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sábado, 29 de dezembro de 2012

CRÔNICA DE MARCOS MAIRTON


FIM DE ANO, COMEÇO DE ANO
Marcos Mairton

Eis
que se aproxima mais um fim de ano e, consequentemente, o começo de um
novo. Não há solução de continuidade. O “ano velho” se vai no exato
instante em que o “ano novo” chega.


Claro
que estamos diante de uma convenção. Escrevi certa vez que “o homem
tenta medir/ o tempo que há no mundo,/ em anos, meses e dias,/ horas,
minutos, segundos”. Nessa busca de medir o tempo...


Inventamos o relógio
e também o calendário.
Dividimos nossa vida
de um jeito arbitrário.
E, em frações de existência,
vivemos sob a regência
desse ser imaginário.

Continuo
convicto disso. Um ano, um mês, um dia são apenas medidas de tempo. O
suceder dos acontecimentos é constante, não importando se são 23:59 do
dia 31 de dezembro ou 00:00 do dia primeiro de janeiro.


“Mas,
a gente pára de trabalhar na tarde do dia 31, e só volta na manhã do
dia dois!”, dirão alguns, cobertos de razão. A questão é que o horário
de trabalho e os feriados também são convenções. Como o são igualmente
as relações de poder - do patrão sobre o empregado, do Estado sobre o
indivíduo, etc - e até o valor que atribuímos ao dinheiro.


Por
mais que essas convenções estejam entranhadas em nossa mente, não é
difícil perceber o quanto elas são diferentes das batidas de um coração,
do movimento dos astros e do fluir das águas de um rio. Ou mesmo de uma
paixão, capaz de sobreviver ao tempo e à distância, e de fazer do
reencontro entre duas pessoas um momento de abraços, beijos, lágrimas e
sorrisos.


Mas,
hoje não quero aprofundar questões de filosofia ou paixão. Afinal,
apesar de perceber a natureza convencional do tempo, reconheço que os
últimos dias de um ano são sempre um bom momento para se refletir sobre o
que aconteceu nele e o que pode vir a acontecer no próximo.


Penso
que verificar se objetivos foram alcançados e fixar novas metas seja
uma prática útil e saudável. Particularmente, tenho o hábito de fazer
por escrito o meu planejamento anual. Ponho no papel desde metas
ousadas, como “publicar um novo livro”, a outras aparentemente simples,
como “não me irritar no trânsito mais que uma vez por mês”.


Digo
“aparentemente simples” porque, após vários anos fixando por escrito
minhas metas, tenho observado que as supostamente simples são exatamente
as mais difíceis de serem alcançadas. Nos últimos sete anos, publiquei
mais de um livro por ano, mas continuo me irritando no trânsito quase
todo dia.


Pelo
que observo dos avanços tecnológicos deste século e do caos que vejo
nas ruas da minha cidade, concluo que não sou o único com esse problema.
Em geral, as nossas maiores dificuldades estão nas coisas do dia-a-dia.
Conseguimos realizar grandes projetos, mas tropeçamos nos pequenos
obstáculos da convivência com o outro.


Se
me fosse dado interferir no planejamento das outras pessoas, seria essa
a meta que eu incluiria para todos: “Respeitar a vida e a dignidade das
outras pessoas”. Como não posso, limito-me a fazer a anotação em meu
próprio planejamento, embora ciente de que meu egoísmo continuará
reivindicando seu espaço.


Creio
que posso encerrar por aqui minhas reflexões de fim de ano, desejando a
cada um dos meus leitores que suas metas pequenas e grandes para o
próximo ano sejam alcançadas. E que o alcançar dessas metas conduza a
uma vida mais feliz em um mundo melhor.

Foto do acervo do autor.

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