DEU SAUDADE
DE REPENTE
I-DALINHA
CATUNDA
*
Lembro-me dos
belos dias
Tão repletos
de alegrias
Onde as
velhas cantorias
Encantavam
meu rincão.
Com jeitinho
de repente
Eu revivo no
presente
Este canto
absorvente
Nos oito pés
a quadrão.
*
Gostava da
brincadeira
De pegar numa
peixeira
E descascar
macaxeira
Pras bandas
do meu sertão
Porém minha
realidade,
Residindo na cidade
É matar minha
saudade
Nos oito pés
a quadrão.
*
Morando na
minha oca,
Descascava a
mandioca
Para fazer
tapioca
Naqueles
tempos de então
Depois
deitava na rede
Tacava o pé
na parede
Hoje mato
minha sede
Nos oito pés
a quadrão
*
O rádio eu
sempre ligava
Quando a
aurora raiava,
E cantando
acompanhava
O canto do
Gonzagão.
Nosso bom cabra
da peste,
O rei caboclo
do agreste
E que já
cantou o Nordeste
Nos oito pés
a quadrão.
*
Sei que não
sou repentista,
Porém vou
seguindo a pista
Sem baixar a
minha crista
Sem ter medo
de esporão.
Eu gosto de
versejar
Não importa o
lugar
Mas você vai
me escutar
Nos oito pés
a quadrão.
*
Isto é canto
de mulher
Que vai metendo
a colher
E como quem
nada quer
Na cumbuca mete
a mão.
De lá tira agulha e linha
Não dá nó nem
desalinha
Pois é canto
de Dalinha
Nos oito pés
a quadrão.
*
II-ISMAEL
GAIÃO
Cantorias
de viola
Que me serviram de escola.
Botaram em minha cachola
Versos de voltar mourão.
Onde eu ficava encantado
Passando a noite acordado
Ouvindo um mourão voltado
Nos oito pés a quadrão.
Que me serviram de escola.
Botaram em minha cachola
Versos de voltar mourão.
Onde eu ficava encantado
Passando a noite acordado
Ouvindo um mourão voltado
Nos oito pés a quadrão.
*
Eu tive
vida bacana,
Bebendo e chupando cana
E à noite gastando grana
Para escutar um baião.
Sou um dos apologistas
Que admira os repentistas
E considera uns artistas
Nos oito pés a quadrão.
Bebendo e chupando cana
E à noite gastando grana
Para escutar um baião.
Sou um dos apologistas
Que admira os repentistas
E considera uns artistas
Nos oito pés a quadrão.
*
Na vida
do interior
De dia fui plantador,
De noite admirador
De uma improvisação.
Morando na capital
Vivo me sentido mal
Por não ter um festival
Com oito pés a quadrão.
De dia fui plantador,
De noite admirador
De uma improvisação.
Morando na capital
Vivo me sentido mal
Por não ter um festival
Com oito pés a quadrão.
*
Com
galinhas num poleiro,
Pato e gansos no terreiro,
No terraço um candeeiro
Fui feliz no meu sertão.
Estudei numa cartilha,
No São João brinquei quadrilha
E ouvi num rádio de pilha
Nos oito pés a quadrão.
Pato e gansos no terreiro,
No terraço um candeeiro
Fui feliz no meu sertão.
Estudei numa cartilha,
No São João brinquei quadrilha
E ouvi num rádio de pilha
Nos oito pés a quadrão.
*
Não sou
bom no improviso,
Porém agora lhe aviso
Que tenho um verso preciso
Quando escrevo num borrão.
Nunca fico na berlinda,
Porque meu verso não finda
E fica melhor ainda
Nos oito pés a quadrão.
Porém agora lhe aviso
Que tenho um verso preciso
Quando escrevo num borrão.
Nunca fico na berlinda,
Porque meu verso não finda
E fica melhor ainda
Nos oito pés a quadrão.
*
Mesmo
estando na cidade
Meu canto tem qualidade
Para matar a saudade
Que eu sinto lá do torrão.
Lembrando minha terrinha,
Meu potro e minha vaquinha
Eu canto igual à Dalinha
Nos oito pés a quadrão.
Meu canto tem qualidade
Para matar a saudade
Que eu sinto lá do torrão.
Lembrando minha terrinha,
Meu potro e minha vaquinha
Eu canto igual à Dalinha
Nos oito pés a quadrão.
*
III-FRED
MONTEIRO
*
Cantando
nos oito pés,
Dalinha, rainha és
poeta da nota dez
sem qualquer inibição
vai traçando o teu retrato
exercendo teu mandato
tu és poeta de fato
nos oito pés a quadrão
Dalinha, rainha és
poeta da nota dez
sem qualquer inibição
vai traçando o teu retrato
exercendo teu mandato
tu és poeta de fato
nos oito pés a quadrão
*
Gaião,
Cardeal porreta
um maioral na caneta
cravou a sua lanceta
e entende da profissão
Poeta em toda a linha
Versejou para Dalinha
Das Ipueiras rainha
nos oito pés a quadrão.
um maioral na caneta
cravou a sua lanceta
e entende da profissão
Poeta em toda a linha
Versejou para Dalinha
Das Ipueiras rainha
nos oito pés a quadrão.
*
Imagem retirada da internet
Interação com os poetas que escrevem no JBF - Jornal Besta Fubana
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