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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cordel vivo e atuante

Literatura de cordel – forma de expressão sedimentada


O programa Globo Rural, em sua data de aniversário, 02 de janeiro de 2011, dedicou toda uma pauta à literatura de cordel. O programa é apresentado por Helen Martins e Nélson Araújo.
A programação ressaltou o valor de Leandro Gomes de Barros como pioneiro na arte da impressão e da distribuição de folhetos de cordel, atividade que gerou renda para muitas famílias. Pudemos notar a relevância social da poesia popular. Hoje, Leandro é nome de rua em sua cidade natal, Pombal, PB, onde a professora e pesquisadora Ione Severo se dedica a preservar a memória e arte do poeta, levando folhetos seus e de outros autores para as feiras com o único intuito de manter viva a presença da literatura de cordel em espaços públicos como as feiras populares.
Observe os versos do poeta Delarme Monteiro referindo-se a esse caráter social das atividades de Leandro, no folheto Nordeste, cordel, repente, canção, [19--].
"(...)
Dos poetas de cordel
Foi Leandro, o pioneiro
Aqui dentro do Recife
Assim foi ele o primeiro
A distribuir folhetos
Por este nordeste inteiro

Leandro Gomes de Barros
Homem que tinha pujança
Na feitura dos seus versos
Com beleza e segurança
Morreu só deixando rimas
Pra viúva como herança”

É importante ressaltar que o grande dramaturgo Ariano Suassuna esclarece que seus trabalhos são fundamentados nas pesquisas realizadas em folhetos de cordel.
Importante ver os poetas divulgando seus talentos, Mestre Azulão (José João dos Santos), que tem mais de 60 títulos depositados na Cordelteca – Memória da literatura popular, da Biblioteca Amadeu Amaral, com seu talento para a notícia e para o humor, foi praticamente o fio condutor da programação, como vemos no folheto Terror nas Torres Gêmeas, 2001:
“(...)
Como poeta repórter
Nordestino, brasileiro,
Descrevo neste cordel
Um lamentável roteiro
Do mais cruel fanatismo
Num ato de terrorismo
Que abalou o mundo inteiro”

Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, contribui para o acervo com cerca de 200 títulos. Tem memória prodigiosa e guarda viva a historia da poesia de cordel no Brasil; Manoel Monteiro da Silva guarda na Cordelteca mais de 100 título; revela em seu depoimento a importância sobre a arte de composição poética; Abraão Batista da Silva, de Juazeiro do Norte, CE, poeta e xilógrafo, com mais de 50 títulos depositados, demonstra a arte de confeccionar as capas em xilogravura. Quanto aos versos, para ele, devem ter: “cara de povo, cheiro de povo e fala de povo”. Afinal a poesia de cordel é arte feita pelo povo, com a linguagem do povo, para leitura do povo.
Arievaldo Viana e Rouxinol do Rinaré falaram sobre a repercussão da literatura de cordel nas salas de aula.
O professor Aderaldo Luciano esclarece sobre os equívocos autorais da obra de Leandro Gomes de Barros, que teve seu acervo vendido, após sua morte para João Martins de Athayde. Veja o que nos diz Delarme Monteiro no folheto Nordeste, cordel, repente, canção, [19--].
“(...)
Com a morte de Leandro
A viúva precisando
Vendeu tudo a Athayde
Que já vinha se entrosando
Com versos de sua lavra
Aos poucos se levantando

Na direção do Athayde
A poesia cresceu
O acervo de Leandro
Ele juntou com o seu
O cordel em pouco tempo
Atingia o apogeu

Athayde adoecendo
Vendeu a tipografia
A José Bernardo Silva
Que do ramo conhecia
Levando pro Ceará
Toda a nossa poesia.”

A mais antiga editora de folhetos de cordel ainda em atividade, a Luzeiro, em São Paulo, SP, em seus 60 anos de atividade, foi a primeira a publicar folhetos com capas em policromia e num formato de tamanho maior que os folhetos tradicionais. Foi o primeiro passo no avanço em novas tecnologias. O poeta Varneci Nascimento, selecionador de textos, da Luzeiro, nos esclarece sobre a feitura dos versos: “o cordel deve ser difícil para escrever e fácil para entender

O acervo da Cordelteca, da Biblioteca Amadeu Amaral, do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, um dos maiores e mais raros foi divulgado, na programação.


"(...)
No Centro Nacional
De Cultura Popular
Acervo de cordel é
Referência singular
Poeta de toda parte
Vem aqui depositar

Seus folhetos de cordel
Para conosco gravar
A Memória permanente
Da cultura popular
A Cordelteca respalda
A poesia popular"
A programação foi encerrada com notícia do momento sobre a invasão no Morro do Alemão, com os versos da poeta Dalinha Catunda:
“(...)
É polícia pra todo lado
É bandido e caveirão
Com essa violência toda
Quem sofre é a população
Que fica presa em casa
Com medo da situação”
*
(Maria Rosário Pinto)
Visite também:
www.cnfcp.gov.br
www.ablc.com.br
http://cordeldesaia.blogspot.com
http://cantinhodadalinha.blogspot.com

*
Para ampliar suas pesquisas:

ADQUIRA

100 Cordéis Históricos Segundo a ABLC
Editora:
Queima-Bucha
Formato: 21 X 28
Páginas: 568
Capa: Papel Triplex 350g 2 cores
Miolo: Papel Off-Set 90g P/B
Preço: R$ 50,00 (caixa com dois volumes)
Para envio por Correios será acrescentado o valor correspondente para cada cidade.
A coleção está à venda pelo e-mail 100cordeis@ablc.com.br.

2 comentários:

  1. Estimadas Rosário e Dalinha, fantástico! Parabens como sempre.
    Recebam o abraço da família Cariri Cangaço

    Manoel Severo

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  2. Manoel Severo,
    Obrigada pelo apoio e pelas visitas ao Cordel de Saia. Estamos trabalhando e graças a Deus, contando com os parceiros ligados à literatura de cordel.
    Um abraço,
    Maria Rosário Pinto

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