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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

O CRAVO E A ROSA E A LEI MARIA DA PENHA - Dalinha Catunda

O CRAVO E A ROSA

E A LEI MARIA DA PENHA

1

“O cravo brigou com a rosa

Debaixo de uma sacada

O cravo saiu ferido

E a rosa despedaçada.”

2

O cravo se esqueceu

Que o mundo tinha mudado

A rosa mostrou pro Cravo

O sol nascendo quadrado.

3

O cravo brigou com a rosa

E deu uma de machão

A Rosa bem-preparada

Tomou uma decisão.

4

A Rosa falou pro Cravo

Que nela baixou a lenha

Agora você vai ver

A lei Maria da Penha.

5

Do Cravo não teve pena

Do Cravo não teve dó

Correu pra delegacia

Para fazer um BO.

6

O Cravo metido a macho

Ganhou sua punição

Depois de bater na Rosa

De algemas foi pra prisão.

7

A Rosa que não queria

Ser uma flor infeliz

Foi logo cortando o mal

Direto pela raiz.

8

O Cravo pagou fiança

Voltou para o seu jardim

A Rosa muito sentida

Lhe disse não toque em mim.

9

O Cravo arrependido

Queria sua Rosinha

Porém ela magoada

Queria viver sozinha.

10

O Cravo andava triste

Que dava pena de ver

Da besteira que ele fez

Chegou a se arrepender.

11

Pedia perdão a rosa

Mas ela não aceitava

Por ter sido violento

A Rosa lhe desprezava.

12

De tanto o Cravo insistir

A Rosa acabou cedendo

Agora se vê o Cravo

Por ela se derretendo.

13

O Cravo ficou contente

A Rosa também ficou

A Lei Maria da Penha

O Cravo regenerou.

14

O Cravo pediu arrego

Andava de fazer dó

Agora voltou pra casa

E cuida até do totó.

15

O Cravo entrou na linha

E hoje é um bom Sujeito

Aprendeu que a mulher

Também tem o seu direito.

16

Mamãe contava uma história

Escutem bem, por favor,

Não se bate na mulher

Nem mesmo com uma flor.

Dalinha Catunda

*

CIRANDA DO LIVRO

1

Ciranda cirandinha

Vamos todos cirandar

Na cirandinha do livro

Venha seu verso cantar.

2

O livro é bom companheiro

Que me traz grande emoção

Cada página que leio

Aprendo nova lição.

3

O livro além de parceiro,

É portador do saber

Faz viagens encantadas

Quem gosta muito de ler.

4

As histórias mais bonitas

Que eu li quando em criança

Foi de Monteiro Lobato

Inda guardo na lembrança.

5

No livro se aprende tudo

Sempre ouvi alguém dizer

Pensando em ter mais cultura

Nunca vou deixar de ler.

6

Na cartilha de ABC

Aprendi o Be-a-bá

Aprendi juntar as letras

Aprendi a soletrar.

7

Quem quiser conhecimento

E ter saber com fartura

Não se esqueça de pegar

No seu livro de leitura.

8

Para ficar informada

Leia revista e jornal

Fonte de informação

P’ra quem quer ser atual.

9

No livro se encontra tudo

Tem verso e prosa também

Apostando na leitura

Você pode ir além.

10

Quem quiser ser competente

Quem quer ter sabedoria

Faz do livro de leitura

Seu dever de cada dia.

11

O livro é com certeza

Do saber a maior fonte

É lendo que se consegue

Vislumbrar novo horizonte.

12

O livro é um bom presente

É portador de cultura

Viva o dia do livro          

Viva quem saber procura.

13

Trate o livro com carinho

Trate o livro com amor

Pois na estrada da vida

Ele é mestre é professor.

NOTA DA AUTORA

Este folheto não é, exatamente, um cordel.
É composto por duas paródias das quais sou autora.
E que foram feitas/criadas para animar minhas apresentações em eventos.
A primeira, fala da violência contra a mulher - na cantiga: “O Cravo Brigou com a Rosa.”

O título que dei para a paródia foi: O Cravo Brigou com a Rosa e a Lei Maria da Penha; e, a segunda é um incentivo à leitura: A Ciranda do Livro, que foi criada no ritmo da Ciranda Cirandinha, tradicional cantiga de roda.
A ideia de editar o folheto, é para que ele seja usado nas rodas de versos em interação com os participantes de Encontros e Oficinas.
Dalinha Catunda
Rio de Janeiro, outubro de2023

 

Título do Folheto:

O CRAVO BRIGOU COM A ROSA

E A LEI MARIA DA PENHA

dalinhaac@gmail.com

 

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Natal é tempo de festa por Creusa Meira


 Natal é tempo de festa

De confraternização,
O espírito de união
Em todos, se manifesta.
Este clima me empresta
A energia e me comovo,
Festejando com o povo
O momento especial,
A todos, feliz natal
E um próspero ano novo!
Hoje eu tenho a compreensão
Que, pra permanecer viva
Esta data tão festiva,
Celebrando a união,
Há de haver mais inclusão,
Mais Amor, mais humildade,
Mais respeito, dignidade
No trabalho, lar, lazer.
Que o ser suplante o ter
Num ambiente de igualdade.
Que a tal fraternidade
Comova os seres humanos,
Para que tracem seus planos,
Tendo a solidariedade
Como uma modalidade
De viver em harmonia.
Que a música e a poesia
Enterneçam os corações
Tão amargos de ambições,
Irradiando alegria.
Para falar de Natal
Eu viajo ao Sertão,
Em tempos que longe estão
Da minha vida atual,
Nunca vivi época igual,
Com tamanha intensidade.
E toda a simplicidade
Dessa comemoração,
Tão repleta de emoção,
Era o Natal de verdade.
Quando chegava dezembro,
O clima logo mudava,
A cidade se enfeitava,
Numa euforia, me lembro
Em cada casa, um membro
Da família a montar
O presépio e ornamentar,
Com os devidos personagens,
Morros com belas paisagens
E a lapinha singular.
Todos iam visitar
O presépio do vizinho,
Não havia queijos, vinho,
Na data a comemorar.
Tinha a beleza no ar,
Elevando o sentimento
Do grande contentamento
Em louvar o Deus Menino,
Esse ser gentil, divino,
No dia do nascimento.
Formando um lindo coral,
Homens, mulheres, crianças
Saíam nas vizinhanças
Nessas noites de Natal,
Com um cântico especial,
Que toda a cidade ouvia.
No presépio, com Maria,
José, Reis Magos, pastores,
Todos rendendo louvores
Ao menino que nascia.
O canto se repetia
Na véspera do ano novo.
E novamente o povo
À cidade comovia,
Espalhando a energia
Do Natal que já passava.
Quando o ano terminava,
Era grande a esperança,
Nos olhares, confiança
No outro que começava.
Os festejos animados
Dessa época natalina
Seguiam sua rotina
No ano novo e reisados,
Todos bem organizados
Com beleza e harmonia.
Dentro de casa já ouvia
A chegada dos reiseiros,
Cantando ternos inteiros
Para o filho de Maria.
Revivendo essa magia
Que tanto me encantou
Nesse tempo que passou,
Hoje eu sinto nostalgia.
Mas me encho de alegria
E a tristeza em mim, removo,
Com os versos que promovo
Um singelo recital,
A todos, Feliz Natal
E um próspero ano novo!
Creusa Meira
postagem de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

domingo, 24 de dezembro de 2023

Meu soneto de Natal por Bastinha Job


 Meu soneto de Natal

Festejar Natal não é tão somente
trocar cartão , se mandar presente
oferecer ceia rica e lauta
se o espirito natalino falta:
"Feliz Natal," se ouve a cada instante
e o nosso próximo fica mais distante,
e, do natal, o seu real sentido
Vai sendo ,a cada ano esquecido....
E Deus que, por nós deu sua vida
só queria ver a humanidade unida,
Que presente pra seu aniversário ;
Mas dessa forma tão material
que o homem tem pra festejar o Natal
seu presente pra Deus: outro calvário!
Bastinha Job
postado por Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A História de Santa Luzia por Nelcimá de Morais


 

O MARTÍRIO DE UMA VIRGEM

.

Vou falar de uma virgem

Que muita história deixou

História de vida e fé

De sofrimento e de dor

Conto orgulhosa e atenta

Tudo o que a moça passou.

 

Luzia foi uma jovem

Que através da humildade

Foi proclamar ao Deus vivo

Vivendo em castidade

Com amor pelos humildes

Praticando a caridade.

 

Essa moça, virgem, mártir

No mundo é venerada

Nasceu no século III

E desde lá cultuada

Na cidade Siracusa

Uma cidade paganada.

 

O mundo inteiro conhece

A história de Luzia

Viveu no sul da Itália

E todo mundo sabia

Do seu exemplo de fé

Do bem que a todos fazia.

 

De família nobre e rica

Que grande herança deixou

Foi órfã aos quatro anos

Muita educada ficou

Naquela comunidade

Paganismo dominou.

 

No meio do paganismo

A menina recebia

Educação primorosa

Daquele que transmitia

Belas lições de amor

E Luzia obedecia.

 

Vivendo com a sua gente

Luzia então percebeu

A distância separando

Seus irmãos e resolveu

Entregar a Deus o corpo

E o espírito puro seu.

 

Preferindo a castidade

Uma refletida opção,

Tão lúcida e espontânea,

Pra dedicar-se a oração,

Servir aos necessitados,

Vivendo à contemplação.

 

Jovem muito desejada

Que despertou a nobreza

Pelos bens materiais

Tão grande a sua riqueza

Seria uma noiva ideal

Mas preferiu a pobreza.

 

Concretizando sua fé

A virgem Luzia pediu

Uma cura pra sua mãe

E grande luz ela viu

No túmulo de Santa Águida

O milagre ali surgiu.

 

Depois do grande milagre

A sua mãe que queria

Seu casamento pagão

Agora não exigia

Respeitava convicção

Da jovem filha Luzia.

 

Seu dote bem desejado

A mãe Luzia pediu

Que a ela fosse dado

Porque Luzia preferiu

Distribuir com os pobres

E Luzia conseguiu.

 

A notícia se espalhou

E a virgem bem sabia

Perseguição e vingança,

Martírios a perseguia

O jovem, seu pretendente,

Esperança ainda nutria.

 

O jovem inconformado

Em ódio se transformou

Sua vontade de casar

Porque a paixão levou

Ao desejo de vingança

E a virgem denunciou.

 

Por vários crimes, Luzia

Ao poder denunciada

Não aceitou se casar

Por ser cristã confiada

Adorava um Deus estranho

E ensinamento pregava.

 

Pregavam os ensinamentos

De Jesus, o Salvador,

Contra aqueles poderosos

E dos humildes a favor

Em detrimento dos deuses

Nacionais, que horror!

 

Aí começou, então,

Caminho do sofrimento,

Do martírio e da sentença,

Também do seu julgamento

Luzia só testemunhava

E não se ouvia lamento.

 

Com a sua convicção

De jovem denunciada,

Porém segura de si

Ao tribunal foi levada

Sobre sua confirmação

A virgem foi perguntada.

 

O juiz que era pagão

Por sangue estava sedento

Julgar com severidade

O homem estava querendo

Pro imperador agradar

Aproveitando o momento.

 

No meio do interrogatório

Esse juiz ordenou

Sua adoração aos deuses

Nacionais, com amor

E o casamento aceitasse

Luzia não se intimidou.

 

Resposta firme e altiva

Ela dirigiu aos seus

Dizendo que não faria

―Adoro a um só Deus,

Prometi fidelidade,

Vou cumprir os votos meus.

 

O juiz ensandecido

Luzia ameaçava

Dando sequência ao processo

Ele a virgem intimidava

Com o seu imenso ódio

Que irado a torturava.

 

Ameaçada de estupro

Mas firme na decisão

Queria sempre ser casta

Pra sua santificação

Templo do espírito Santo

Era assim seu coração.

 

Luzia disse ao juiz:

―Meu Deus não vai me julgar

Se à força oferecer

Incensos para adorar

Aos ídolos, sem vontade

Para os homens agradar.

 

Foi dando provas de fé

Que a virgem confiou

Numa proteção divina

Ao juiz desafiou

Uma mensagem de Paulo

Pr’aquele homem citou.

 

O “Tudo posso Naquele

Naquele que fortalece”

Dito pela virgem Luzia

Pr’aquele homem parece

Causou ainda mais ira

O homem quase enlouquece.

 

O seu nobre pretendente

Que a tudo assistia

Fez uma outra tentativa

Para convencer Luzia

Dava outra oportunidade

Casar com ela queria.

 

Fez-lhe muitos elogios

Falou da convicção,

Enalteceu sua beleza,

E de anjo a sua feição,

Do seu olhar a pureza,

De fiel o coração.

 

A legenda popular

Narra a sua decisão

De arrancar os seus olhos

Pra oferecer ao então,

Jovem fidalgo e ao mundo

Causando admiração.

 

Contam ainda de outros olhos

Que em Luzia surgiram

Mais perfeitos e radiantes

No seu rosto todos viram

Que era Santa, acreditaram

E isso não omitiram.

 

A virgem foi resistindo

A investida jogada

Com sua superioridade

Que por Jesus foi lhe dada

Mas piche, azeite e resina

No seu corpo foi jogada.

 

Fizeram grande fogueira

Do seu corpo padecido

Subiram as labaredas

Mas Luzia, tenho lido,

Saiu ilesa da fúria

Daquele povo perdido.

 

Demonstrativo de fé

Dessa jovem sofredora

Que quando de olhos fechados

Era uma boa oradora

Chamava sempre por Deus

Da Palavra uma cumpridora.

 

O juiz com grande raiva

Ao seu soldado ordenou

A morte da virgem Santa

Que na história ficou

Atravessando uma espada

No seu pescoço, a matou.

 

Era 13 de dezembro

Do ano 303

Luzia deixava o mundo

E muita falta ela fez

Deixou como ensinamento

Exemplo de fé, altivez.

 

Na cidade Siracusa

Seu corpo foi sepultado

E para Constantinopla

Bem depois foi transportado

À Imperatriz Teodora

Esse corpo foi doado.

 

A virgem de quem eu falo

É a nossa Santa Luzia

Que belo exemplo de fé

Nessa donzela se via

Fazer homenagem a ela

Há muito tempo eu queria.

 

(Nelcimá de Morais)

postado por Dalinha Catunda

administradora do Cordel de Saia

dalinhaac@gmail.com