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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Dalinha Catunda e Josenir Lacerda na arte de recordar



Dalinha e Josenir na peleja Recordar
Seguindo o exemplo dos repentistas que se enfrentam em pelejas, debates, combates, hoje, os cordelistas fazem algo parecido, chamado, peleja virtual, onde dois poetas trocam versos via internet, seja por e-mail, facebook, Orkut, o que resulta num ótimo intercâmbio entre poetas de diferentes estados. Aqui minha peleja com a poeta Josenir.
Dalinha Catunda
RECORDAR - NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO
JL 
Dalinha não leve a mal
A proposta que eu lhe faço
A musa jogou o laço
Nem esperou meu aval
Chegou feito um vendaval
Ou flechada de cupido
Cochichou no pé do ouvido
Sobre o tema "Recordar"
E mandou eu lhe peitar
Nos dez de queixo caído
DC
Minha cara Josenir,
Se a musa jogou seu laço
Nele não me embaraço
Da raia não vou fugir
Se a inspiração fluir
Peite-me que eu revido
Vou fazer um alarido
Vou falar do meu sertão
De folclore e tradição
Nos dez de queixo caído.
 
JL
Já que aceitou o embate
Prepare-se pra disputa
Pois tudo indica que a luta
Terá um feroz combate
Não venha com disparate
Nem com jeitão atrevido
Porque no prego batido
Exijo a ponta virada
Em "passado" sou formada
Nos dez de queixo caído.
DC
Rezei a Salve Rainha
E já bati na madeira
Agora queira ou não queira
Vai debater com Dalinha
Pois quando entro na rinha
Com meu jeitão enxerido
Pra falar de acontecido
De passado e tradição
Eu acendo meu tição
Nos dez de queixo caído.
JL
Você fala de tição
E eu de fogão de lenha
De brasa, graveto e brenha
Do xerém feito em pilão
De vovó fazendo o pão
De milho seco, moído
Para ser depois servido
Com leite, numa tigela
Cenas que o sertão revela
Nos dez de queixo caído.
DC
Você relembra o fogão
Eu vou falar de fogueira
De dança de brincadeira
De quadrilha e de são João
De aluá e de quentão,
Pamonha e milho cozido
Rojão que dói no ouvido
Quando escuto o papocar
Forró eu quero é dançar
Nos dez de queixo caído.

JL
E eu do tindô lêlê
Jogo de bila e do mata
Equilibrista na lata
Bicheirinha e bambolê
Canção de uni duni tê
Do cinturão escondido
Um mundo tão colorido
Gaiola azul da lembrança
Que prende eterna criança
Nos dez de queixo caído.
DC
Já eu que sou bem sapeca
E gosto de cirandar
Nesta roda vou entrar
Depois vou jogar peteca
Brincar com minha boneca,
E nela botar vestido
Vendo passado mantido
Eu digo tindô lá lá!
E volto pro Ceará
Nos dez de queixo caído.
JL -
Aprendi inda criança
Fazer boneca de pano
Vovó ensinou o plano
Titia a roupa e a trança
Mamãe deixou-me a herança
De tudo bem concluído
Sem fiapo e embutido
Até hoje, brinco e faço
Com roupa de chita e laço
Nos dez de queixo caído.
DC
Naqueles tempos d’ então
Minha boneca embalava,
Enquanto cantarolava
Olhava pro meu irmão
Que soltava seu pião
E meu olhar atraído
Completamente perdido
Achava espetacular
Ver o seu pião girar
Nos dez de queixo caído.
JL
É essa saudade intrusa
Que puxa à força a tramela
Abre a porta e a janela
E a tela da mente usa
Exibe em cena confusa
Chão de barro comprimido
O teto dando estalido
Quando o vento sopra a palha
No torno, mostra a cangalha
Nos dez de queixo caído.
12
Na saudade perfumada
Quem vem lá do meu sertão
Sinto cheiro de baião,
De carne seca e buchada,
Cuscuz com leite e qualhada
Eu sempre tenho comido,
Pois mesmo tendo partido
Meu menu é sertanejo
Mato sempre meu desejo
Nos dez de queijo caído.
13
Vou citar meu Cariri
Que é polo de iguaria
Em cujos pratos varia
A tradição do Pequi.
O Doce de Buriti ,
É regalo preferido.
Nossa água é um fluído
Que quem bebe não esquece
Volta, fica, comparece
Nos dez de queixo caído.
14
Eu não saio sem falar
Do Jatobá tão amado
Rio do meu passado
Onde eu ia me banhar
Brincava de tibungar
Naquele rio querido
Este tempo bem vivido.
Eu preservo na memória
E resgato minha história
Nos dez de queixo caído.
15
Nossa ode é nordestina
Cordel é nossa cantiga
A musa que é fada amiga
Supre essa nobre sina
Deus abençoa e ensina
O caminho a ser seguido
Por ele temos seguido
Com amor, zelo e coragem
Levando a nossa mensagem
Nos dez de queixo caído. 
16
Este canto nordestino
Traduzido em cordel
Tal canto de menestrel
É um canto feminino
É canto sem desatino
Que agora é exibido
E se for bem aplaudido
Eu volto pro meu sertão
Transbordando de emoção.
Nos dez de queixo caído.
17
Juntamos minha saudade
Com sua recordação
Botamos num caldeirão
E mexemos com vontade.
O carinho da amizade
Foi o tempero escolhido
Que virou prato sortido;
Sendo vocês, aplaudia...
Adeus, até outro dia!
Nos dez de queixo caído.

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