Foto do pássaro cancão tirada, no meu sítio, em Ipueiras-Ce |
ALDEMÁ MORAIS E DALINHA CATUNDA
.
AM
Dalinha eu sou um poeta
Matuto, aqui do sertão
sei o que é tomar banho
na beira de um cacimbão
puxando água na lata
fazendo calo na mão.
DC
Meu querido Aldemá
Com inveja não fiquei.
Já tomei banho de rio,
E no açude mergulhei.
Com uma cuia na mão
Em cacimba ou cacimbão
No sertão eu me banhei.
AM
Foi mãe preta e pai João
que me fez ser desse jeito
por isso eu guardo no peito
tão boa recordação
me diga se aí tem "cancão"
e rolinha "fogo pagou"
se você já escutou
o canto de um jacu
se já pegou um nambu
depois, com pena, soltou?
*
DC
Amigo vou lhe
contar
E preste muita
atenção:
Tem rolinha,
tem cancão
Aqui neste meu
lugar.
Ouvir uma ave
cantar
Encanta-me o
coração.
Já tive nambu
na mão,
Porém resolvi
soltar
Se ela nasceu pra
voar
Por quê botar na prisão?
*
Versos de Aldemá Morais E Dalinha Catunda
Foto de Dalinha Catunda
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Caros parceiros,
ResponderExcluirRealizando minhas pesquisas, me deparei com alguns versos de Paulo Nunes Batista, que peço agora, permissão para postar neste comentário. Selecionem, se acharem cabível. Mas me encantei com os trechos lidos, retirados de uma entrevista realizada por Ana Lúcia Nunes e Mário Henrique, para A Nova Democracia. A poesia e a entrevista, transcendem o tempo de sua realização. Confiram:
Poesia popular
(trechos)
(...)
Que, poesia popular
pode ser — e é universo
é resistência é trincheira
contra o sistema perverso
que deixa o Povo com fome
e rico nadando em uísque.
(...)
Poetas da elite, não
torçam seu nariz grã-fino
contra os poetas do Povo
que lá do chão nordestino
nunca deixam o Povo só:
tentam rasgar esse nó
que amarra nosso destino.
O cordel é brasileiro
fala do que o Povo sente
no verso lido na praça
ou cantado no repente,
pois cordel é voz da raça,
é (em)canto de nossa gente.
Cordel — Mensagem do Povo
fala do velho e do novo,
de canudos, de Kosovo,
de aids, de corrupção,
de injustiça e violência,
governo sem consciência,
dos sem-terra — e a resistência
que leva à Revolução.
Abraço,
Rosário Pinto