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domingo, 12 de dezembro de 2021

DALINHA CATUNDA E HUMBERTO PAZ E POR FALAR EM SERTÃO



 DALINHA CATUNDA E HUMBERTO PAZ

E POR FALAR EM SERTÃO

*

Confesso sou retirante

Mas adoro o meu rincão

As festas da padroeira

Os festejos de São João

Distante do meu lugar

Não quero sempre ficar

Nem só ter recordação.

Dalinha Catunda

*

Adoro mais meu sertão,

Quanto mais florido fica.

E cantado em verso e prosa

Por quem o dignifica,

Me dá um desejo imenso

De correr pra lá. Só penso

No cuscuz e na canjica.

Humberto Paz

*

Minha saudade triplica

É no tempo da invernada,

Comer meu cuscuz com leite,

Me empanturrar com coalhada.

Banhos de chuva tomar,

Ir pro rio tibungar,

Junto com a molecada.

Dalinha Catunda

*

O canto da passarada,

Banho de rio e açude,

Leite mugido e gemada

Eu tomei enquanto pude.

Pra não morrer de saudade,

Imploro por caridade:

Papai do céu, me ajude!

Humberto Paz

*

Enquanto eu tiver saúde,

Meu rancho nas Ipueiras,

Eu não vou deixar de ouvir,

O som das carnaubeiras.

O vento se faz presente,

Em cada palma virente,

Movimentando as palmeiras.

Dalinha Catunda

*

Na sombra das ingazeiras

Deixei minha doce infância.

Corri pelo mundo afora,

Indo e seguindo, na ânsia

De um dia me firmar,

Pra depois poder voltar,

Mas só aumenta a distância.

Humberto paz

*

Quando estou em minha estância

Parece que estou no céu

Quando chego na porteira

Zoada faz o tetéu

Passando no meu terreiro

Me cumprimenta o vaqueiro

Me acenando com chapéu.

Dalinha Catunda

*

Quem tem na mão o pincel

Que pinta as cores da vida,

Quem canta sua terra e deixa

A cena mais colorida,

Quem ama o sertão merece

As graças de uma prece

À Mãe do Céu dirigida.

Humberto Paz

*

Eu fico toda enxerida

Pra falar do meu sertão

Vou retirando palavras

De dentro do coração

Nessa minha ladainha

Vou fazendo louvaminha

No percurso da oração.

Dalinha Catunda

*

Pra visitar meu torrão

Topo qualquer desafio.

Também não meço distância.

Vou correndo a mais de mil.

Toco no rumo de lá.

Só precisa alguém falar

Para acender o pavio.

Humberto Paz

*

Com meu linguajar macio,

Com seu canto nordestino,

Nós fomos trocando versos,

Sem cometer desatino.

Esse canto sertanejo,

É fruto do nosso desejo,

Com muito gosto eu assino.

Dalinha Catunda

*

Aprendi desde menino,

Nas sagradas escrituras,

Que amar é tudo de bom.

Entre a cozinha e a costura,

Mamãe com gestos suaves.

Vou guardar a sete chaves,

Esta sua assinatura.

Humberto Paz

*

Versos e fotos de:

Dalinha Catunda e Humberto Paz 

dalinhaac@gmail.com

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