Caros amigos poetas,
Hoje fujo aos cânones das poetagens de poesia de cordel para deixar aqui um soneto da bela Florbela Espapa. Vai mais com o meu atual estado d'alma. Espero que possam apreciar. Afinal foi uma das mais batalhadoras pelos direitos da mulher publicar suas poesias, numa época em que a poesia feminina ainda era marginalizada.
Deixo aqui um comentário extraído de estudo crítico de João Régio para a edição Sonetos, de Florbela Espanca:
"Fantasia (ou não sei se fantasia) um de seus biógrafos (Carlos Sombrio), que tendo acabado de dar à luz, a mãe de Florbela pergunta:
- menino?
- Não, menina! É uma flor!""
Sim, antes de mais, Florbela nasceu mulher. Também alguma coisa se irá dizendo a tal respeito. Não é impunemente que um ser especial nasce mulher"
EU
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chama triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Se desejar, pode fazer seus comentários.
Lindo! Lindo!
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