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domingo, 25 de dezembro de 2011

NATAL X MULHER na visão de Sávio Pinheiro

CORDEL DE SAIA recebe Sávio Pinheiro, poeta e membro da ABLC, que nos traz seu poema de Natal com a temática do nascimento de Jesus mas, sempre objetivando alertar a mulher para os cuidados com a saúde - na gravidez e parto.
*
NATAL SEM PRÉ-NATAL
*
No mês nono antes de Cristo
Uma jovem fecundou
O fruto da esperança
Que ela, encantada, sonhou,
O seu nome era Maria,
Por liberdade, lutou.
*
Gravidez não planejada,
Calmamente, ela aceitou,
Sendo fruto de uma luz
Divina, assim brotou,
Santo menino Jesus
No seu ventre se gerou.
*
A gestação transcorreu
Sem existir pré-natal
Realizado por leigo
Ou por profissional.
Somente a fé no seu Deus
Reacendeu-lhe a moral.
*
Sua residência modesta
Sem condição sanitária
Dificultava o viver
(Vida era temporária).
Tinha assistência difícil,
Faltava Atenção Primária.
*
No ventre avolumado
A criancinha crescia,
Sem um acompanhamento, 
A fé em Deus a nutria,
A gravidez dava a graça
E a esperança luzia.

Sentindo-se indisposta
Era grande o seu tormento,
Pois sem existir equipe
Pra lhe dar contentamento
Sobrava a fé no seu Deus
Pra lhe acalmar o lamento.
*
Se as pernas lhe pesavam
Ou as doíam, somente,
Ela ficava tristonha
Suportando humildemente
Rezando para o Deus-pai
E o louvando bravamente.
*
Quando o vômito se mostrava
E a azia, ela sentia,
Sofria muita gastura,
Pois o Dramin não havia
E elevando as mãos pro céu
Ao Deus-pai, ela pedia.
*
O Imperador Romano
Pra controlar a nação
Ordenava que o censo
Contasse a população
Organizando o seu povo,
Apesar da migração.
*
A nossa Virgem Maria
Sendo mulher de ação
Sabia que, em Nazaré,
O censo era obrigação
Tendo, ela, que constar
Como membro da nação.
*
Sendo este obrigatório
A esperta santa implora:
- Meu José cuide em buscar,
Precisamos ir agora,
Arranje logo um transporte,
Pois temos que ir embora.
*
São José atarantado
Laçou um jumento forte,
Um asno muito ligeiro,
Que o preservava por sorte,
Dando a família castiça
A esperança de um norte.
*
Já perto do nono mês
Ela sente as contrações
Que, apesar, de indolores,
Anunciam vibrações
Dando a Santa Maria
Sublimes resoluções.
*
Ela olha o firmamento
E sente algum desatino,
Mas estando amparada
Pelo Dono do destino
Prevê o belo futuro
Deste sagrado menino.
*
Ele dá um pontapé
E mexe com harmonia
E Ela vendo que está próximo
E chegando o grande dia
Fica bastante contente
E com sublime alegria.
*
Os olhos celestiais,
Que orbitavam em Maria
Reluziam para o mundo
Com toda a pedagogia
Irradiando a esperança,
Que Deus almejou, um dia.
*
Uma dor no baixo ventre
Sente a compadecida
Pressentindo aproximar-se
O surgir de uma nova vida,
Tendo, já, que se abrigar,
Ter proteção garantida.
*
Numa outra contração
A Santa Maria implora:
- José, trate de arranjar 
Um bom abrigo, agora!
(- Não tinha casas de parto
Para atender à senhora).
*
A cidade de Belém 
Estando superlotada,
Não havia um só lugar
Para mantê-la hospedada.
Daí, Maria pernoitar
Embaixo de uma latada.
*
Em singela manjedoura
Nasce o menino Jesus
Sem serviços de saúde
Nem assistência do SUS
Pais e filho sem agasalhos
Sem enxoval, quase nus.
*
A criança quando chora
Já Irradia o seu poder
E exalando o tom da graça
Dá aos pais grande prazer.
- Nasce o menino de Deus
Para o mundo proteger.
*
A sua graça é divina
E tem grande proteção
Sem precisar de vacinas
Para qualquer prevenção,
Pois tem o leite materno
Ao alcance de sua mão.
*
Uma estrela anunciou 
O local do nascimento,
A boa nova deslumbrou
A todos, nesse momento,
E até quem não o sabia
Teve um bom pressentimento.
*
Quando amanheceu o dia
Já havia alguns presentes:
Os reis magos os trouxeram
Deixando a todos contentes
Demonstrando para nós
Quem regará as sementes.
*
A mãe santa amamentava
O seu filhinho querido,
Pois sabia que o seu povo
Nunca seria esquecido,
Pois veio, Ele, pra salvar
O pecador mais temido.
*
Quedou-se apreensiva
Consciente do perigo,
Pois os políticos vigentes
Premeditavam um castigo:
Eliminar as crianças
Era a meta do inimigo.
*
O rei Herodes com medo
De um novo rei vir crescer
Eliminava as crianças
Pra, o seu reino, não perder.
Daí, nascendo um filho homem
Com certeza ia morrer.
*
A estratégia do poder,
Que menosprezou Maria,
Que maltratou São José
E incentivou rebeldia
Favoreceu a maldade,
Que o Deus-Pai não queria.
*
Sávio Pinheiro
NATAL de 2011
(diretamente de Fortaleza, CE)

Sávio Pinheiro
Poeta de cordel e médico, natural de Vársea Alegre (CE). Responsável pelo projeto Receitando o Cordel na Saúde Coletiva – Literatura de Cordel como Instrumento de Educação Popular para a Saúde, de Sávio Pinheiro, foi tema da matéria de capa da Revista Brasileira Saúde da Família, na publicação de julho a setembro de 2006, por ter sido o vencedor do I Encontro de Experiências Exitosas da Estratégia Saúde da Família, sediado em João Pessoa (PB).
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Continue conosco e veja também:
http://rosariocordel.blogspot.com
http:cantinhodadalinha.blogspot.com
Notas e Foto: Rosário Pinto

Um comentário:

  1. NOITE EM BRANCO

    O Natal não ficou só em rabugens
    Já que a pomba da paz apareceu.
    Ostentou branca luz, que me aqueceu,
    E voou exibindo as suas penugens.

    Sobre as folhas jaziam as lanugens,
    Que cobriam os frutos, no apogeu,
    De uma ceia que Deus me ofereceu
    Pra o Natal não passar em brancas nuvens.

    No Ano Novo, estarei bem diferente,
    Pois a festa que alveja tanta gente
    Não será como a noite do Natal.

    De plantão, corpo meu não terá dança,
    Mas minh’alma trará grande esperança
    Pois, de branco, estarei no hospital.

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