

Do rapaz não tinha gostado

E terminar o namoro

Foi por ela planejado.

9

Um dia disse ela a Lino

Eu estou desvanecida

Prometi casar-me contigo

Mas já estou arrependida

Pois não quero dar desgosto

A minha mamãe querida”.

10

“O rapaz ouvindo isto

Saiu pisando em brasa

Dizendo: aquela malvada

Com outro também não casa

Ou ela casa comigo

Ou então com minha mauza”.

11

A testemunha do crime

Era irmão da falecida

Uma criança indefesa

Que nada sabia da vida

O desfecho bem descrito

Foi por sua mente acolhida.

12

“ Quando ela ouviu disse:

Lino pelo amor de Deus

Não me fira, não me mate

Não termine os dias meus

Visto que nunca ofendi

Nem a você, nem aos meus.

13

“ Pode valer-se de tudo

De juiz e general

De Maria Imaculada

De Jesus no tribunal

Que não há santo que livre

Você do golpe mortal”.

14

Na estrofe 49

Ela começa a falar

Dos homens policiais

Que foram chegando lá

Da tristeza que envolveu

Todo aquele lugar.

15

Descreve como repórter

E grande especialista

Usa uma desenvoltura

De uma grande jornalista

Ela mostra expressões

Duma grande comentarista.

16

O tenente foi pra rua

Levando tudo em memória

Pra toda parte da história

Ele botou precatória

Não queria que o bandido

Ficasse contando a história.

*

A morte da inditosa Maria barbaramente assassinada por Lino Goiaba

17

Este é o único título

Que a cordelista deixou

Com 504 versos

Um rico poema formou

E a redondilha maior

Com leveza ela usou.

18

Nas estrofes de setilhas

Que ela resolveu usar

Vemos a forte cadência

Da poesia popular

Usando com maestria

O erudito e o popular.

19

Judith Jovithe Neves

Muito jovem faleceu

Casou em 46

E em 48 morreu

Deixou pra vida um filhinho

Que sem sua mamãe cresceu.

20

No final dos anos 30

Segundo uma informação

Ela escreveu o cordel

E nem tinha a noção

Que seria a primeira

Mulher em publicação.

21

Na estrofe 86

O seu nome vem falar

Naquele tempo se sabe

Mulher não podia publicar

Cordel era coisa de homem

Mas mesmo assim vem provar.

22

“Judith Jovithe das Neves

Que compoz esta história

Está mostrando um exemplo

Guardaremos na memória

Principalmente as mães

De muitas mocinhas dagora”.

 

Nelcimá Morais

Novembro de 2022

Postagem de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com