CORDEL DE SAIA publica soneto recebido do confrade José Walter Pires, em outubro de 2012,
e a resposta de Rosário Pinto, agora em abril, 2013.
“TUDO EM VOLTA É SÓ TRISTEZA...”
Pra lembrar Gonzagão
Um sol abrasador, sem piedade
Espraia-se por toda a vastidão
E as mandíbulas da calamidade
Deixam bichos e a gente em exaustão
Pobre caatinga, que espera, debalde,
A redentora chuva neste chão,
Pra fazer brotar à saciedade
Sementes que alimentam o sertão.
E, aos poucos, esmaece a esperança,
Em tudo. Sei lá! Até mesmo em Deus
Que tanto tarda em mandar a bonança.
Esses clamores que se fazem meus
São ecos de um sertão, antes bucólico,
Mas, hoje, triste, feio, melancólico!
José Walter Pires
Outubro/2012
Querido Zé Walter,
Sobre seu soneto:
“Tudo em volta é só tristeza”
No soneto do sertão.
Só falando de pobreza,
Nos desperta emoção.
Apelando ao criador,
Talvez alivie a dor,
Com reza e oração.
*
Que debele esta seca,
Nos vales, no ribeirão,
Trazendo a boa chuva,
Nos pastos, pra criação.
O campo enegrecido,
Nosso gado emagrecido.
Tudo em volta é compaixão.
*
Eu pergunto até quando?
Até quando o sofrimento,
Roubando nossa alegria,
Só a dor, o abatimento,
A vontade esmorecida,
Sem cacimba abastecida.
Vida de constrangimento
*
Nasci lá no Maranhão,
E nunca vivi a seca.
Protegida pela hiléia,
Que a terra não resseca.
No agreste os Severinos,
Cantam loas, cantam hinos,
E... que Deus se compadeça.
DEUS há de botar os olhos
Naquelas terras distantes.
Há de transformar as dores
E os pesares estafantes.
Há de abrandar os calores
Da terra, hoje, escaldantes
(Rosário Pinto)
Abril, 2013
(foto de Rosário - Rio Poty, Teresina, PI
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