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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Literatura de Cordel no Carnaval do Salgueiro 2012

 A vermelha e branca tijucana vai levar para a avenida o enredo "Cordel Branco e Encarnado", de autoria de Renato Lage e Márcia Lage.Sinopse do enrredo escrito em versos de cordel.
Salgueiro 2012
(Cheio de poesia, imaginação e encantamento)

Minha "fia", meu senhor
Deixa eu me apresentar
Sou poeta e meu valor
Vai na avenida passar
Basta imaginação
Um "cadim" de inspiração
Que eu começo a versar

Vou cantar a minha arte
Que nasceu bem lá distante
Num lugar que hoje é parte
Da nossa origem errante
Vim das bandas da Europa
Nas feiras, a boa trova
Era demais importante!

Foi assim que o mar cruzei
Na barca da encantaria
Chegou por aqui um Rei
Com bravura e poesia
Carlos Magno e o os doze pares
Desfilando pelos mares
Da mais real fidalguia

E veio toda a nobreza
Que um dia eu imaginei
Rainha, duque, princesa
E até quem eu não chamei:
Um medonho de um dragão
Irreal assombração
Dessa corte que eu sonhei

Também tem causo famoso
Que nasceu lá no Oriente
De um tal misterioso
Pavão alado imponente
Que cruza o céu de relance
Dois jovens, e um só romance
Vencendo o Conde inclemente

Todas essas histórias
Renasceram no sertão
Onde vive na memória
O eterno Lampião
E não houve um brasileiro
Que de Antônio Conselheiro
Não tivesse informação

Pra viajar no meu verso
É preciso ter "corage"
Vai que um bicho perverso
Surge que nem "visage"?
Nas matas sertão afora
Lobisomem, caipora
Que medo dessas "image"!!

Pra findar esse rebuliço
Rezar é a solução!
Valei-me meu "padim" Ciço!
Vá de retro, tentação!
Nossa Senhora eu não quero
(Tô sendo muito sincero)
Cair nas garras do cão!

E não é que meu santo é forte?
Cheguei ao céu divinal
É tamanha a minha sorte
A minha vitória afinal
É cantar com alegria
Fazer verso todo dia
Na terra do carnaval

Ao ver chegar a tal hora
Da minha "alegre" partida
Saudade, palavra agora
Tem posição garantida
Mas não se avexe meu irmão
Que hoje a coroação
Acontece é na avenida

Pois eles hão de herdar
Todo esse sertão sonhado
Monarcas que vão reinar
Na corte do Sol dourado
Poetas de tradição
Recebam de coração
Um cordel Branco e Encarnado

E agora eu vou sem medo
Fazer festa "de repente"
Vai nascer um samba-enredo
Pra animar toda a gente
Afinal, não sou melhor
Muito menos sou pior
Só um poeta diferente!

*
Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural

Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello
Recebi por e-mail, enviado por Victor Alvim ( O cordelista Lobisomem) que afirma  que no sábado dia 18 de junho teremos em nossa plenária na ABLC a Diretoria Cultural do Salgueiro.
 

5 comentários:

  1. Fico muito feliz cada vez que a cultura nordestina é lembrada e divulgada em outras regiões do país. Ser tema do samba enredo de uma escola de samba do Rio de Janeiro é o máximo, então.
    Mas gostaria de fazer duas pequenas obsrvações.
    1 - Sei que a função do sambista não é fazer cordel... Eles têm um estilo próprio, mas não dá para engolir versos desmetrificados e a palavra EUROPA rimando com TROVA.
    2 - Lindíssima a logomarca da ESCOLA. Vi que usaram xilogravuras de DILA e COSTA LEITE para compor o conjunto. Já que perguntar não ofende, me digam:
    - Mestre Dila e José Costa Leite receberam alguma coisa de DIREITO AUTORAL?
    Sim, porque o carnaval é um negócio altamente lucrativo, então não custa nada deixar uma ou duas moedas pingarem na cuia do ceguinho cantador de feira.

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  2. Fico cada dia dia mais radiante com essa frequente inserção da literatura de cordel no cotidiano da cultura popular brasileira. Independente das métricas - que aos poetas e estudiosos - cabe esclarecer. A questão autoral é de extrema relevancia, como bem indaga nosso Cancão de Fogo. Afinal, é isto : CARNAVAL É UM GRANDE NEGÓCIO! e o poeta de cordel ainda está (financeiramente) em dificuldades. De toda forma, VALEU!!! Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
    Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello
    Obrigada Victor Alvim (Lobisomem) por essa remessa. Estou ESTOURANDO!!!!!
    Abraços,
    Rosário Pinto

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  3. Dalinha Catunda disse...

    Eu gostaria muito de entrar neste "quase" debate mas estou sem tempo para elaborar um bom texto. Com a permissão do meu amigo Allan Sales quero citar parte de um texto dele que eu assinaria embaixo com letras garrafais: "Conheço muito cordel e cordelistas contemporâneos de qualidade, embora reconheça que andei lendo muita bobagem, coisas sem o menor apuro técnico, assim como coisa com apuro técnico isenta de poeticidade, poesia é algo muito além de métrica e rima. O cordel, como tudo neste mundo é contextualizado."
    Parabéns ao Salgueiro pela escolha. O que eles mostram é apenas um apiritivo do que poderá vir. Ou alguém acha que no Salgueiro não existe cabeça pensante? Que eles não irão se informar e fazer uma festa como manda o figurino?
    Dalinha Catunda

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  4. À Diretoria do G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro

    O meu nome é Sávio Pinheiro, sou médico, cordelista, cearense, e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Achei o samba-enredo de vocês muito bom, e, apesar, do samba não exigir um perfeccionismo na métrica, achei que fizeram um trabalho de boa qualidade. Com o intuito apenas de contribuir e participar deste momento histórico, ouso sugerir algumas opiniões na letra do samba, sem, em nenhum momento, modificar o seu sentido, em nome desta arte centenária, que é a Literatura de Cordel. Sucesso na organização deste magnífico evento.



    Minha filha, meu senhor,
    Deixa eu me apresentar
    Sou poeta, e o meu valor,
    Vai, na avenida, passar
    Basta imaginação,
    Um pouco de inspiração,
    Que eu começo a versejar.

    Vou cantar a minha arte,
    Que nasceu bem lá distante
    Num lugar que hoje é parte
    Da nossa origem errante
    Vim das bandas da Europa
    Nas feiras, trazendo a tropa.
    Era demais importante!

    Foi assim, que, o mar, cruzei
    Na barca da encantaria
    Chegou por aqui um Rei
    Com bravura e poesia
    Carlos Magno e o os doze pares
    Desfilando pelos mares
    Da mais real fidalguia.

    E veio toda a nobreza
    Que um dia eu imaginei
    Rainha, duque, princesa
    E até quem eu não chamei:
    Um medonho de um dragão
    Irreal assombração
    Dessa corte que eu sonhei.

    Também tem causo famoso,
    Que nasceu lá no Oriente,
    De um tal misterioso
    Pavão alado imponente,
    Que cruza o céu de relance
    Dois jovens, e um só romance
    Vencendo o Conde inclemente.




    E todas essas histórias
    Renascem lá no sertão,
    Onde vive na memória
    O eterno Lampião
    E não houve um brasileiro,
    Que de Antônio Conselheiro
    Não tivesse informação.

    Pra viajar no meu verso
    É preciso ter coragem
    Vai que um bicho perverso
    Surge que nem uma imagem
    Nas matas, sertão afora,
    Lobisomem, caipora,
    Que medo dessa visagem.

    Pra findar o rebuliço
    Rezar é a solução!
    Valei-me meu "padim" Ciço!
    Vá de retro, tentação!
    Nossa Senhora eu não quero
    (Tô sendo muito sincero)
    Cair nas garras do cão!

    E não é que o santo é forte?
    Cheguei ao céu divinal
    É tamanha a minha sorte
    A minha vitória, afinal,
    É cantar com alegria
    Fazer versos todo dia
    Na terra do carnaval.

    Ao ver chegar a tal hora
    Da minha "alegre" partida
    Saudade, palavra agora
    Tem posição garantida
    Mas não se avexe meu irmão,
    Que hoje a coroação
    Acontece é na avenida.

    Pois eles hão de herdar
    Todo esse sertão sonhado
    Monarcas que vão reinar
    Na corte do Sol dourado
    Poetas de tradição
    Recebam de coração
    Um cordel Branco e Encarnado.

    E agora, eu vou sem medo
    Fazer festa "de repente".
    Vai nascer um samba-enredo
    Para animar toda a gente.
    Afinal, não sou melhor,
    Muito menos o pior,
    Sou um poeta diferente!
    *
    Renato Lage, Márcia Lage, Departamento Cultural
    Fotos: Vicente Almeida e Gustavo Mello.

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  5. Magnífico, Dalinha, trazer Literatura de Cordel
    para a Sapucaí. Salgueirenses,com todos os Cordelistas, de parabéns. Sucesso, com certeza!
    Estou na torcida, mesmo sendo portelense rsrs
    Beijos
    Lúcia

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