CONVERSA DE
CALÇADA VIRTUAL - XII
0
Sertanejo sente falta
Dos costumes do sertão.
De se sentar à tardinha,
Lá na sombra do oitão,
Para contação de história.
A saudade, é sim, notória!
Nem venha dizer que não.
1
Sinto falta
do penico,
Que
encurtava a estrada,
E do galo
que cantava
No meio da
madrugada.
Da piscada e
do coió,
E do flerte
no forró,
Que
terminava em Cantada.
Dalinha
Catunda
2
Tantas
saudades que tenho
Do meu tempo
de criança
Minhas idas
pro engenho
Nunca me sai
da lembrança
Essa dor é tão
ingrata
Cada vez ela
retrata
Desde quando
usa trança .
Dulce
Esteves
3
Badalar
"chucái" tampado ;
Bulir
"cum" dedo a sirene ;
O blén-blém
da capelinha,
No sino de
dona Irene.
Baticum
pisano "mie",
Muié sentada
"cum" " fie",
Na lata de querosene.
Wellington
Santiago
4
O meu sonho
de criança
Deixei lá no
meu rincão
Para seguir
os ditames
Do meu
próprio coração
Buscando
fama e vitória,
Mas sucesso,
fama e glória
Não passam
de uma ilusão.
(Joames).
5
Ah, se
pudessem voltar
Na calçada,
as cadeiras
E na roda de
família
Contar
causos e asneiras
As fofocas
mais recentes
Dos vizinhos
e parentes
Gargalhando
a noite inteira
Giovanni
Arruda
6
Saudade das
brincadeiras
De bilro,de
amarelinha,
Pular corda
na calçada
De conversar
co'a vizinha;
Nada disso
mais existe
Só a Saudade
persiste
Do tempo bom
que eu tinha.
Bastinha Job
7
Sou de
fibra, nordestina
Qualidade
que protejo
Trabalhando
sol a sol
No Sudeste
aqui pelejo
Não fugi de
minha terra
Sou
sertanejo da serra
Da serra sou
sertanejo .
Zé Salvador
8
Naquela casa
de taipa
Deixei a
rede esticada,
Vovó
torrando café,
Vovô comendo
coalhada,
Um barrão
escramuçando
E um
vaqueiro cantando,
Ajuntando a
bezerrada.
Anilda
Figueiredo
9
Terço na
casa de vó
Todo dia era
sagrado
A rotina era
fiel
A Jesus
crucificado
Seguíamos
sem embaraço
No tempo
ficou o traço
Do nosso
santo passado.
Vânia
Freitas
10
Eu queria
que voltasse
O que vivi
no sertão
A turminha
reunida
Nas debulhas
de feijão
Tinha o
momento fiel
Pra papai
ler um cordel
E exaltar a
tradição.
Rivamoura
Teixeira
11
Vou fazer
uma viagem
Pra as
bandas do meu passado
Lá no tempo
da moagem
Em que me
via melado
Com o melaço
da cana
Este foi um
tempo bacana
Que deixou
grande legado...
Gerardo
Carvalho Pardal
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Saudades das
brincadeiras
De Roda,
adivinhação
Tô no poço e
anel
Nas festas
de renovação
Saudades que
faz doer
Nunca vou me
esquecer
Guardarei no
coração.
Lucia Luna
13
Recordo vovó
limpando
A fornalha
do fogão
Mascando
fumo de rolo
Eu sentado
no pilão
Acendia o
fogo ligeiro
Com lenha de
marmeleiro
Já com o
papeiro na mão...
Jairo
Vasconcelos.
14
Sinto falta
do cinema
Do carrinho
e do pião
Do parque
boa esperança
E da subida
do balão
Do coreto lá
da praça
Do trem
soltando fumaça
Chegando na
estação.
Jerismar
Batista
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Uma setilha
não dá
Para narrar
a lembrança
Das noites
de São João,
No meu tempo
de criança,
Dos
presépios no Natal
E a alegria
no coral
Do reisado e
da festança.
Creusa Meira
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Tinha o dia
do purgante
Ao raiar da
madrugada
De um óleo
repugnante
Numa porção programada
Da qual
ninguém escapava
E que a
mamãe obrigava
Ou levava
chinelada.
José Walter
Pires
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Sinto falta
das crianças
Tranquilas
na sua escola
Do campinho
improvisado
Onde se
jogava bola
Do abença
mãe, bença pai
Vitamina
vitasay
Das bolachas
na sacola.
PAULO FILHO
18
São João do
Jaguaribe CE
Responder2 d
Araquém
Vasconcelos
Sinto falta
do reisado
Das festas
de São Gonçalo
Do forrozim
pé de serra
Até o cantar
do galo
Do berro
forte do gado
E do
vaqueiro encourado
Galopando em
seu cavalo
Araquem
Vasconcelos
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Sinto falta
das carreiras,
Ao brincar
de garrafão,
Das apostas
com castanhas,
De soltar o
meu pião,
Olho do
peixe arrancar,
Uma bola pra
jogar,
De tecar
bila no chão.
Joab
Nascimento
20
Sinto falta
dos terreiros
Do meu tempo
de criança
E do pé de
juazeiro
Onde, a
sombra, uma bonança,
Eu e uma
prima minha
Brincávamos
de casinha.
Tempo cheio
de esperança.
Chica Emídio
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Das delícias
que mamãe
Preparava no
fogão
Numa panela
de barro
Que saboroso
feijão!
E também dos
meus brinquedos
E animados
folguedos
Das noites
de São João.
Mana
Cardoso,
22
Nasci na
simplicidade,
Num ambiente
gostoso,
Meio pacato
e feliz
De espírito
generoso.
Entre o
terreiro e a rua,
Ouvia em
noite de lua
Às histórias
de Trancoso.
Pedro
Monteiro
23
Edição do:
Conversa de Calçada Virtual?
Basta uma
setilha de cada poeta ou poetisa, para nossa Ciranda de Versos,
falando do
que ficou no seu rincão e hoje sente falta.
*
Exemplo de setilha
*
Sertanejo sente falta(A)
Dos costumes do sertão. (B)
De se sentar à tardinha, (C)
Lá na sombra do oitão, (B)
Para contação de história. (D)
A saudade, é sim, notória! (D)
Nem venha dizer que não. (B)
*
Meu
abraço, meus parabéns e meu muito obrigada a todos.
Gostei
muito do resultado.
Proponente e
coordenadora: Dalinha Catunda.
dalinhaac@gmail.com
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