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quarta-feira, 16 de maio de 2012


 SÁ ANA

Com sua saia rodada,

Sua passada ligeira.
Sua blusa desbotada,
ia e vinha à lavadeira.

Era Sá Ana outra vez,

rumo à casa de Sinhá.
Para pegar roupa suja,
seu ofício era lavar.

Sá Ana pegava Anil.

Sá Ana pegava sabão.
Com a trouxa na cabeça,
voltava pro Lamarão.

Acocorada no açude,

cumpria sua missão.
Batia a roupa na pedra,
depois de passar sabão.

Dava gosto de se ver,

as lavadeiras antigas.
Batendo a roupa na pedra,
entoando velhas cantigas.
*
Texto de Dalinha Catunda em homenagem a Sá Ana uma antiga lavadeira da cidade de Ipueiras no Ceará.
Tela do talentoso artista plástico Demócrito Borges. Contato: democritoartistaplastico@gmail.com

Um comentário:

  1. Pretinha, linda e faceira
    com um bruguelo no braço
    e um outro de pé descalço
    vai andando a lavadeira
    (que era boa parideira,
    tinha outro na barriga)
    não gostava de intriga
    e levava sua vida
    com alegria desmedida
    de servir sem ver a quem
    agradecia o vintém
    com que comprava a comida

    Era assim que ela vivia
    naqueles tempos malvados
    que mesmo assim relembrados
    nos dão certa nostalgia
    lavadeiras de hoje em dia
    de metal, fios e plástico
    não têm nada de fantástico
    a não ser sua moer a roupa
    amassa, rasga e não poupa
    seu matraqueado cáustico

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