CORDEL
NO EMBALO DAS REDES
1
Meu
cordelzinho matuto
Das
feiras do meu sertão
Hoje
reina absoluto
Tem
farta divulgação
Com
seu jeitão enxerido
Agora
todo exibido
Brilha
na televisão.
2
Aparece
ledo e belo,
Nos
mais diversos canais.
Sem
deixar de ser singelo
Vai
estampando jornais
Com
sua xilogravura
Mostrando
sua cultura,
Que
nunca será demais.
3
Um
programa especial
No
“Globo Rural” ganhou.
E
no “Salto Pro Futuro”,
O
seu valor realçou.
Lá
no “History Channel”,
Os
detalhes do cordel
Vi
que história revelou.
4
Hoje
é tema de novela,
Este
cordel encantado,
De
rainhas e princesas,
E
do cangaço falado.
Tem
no reino da poesia
Um
passado de magia
Que
revejo resgatado.
5
Como
eu fico orgulhosa
Em
ver o meu matutinho,
Sendo
bem reconhecido
Mesmo
fora do seu ninho.
Está
fazendo bonito,
No
cordel eu acredito
Pois
é ele meu caminho.
6
Escutei
cordel em feiras
E
rodas de cantoria.
Em
encontros com poeta
Onde
reinava alegria.
Agora
mais abrangente
Continua
ele imponente
Disseminando
magia.
7
A
internet chegando,
Vestiu
asas no cordel,
Que
voou pra todo canto,
Como
um alado corcel,
Com
toda desenvoltura,
Aproveitou
a abertura
Para
firmar seu papel.
8
Um
dia virou folheto
O
que era apenas oral.
Chegou
à televisão,
Também
revista e jornal.
Hoje
na internet brilha
Vai
seguindo a nova trilha
Neste
mundo virtual.
9
Na
internet hoje impera,
A
real democracia,
Lemos
o contemporâneo,
E
o antigo se aprecia
Com
a multiplicidade
O
cordel vira verdade
Que
na rede contagia.
10
O
cordel de trajes simples
Ou
bem vestido a rigor
Sempre
será respeitado
Sempre
terá seu valor
Pois
trazendo erudição,
Ou
apenas inspiração
Traz
na rima seu calor.
11
O
cordel de trajes simples
Residiu
no interior.
Nas
emissoras de rádio
Na
boca do locutor.
No
sorriso e na alegria
Nas
noites de cantoria
E
na voz do cantador
12
Cordel
vestido à rigor
Seu
espaço conquistou
Usando
terno e gravata
Na
escola ele entrou
Traz
no seu falar polido
Um
linguajar tão sabido
Que
o professor adotou
13
Este
cordel que desponta,
E
chegou para ficar.
Inserido
nas escolas
E
ajudando a ensinar
Traz
na bagagem magia
É
o novo que contagia,
Ajudando
a educar.
14
Quais
as faces do cordel?
Quem
poderá me dizer?
Não
diga que é só matuto
Pois
nisso eu não posso crer!
Não
diga que é erudito
Pois
também não acredito.
Mas
tudo poderá ser.
15
O
Cordel é um alento
Para
o forte Nordestino.
Cultivador
de saudade
Um
eterno peregrino.
Que
leva no coração
As
histórias do sertão,
A
saga do seu destino.
16
É
a gritante saudade
Da
farinha no surrão.
A
saudade da paçoca
Bem
pisada no pilão
Da
pamonha, da canjica
Do
amor a terra que fica,
Grudado
no coração.
17
É
a cantilena brejeira
De
quem viveu no sertão.
Tudo
que passou um dia
Vivendo
no seu torrão
Morando
na capital
O
cordel vira jornal,
A
fonte de informação.
18
O
cordel é identidade
Do
homem do interior
Que
veio para cidade
Estudou
pra ser doutor
Mas
apesar de formado
Recorda
bem o passado
E
as raízes dá valor.
19
Preso
com os pregadores
Pendurado
em cordão.
Avistava-se
o cordel
Lá
nas feiras do sertão.
Agora
bem editado,
E
ricamente ilustrado
Não
falta divulgação.
21
Se
o cordel tem oração,
Tem
reza tem ladainha.
Tem
a saga de um povo
Que
incansável caminha
Registrando
sua história
Para
guardar na memória
O
que oralmente retinha.
22
Vi
a internet chegar
Para
o cordel socorrer
E
zombar de quem dizia
Que
o cordel ia morrer.
Acompanhando
o progresso
Um
cordel sem retrocesso
Hoje
só faz é crescer.
23
O
cordel incorporou
A
mulher nessa cultura
Agora
ela pinta e borda
Entende
a literatura
Sabe
como interagir
Ver
o leitor aplaudir
Sabe
manter a postura.
24
Eu
sou Dalinha Catunda,
Também
me assino Aragão.
Sou
amante da poesia
Que
germinou no sertão
Em
Ipueiras nascida
Ao
cordel eu dou guarida
Pois
ele é minha paixão.
*
Cordel de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com
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