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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

AS MULHERES CORDELISTAS DO CARIRI - CORDEL -


AS MULHERES CORDELISTAS DO CARIRI
1
Para guiar os meus passos
Eu peço licença a musa
Que tem sido camarada
Quando rogo não recusa
E por ser condescendente
Ilumina minha mente
Que pede, mas não abusa.
2
Eu sou Dalinha Catunda
Sou poeta popular
Minha mãe é poetisa
Sempre gostou de rimar
O fio da tradição
Eu peguei da sua mão
Para meus versos fiar.
3
Envolvida com os versos
Cordelista me tornei
Sabendo que esse universo
Que admiro e adentrei
O homem é maioria
Porém a mulher queria
Fazer parte dessa grei.
4
Foi chegando de mansinho
E firmando o pensamento
Escrevendo seu cordel
Com garra e discernimento.
Não tardou a demarcar
Nessa história seu lugar
E seu comprometimento.
5
Quando o homem acordou
Viu que não era esparrela
Sentiu a mulher no todo
Não somente uma costela
Viu o canto da mulher
Que meteu sua colher
Enfrentar qualquer querela.
6
Hoje no Brasil inteiro
Tem mulheres cordelistas
Pois apesar do machismo
Já somos muitas nas listas
Confirmando nosso traço
Ocupando mais espaço
E tendo novas conquistas.
7
E se o cordel criou asas
A mulher junto voou
No seio do Cariri
Acolhida ele encontrou
Nessa seleta morada
A mulher enamorada
Tal arte revigorou.
8
A mulher do Cariri
Tem postura no cordel
Pesquisa e conhecimento
Ela bota no papel
Faz bonito no presente
Sua garra é evidente
E se reflete em laurel.
9
Assim sendo resolvi
Fazer minha louvação
A mulher caririense
Que preserva a tradição
E mostra sua cultura
No cordel literatura
Com afinco e inspiração.
10
Deus queira que eu não esqueça
De ninguém nesse momento
Que me garanta destreza
Na força do pensamento
Que flua a imaginação
Nessa minha louvação
A quem tem merecimento.
11

Temos Josenir Lacerda
Boa guia e referência
Muito zelosa escrevendo
Demonstra sua potência
Exigente no que faz
Ler os seus versos me apraz
Traz poesia e ciência.
12
Bastinha Job fulgura
Com sua sabedoria
Professora cordelista
De grande categoria
Generosa ao repassar
Regras do bem versejar
É mestra na poesia
13
É Anilda Figueiredo
Mulher com disposição
Presidente da ACC
E cordelista de ação
Comanda com energia
A distinta Academia
Com carinho e devoção.
14
Atuante cordelista
Temos Rosário Lustosa
Já falou de “Padim Ciço”
Disso se sente orgulhosa
Descreveu sobre romeiro
Cem anos do Juazeiro
Sua verve é primorosa.
15
Fátima Correia tem
No cordel sua alegria
Esqueceu as amarguras
Voltou-se pra poesia
Escreveu novo roteiro
Fez do verso companheiro
Nele descobriu magia.
16
Nezite Alencar é forte
Em pesquisa e tradição
Pesquisa cangaço e festas
E faz com satisfação
A cultura nordestina
Hoje já virou rotina
Marcando sua criação.
17
Lá no sítio Romualdo
Nasceu a Mana Cardoso
E também lá ela vive
É um espaço ditoso
Escreveu sobre Gonzaga
Descrevendo sobre a saga
Do sanfoneiro famoso.
18
Williana Brito Matos
Doce mulher do cordel
Passa seu conhecimento
Em versos para o papel
Acendeu-me uma centelha
Quando falou em abelha
Que tem ferrão mas dá mel.
19
Francy Freire nos seus versos
Escreveu sobre Mandela
Um cordel interessante
Com mensagem bem singela
Registrando na história
Que a luta não foi inglória
O folheto assim revela.
20
É Maria Mirian Teles
Artista de tradição
Além de escrever cordel
É mestra em atuação
Representando nos dramas
Também repassando as tramas
Dos velhos tempos de então.
21
Lindicássia Nascimento
Mulher com disposição
Não atropela na rima
Não profana a oração
Sabe bem metrificar
Na hora de versejar
Inda sobra Inspiração.
22
E tem  Ângela Maria
Nessa bonita jornada
Falou de mãe e de filho
Da materna caminhada
A filha de mestre Bula
Qualidades acumula
Para seguir nessa estrada.
23
Lá pras bandas de Barbalha
Vive Jacinta Maria
É mais uma cordelista
Que quem conhece aprecia
Tem na sua criação
Momentos de evolução
Tem boa biografia.
24
Francisca Lima de Souza
Como França é conhecida
No seu cordel registrou
Sua alegria perdida
Mesmo que chegue a doer
Jamais deixa de escrever
As desventuras da vida.
25
Fanka Santos cordelista,
Também é pesquisadora
E divulgando a mulher
É mais do que benfeitora
Mestra em sociologia
DE VERSOS fez roMARIA
Tendo a mulher como autora.
26
Jarid Arraes tem história
Tem sangue de cordelista
O seu pai é Hamurabi
Filho de Abraão Batista
E conhece esse universo
Tem traquejo com o verso
E bandeira feminista.
27
Temos Antônia Rodrigues,
A professora Toinha,
Que vivendo em Assaré
Junto a cultura caminha
Ela é mais uma mulher
Que sabe bem o que quer
E com o cordel se alinha.
28
Ela nasceu em São Paulo
Mas no Cariri viveu
E replena de atitude
Fortes versos concebeu
Salete Maria é quente
Defendendo o diferente
Com garras que Deus lhe deu.
29
A estrada de Marcia Passos
Passa pelo artesanato
Descamba para o cordel
Com a arte ela tem trato
Faz feia ficar bonita
Nas letras de sua escrita
Nas cenas de cada ato.
30
Nas plagas do Cariri
A cultura é diferente
Nos eventos de cordel
Sempre tem mulher presente
A mulher tem eira e beira
Lança até cordel na feira
Sabe como juntar gente.
31
Sei que o Cariri abraça
Esta saga feminina
Da mulher que é cordelista
Da disposta nordestina
Que ama sua cultura
E por isso se aventura
A cumprir a sua sina.
32
Salve a mulher cordelista
Salve o canto popular
E salve a caririense
Que conhece seu lugar
E me abraçou no seu eito
Concedendo-me o direito
De com todas versejar.
Fim
APRESENTAÇÃO                     

 Mulheres Cordelistas do Cariri

O Cariri é rica região em aspectos vários, desde a natureza aos bens culturais. No âmbito da Literatura de Cordel não é diferente, e nesse aspecto, as mulheres cordelistas vem se destacando cada vez mais na nossa região. É esse tema que a poetisa Dalinha Catunda aborda com maestria em seu mais recente título: “Mulheres Cordelistas do Cariri”. Poetisa popular, declamadora, cordelista e dona de uma maneira inconfundível de apresentar seus versos, Dalinha mostra sua sintonia fina com o tema abordado e com o Cariri, região esta que a acolheu de braços abertos e pela qual a poetisa nutre grande carinho. Neste feminino cordel, a autora exalta as cordelistas caririenses, cada uma com suas peculiaridades no fazer cordelístico. Com o coração cheio de orgulho, rendo minhas mais sinceras homenagens e aplaudo de pé esse cordel cheio de garra, beleza e feminilidade. Parabéns, Dalinha!
Lusyennir Lacerda – poetisa e artesã.
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