A Peleja
de Chiquinha do Cariri com Nanã de Princesa
*
Dalinha e
Josenir
*
Foi na
fazenda beleza
Do
compadre Zé Roberto
Que se
deu essa peleja
E a musa
estava por perto
E neste
bate e rebate
Tinha
mulher no combate
Jogo
limpo e descoberto.
*
Dalinha e
Josenir
*
O evento
foi aberto
Pela Nanã
de princesa
Chiquinha
do Cariri
Botou as
cartas na mesa
A
comporta foi quebrada
E os
versos feito enxurrada
Desceram
na correnteza
*
Dalinha e
Josenir
*
Então Nanã de
Princesa
Afinou sua viola
Chiquinha do
Cariri
Coçou aflita a
cachola
Com as palmas de
alegria
Começava a
cantoria
Que agora se
desenrola:
*
NP
Sou Nanã,
segure a bola
Moro bem
longe daqui
Vim
disposta a pelejar
Sou braba
feito um siri
Sou rima
solta na língua
Verso que
brota e não míngua
Sou
veneno de tingui.
*
CC4
Chiquinha do
Cariri
É o meu nome de
guerra
Não sei o que é
sobrosso
Nasci lá no pé
da serra
Fazer verso é
minha sina
Meu repente é
carabina
Que aponta,
atira e não erra.
O bom
cabrito não berra
Mas eu
não vou me calar
Se seu
tiro é certeiro
Pode o
dedinho apertar
Pois
também sou nordestina
Quando
aponto a Lazarina
Faço até
mudo falar.
CC6
Confesso, não vou negar
Já conheço a sua fama
Por isso vim preparada
Pra mudar o panorama
Hoje eu vou botar é quente
Seu diploma de valente
Eu vou atolar na lama.
NP7
Pode
mudar seu programa
Vou
baixar é o chicote
No laço
do meu repente
Eu lhe
agarro no pinote
Se você
tentar fugir
Eu não
sou de agredir
Mas lhe
pego a cocorote.
CC.8
Você não pode com o pote
Por isso solte a rodilha
Não queira desmantelar
A rota da minha trilha
Quanto mais você me ataca
Sua luz fica mais fraca
E mais forte a minha brilha.
NP.9
Eu não sou movida a pilha
Me poupe de atrevimento
Eu tenho o brilho da lua
Brilho até em pensamento
Pelo que sei e que acho
Sua luz tem pouco facho
Este é seu maior tormento.
CC 10
Seu ego não alimento
Apelar não adianta
Pois cada verso que eu digo
O povo aplaude e se espanta
E você nessa agonia
Encarando a cantoria
Só pra garantir a janta.
NP.11
Chiquinha eu não sou anta
E sei dar o meu recado
O café eu já ganhei
Tenho almoço assegurado
E você cantando aqui
Só ganha para o pequi
O povo tem me falado.
12 CC
Meu talento é comprovado
E ouso até comparar:
Sou avião sem motor
Que se sustenta no ar
Sou o ás da Seleção
A fama de Felipão
O chute a gol de Neymar.
NP. 13
Pra rimar e pra jogar
Tenho grande aptidão
Fui comparada a Pelé,
A garricha e a Tostão
Antes de ser repentista
Na vida futebolista
Atuei na seleção.
CC 14
Lembrança é
ilusão
É sonho que se escondeu
Vamos falar de presente
De sucesso e apogeu
Do tempo atualizado
Pois quem vive de passado
É antiquário e museu.
NP. 15
O presente me envolveu
No mundo da cantoria
Em Juazeiro ganhei
Do povo que competia
Tirei Ismael Pereira
João e Pedro Bandeira,
Enquanto Vandinho ria.
CC. 16
Este
feito eu não sabia
Me causou
até espanto
Pois aqui
no Cariri
Eu nunca
escutei seu canto
Pra
desbancar esses três
Terá que
aprender francês
Latim,
russo e esperanto.
NP. 17
Eu
entendo seu espanto
Por isso
lhe dou razão
O grande
acontecimento
Abalou
minha emoção
Pois
nessa grande jornada
Do sonho
fui acordada
Por
“Padim Ciço” Romão.
18.CC
Pela sua reação
Botou água na
fervura
Porém digo agora
é tarde
Pois encontra
quem procura
Das promessas
não esqueça
Tire o verso da
cabeça
Mostre o jogo de
cintura.
NP. 19
Se prometi, criatura,
Não vou lhe deixar na mão
Já comprei sua vassoura
E também o caldeirão
Pra cumprir o prometido
Só falta agora o vestido
E os produtos da poção.
CC.20
Você só
tem invenção
Da infuca faz estudo
Dispenso a sua vassoura
Pois me sobra conteúdo
Não preciso de magia
Porque um anjo é meu guia
E Deus meu maior escudo.
NP. 21
De Deus
eu nunca desgrudo
Sou beata
em romaria
Sou
batizada e crismada
Também
filha de Maria
No Santo
de Canindé
Deposito
a minha fé
Não vivo
de bruxaria.
CC22
Quer desviar da porfia
Porém na malha está presa
Tem violeiro querendo
Testar Nanã de Princesa
Piaba, Antônio Araújo
Marlon Torres, Zé Marujo
Querem ver sua destreza.
NP. 23
Chiquinha tenho nobreza
Sou a força do repente
Bato em Antônio Araújo
E deixo Marlon doente
Piaba é peixe miúdo
Ele abato no cascudo
Pro resto ficar temente.
CC. 24
CC. 24
Não fique
assim tão contente
Tem mais vates no roteiro
Já soube de Francinaldo
Aldemá, Silvio Grangeiro
Zé Joel e Agostinho
Capitão e Canarinho
Também Corró Ceboleiro.
NP. 25
Quando
entrei neste salseiro
O meu
nome correu chão
Acabo
batendo em todos
Só a Deus
peço perdão
Boto
tudim na sacola
E saio
com a viola
Sem medo
e sem compaixão
CC. 26
Você
"só quer ser o cão"
Vive adubando seu ego
Diz sempre que é a tal
Que vira a ponta do prego
Mas dizem ser afobada
Maluvida e malcriada
Que só um guia de cego.
NP. 27
Realmente
eu não sossego
Sou de
fato espevitada
Quando
entro na peleja
Baixo
mesmo a bordoada
Enfrento
destro e canhoto
Sem medo
do capiroto
Pois eu
sou da pá virada.
28.CC
Saio da sua
empreitada
Pois tenho pudor
alheio
Mulher enfrentar
mulher
Acho deprimente
e feio
Vou deixar algum
colega
Resolver essa
refrega
E assistir seu
aperreio.
29. NP
Dona Chiquinha
não creio
Nesta sua
desistência
Se eu fui muito
abusada
Me bote de
penitência
Mas mulher não
vá embora
Peço por Nossa
senhora
Tome outra
providência.
30.CC
Nanã,
aguarde a sequência
Pois foi fraca essa contenda
Vou lhe conceder um tempo
Pra que estude e aprenda
Topo um outro desafio
Mas bote gás no pavio
Ou desde agora se renda.
NP. 31
Minha
fama virou lenda
Eu não
sou de fraquejar
Revanche
eu lhe concedo
Vou botar
para quebrar
Chiquinha
vou lhe dizer
Quem
pensa que vai bater
Acaba por
apanhar.
32.CC
E vendo a
briga findar
Sem
vencedor ou vencido
Juramento
de outro embate
No
pensamento escondido
Com a
dupla agora calma
O povo
então bate palma
Contente
e agradecido.
*
Fim
Dalinha Amei ler muito bom gostei parabéns a vocês.
ResponderExcluirBeijos
Santa Cruz