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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Van Gogh- O Velho  Homem Triste

Ainda resisto


Não entendo. A vida não pode ser só isso.
Eu me recuso a acreditar que é só isso.
Não... Por quê? Pra que?
Viver... Viver... E sonhar.
Sonhar um sonho vil e pequeno.
Não que eu queira viver eternamente.
Mas, bem que seria diferente
se ao invés da ilusão,
nós aprendêssemos o sentir da vida...
a alfazema do olhar,
o pulsar de mãos renhidas,
o doce frescor do lutar,
e o sorrir do amigo.
Já pensou se plantássemos ternura...
Qual seria o adubo do solo de nossas vidas?
Certamente, não seria desgosto, tristeza,
raiva, oportunismo, excesso atroz de ironia ,
pandemias, caos, inveja, desesperança,
fomecídio, falta de afeto.
Estou espantado!
É duro depois de tanto tempo
perceber que a vida é convulsão lazarenta
repleta de infortúnios e desgraças.
Se ao menos respirar não fosse tão cruel,
se o hoje já não fosse amanhã
e o amanhecer não fosse retrato do ontem.
Basta! Não quero desencantar ninguém.
Se possível gostaria de ser ação
ao invés de palavras,
rosto e não lágrimas.
Como é mesmo aquele verso de Bandeira?
“Que importa a paisagem,
a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco”
É. Definitivamente,
estou convencido
que viver só vale a pena
pra quem sabe o sabor caviloso do resistir.
Escuta. Você pode me ouvir?
Ocupado. Desconfiei...
O apreço pode esperar.
O amor ao preço não.
E eu tão ingênuo,
esperava um único gesto de bondade,
Atenção, compaixão, silêncio...
Só. Solidão e pavor.
E o que fazer ?
Se a dor e o lavrador
da mentira
próspera e abastece o ignorar
de seres arrogantes
que se plenificam.
Como ter paciência?
Chega de Lenine,
não suporto mais fingir.
Não. Não pode ser...
A vida é só isso?
Mas, não virarei um cético.
Ainda resta o caminhar,
o prosseguir, o cavalgar do pólen das rosas
no velejar do vento.
Apesar da poeira no rosto,
da vista embaçada e dos pedregulhos...
Não serei eu quem puxará o gatilho.
Não. Não virarei protagonista
de mais uma cena
dessa sociedade espetaculosa
que sensacionaliza sentimentos
e se aprofunda em bestialidades impares.
Lamento. Estou cansado.
Insuportavelmente cansado.
Flébil neste impedernismo sem órbita
Onde vagabundear traduz-se
como se fosse bandidagem.
O viver é pior do que sobreviver,
Pois, os valores foram distorcidos
E a humanidade prega o bem
Mas enraíza a desigualdade.
Constrói templos e igrejas,
Mas pratica infanticídios
Propõe justiça e se lambuza em atos tiranizados,
Engessados pela mordaz forca da vaidade.
O homem se superou,
Atingiu o ápice e esqueceu o trivial,
O mais simples,
Deslembrou o vizinho e o
O lado verde da certeza
que fortalece,
Desamparou o encontrar da verdade
sem grosserias,
e concentrou sua busca
no desejo pífio e incólume
da paz pela paz.
Quem outrora protestava
Agora dinamita, amordaça
Ameaça aterrar o mar
Que propõem dignidade.
Mas...
Acredite... ainda resisto.

Cantando...

"Meu companheiro,
Que sai de casa e na vida cai
das cacetadas desses anos todos
eu fiquei mais velho
que meu velho pai"

(Razek Seravhat)
Recebi por e-mail de Augusto Cesar Tavares
Visite também: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com

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