PERSEGUIÇÃO DE UMA ÍNDIA NO PICO DO YAYU
Aqui em Santa Luzia
Existe um monte isolado
Indo para São Mamede
Ele fica bem dum lado
Dividindo as duas cidades
De YAYU é chamado.
*
YAYU é gigante
Um filho da natureza
Quem olha de bem distante
Vê quão grande é sua riqueza
Aqueles que passam ali
Admiram a sua grandeza.
*
Muitos índios lutadores
Ao teu lado batalharam
Vivendo com suas mulheres
Que a ele as confiaram
Redemoinho e tempestade
Nunca lhe incomodaram.
*
Gigante observador
Fitando o céu com ternura
Vem nos trazer emoção
Tanta beleza perdura
Mostre bem para os seus filhos
Essa tão bela figura.
*
Há uma lenda que diz
Das sílabas pronunciadas
Que formando YA YU
Duas podem ser contadas
Ditas por uma mulher
E até hoje lembradas.
*
Essa lenda ainda conta
Que era indígena a mulher
Fugindo de Teodósio
Por ser um branco qualquer
Correu em busca do morro
Que pra ela era um Pajé.
*
Ficou lá refugiada
Uma cabana construiu
E quando à procura d’água
Um dia a índia saiu
Não reparou que um branco
Bem de longe a perseguiu.
*
A índia foi perseguida
E quando foi alcançada
Diante dos traidores
Ela ficou acuada
Olhava sempre pro pico
Querendo ser abençoada.
*
Na subida desse monte
A índia não escapou
Sabia que ia morrer
E para o monte apontou
Fitando bem o seu pico
E YAYU exclamou.
*
YAYU foi um grito
No instante de sua morte
Era uma mulher anônima
Imaginamos seu porte
Seria uma linda história
Se ali houvesse um repórter.
*
YA seria advérbio
Depois de bem pesquisado
Significando ALI
E o YU estudado
Seria o “SER SUPREMO”
Dando esse resultado.
*
YAYU é um pico
Com muita interpretação
Seu Ademar pesquisou
Essa esquisita expressão
Pra ele seria ALI, DEUS!
Será que há tradução?
*
Aquela mulher indígena
Que ao sozinha ficar
Num morro bem desolado
Tivesse a procurar
O mistério do YU
Para uma história deixar.
*
Talvez dentro dela houvesse
Muita pergunta a fazer
Por que essa destruição
De sua gente ao querer
Viver com honestidade
Sem a ninguém ofender?
*
Para aqueles bárbaros brancos
Muito queria dizer
Que destruíram sua gente
Sem mesmo a ninguém temer
Que ali estava DEUS
O GRANDE E SUPREMO SER.
*
Por isso digo a vocês
De tanta interpretação
Essa é mística e inspirada
Parece na solidão
Na imponência do morro
Caracterizando a impressão.
*
Mostro aqui mais um estudo
Dum grande pesquisador
De José Elias Borges
Um profundo conhecedor
Dos topônimos indígenas
Dessa estória um sabedor.
*
Ele decifra outra coisa
Do YAYU uma tradição
Diz que é morro espinhoso
Mostrando convicção
Mas o que importa é que a lenda
Envolve a população.
Nelcimá Morais - 2007
*
Nelcimá de Morais é professora e poeta de cordel.
Pertence As Mulheres do Cordel, do Cordel de Saia
Postagem de Dalinha Catunda para o Cordel de Saia
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