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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os grandes romances estão de volta

A IMPORTÂNCIA DOS GRANDES ROMANCES NA LITERATURA DE CORDEL
Os grandes romances poéticos seguem padrões similares aos romances em prosa, acompanhe alguns aspectos, como: critérios rigorosos de forma, conteúdo e apresentação.
Forma:
  • estabelecer nas primeiras estrofes, sempre em sextilhas, como sempre nos alertou Rodolfo Coelho Cacalcante, e tantos outros poetas, o enunciado do tema que vão narrar;
  • o apelo ao sucesso da narrativa que vai iniciar(às entidades clássicas, como deuses da mitologia, musas, santos, etc.;
  • explicitar o caminho de suas narrativas;
  • manter a expectativa do “grande final” – se vitoriosos ou trágicos;
  • chamar a atenção do leitor para o processo narrativo (modalidade poética; metrificação; e formatação física): sextilhas, 7 sílabas, 32 páginas, tamanho 12 x 15cm; e,
  • cuidar bem da elaboração da capa; da seleção do título (o mais sugestivo que a imaginação do poeta lhe permitir), também são atributo essenciais ao sucesso do romance.
Performance
  • o narrador-poeta é peça fundamental para obter a atenção do ouvinte-leitor – sua entonação, suas pausas propícias, estabelecem um clima de tensão, mantendo o ouvinte-leitor atento e curioso para o desfecho da narrativa. Os primeiros romances poéticos vindos de tradições orais, e como tal, eram cantados e/ou declamados em praças, feiras e festas públicas.
  • Venda: a conquista da venda, à época das grandes produções tipográficas, diferente dos romances em prosa, dependia da performance do cantador e/ou declamador, que de feira em feira, de praça em praça, cantava chamado a freguesia. O desembaraço, a perspicácia e astúcia, eram fatores determinantes para garantir a boa vendagem. Convém lembar que a figura do cantador de romance, nos tempos atuais foi suprida pela venda nas redes sociais.
Os romances são norteados por ingredientes comuns, tanto em prosa, quanto em versos, os grandes temas:
Temas
  • o amor, encantamento,  aventura, e bravura, são os mais recorrentes e continuam a chamar a tenção do leitor, mesmo no dias atuais;
  • a figura da mulher é presença marcante em todos os romances e, vale a pena acompanhar sua tragetória.
Nos primeiros grandes romances a figura da mulher sempre esteve presente e apresentada sob vários pontos de vista:
  • a esposa-mãe, zelosa de seu marido e casamento e da guarda e educação dos filhos, esta foi a principal característica atribuída à mulher naqueles tempos, nos romances medievais, lá na Europa;
  • a mulher sob a ótica do divino: a virtude das santas, e das musas, a filha obediente e casta, acima qualquer suspeita de conduta (a pura e casta), a quem dirigem seus apelos pela capacidade de inspiração poética:
Manoel Camilo dos Santos, um de nossos grandes romancista inicia o ramance com todos os apelos comuns aos grandes romancistas. Veja em A rainha da floresta e a fera humana, (1958), todos estes ingredientes, fundamentais. Veja abaixo:
Eu combinei com Apolo
Com Minerva e com Diana
Para escrever essa história
Que até o título é bacana
A rainha da floresta
Inclusive a fera humana.”
Segue deixando claros os papéis da mulher (esposa / filha / meretriz). Chama a atenção para as consequencias do rompimentos dos valores estabelecidos, seja por vontade própria seja por infortúdio (assalto, roubo ou outra agressão qualquer).
(...)
A donzela que não desse
valor a honestidade
estragasse o seu papel
de pudor e castidade
tinha que ser castigada
com grande severidade

E quando uma dessa estava
esperando a descansar
asso, qie focava boa
o rei mandava botar
o seu filhinho nas matas
p’ra qualquer fera devorar.

Dizia o rei: - eu não quero
geração de meretriz
sabemos que a má árvore
só dar o fruto infeliz
e o filho de bom casal
deixa a nação feliz.”
Neste romance Manoel Camilo dos Santos reune todos os ingredientes para o desenrolar de uma boa história. O meio social em que se desenvolve, a época, o local, personagens e antagonistas. Sem esquecer que e meio a tudo o poeta nos traz elementos do mágico, do maravilho, os seres da floresta, que interagem com os personagem e dão forma a obra. Leia cuidadosamente, e estou certa de que vai mergulhar num mundo de muitas fantasias.
Santos, Manoel Camilo dos. A rainha da floresta. Editor Proprietário : Manoel Camilo dos Santos. Campina Grande: A Estrella da Poesia, 1958. 32 p.




http://www.docvirt.no-ip.com/asp/folclore.asp?bib=cordel&pasta=C0805
Hoje, felizmente alguns poetas estão retomando a publicação de romances, que com o avanço tecnológico e a rapidez das informações acabaram ficando meio "mornos", nestes tempos.Temos lido folhetos de São Paulo e do Nordeste, como 
A mulher entrou na cena produtiva da literatura de cordel não como musa, fonte de inspiração, mas como criadora. E o melhor de isto isto é que a prudução feminina abre novas formas de abordar e divulgar as temas da vida social, dos costumes, e, principalmente: um novo olhar.
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