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segunda-feira, 1 de março de 2010

CATALOGAÇÃO DE CORDEL


Foto e texto de Maria Rosario


Catalogação de cordel
1
Caros amigos, leitores
Venho aqui para explicar
Neste trabalho exaustivo
De quem vive a pesquisar
A maneira mais correta
Do cordel catalogar
2
Mas com verso de cordel
Há que ter muito cuidado
Se o cabra não for bom
Vai ficar atrapalhado
Escrever muita besteira
Ficar desarticulado
3
No Centro Nacional
De Cultura Popular
Acervo de cordel é
Referência singular
Poeta de toda parte
Vem aqui depositar
4
Seus folhetos de cordel
Para conosco gravar
A Memória permanente
Da cultura popular
A Cordelteca respalda
A poesia popular
Seu valor tradicional
5
Em cordel, na informática
Da Amadeu Amaral
Dentro de nosso sistema
Código é dado especial
Local, então, nem se fala
É coisa fundamental
6
Nosso Registro é fiel
A polêmica é autoral
O acróstico, identifica
Título é fundamental
Cada qual dando notícia
Da história universal
7
A Responsabilidade
É como se apresentar
E se for proprietário
Vale à pena assinalar
Constar Série é muito raro
Edição deve constar
8
Imprenta, que nome estranho!
Nada mais que o lugar
Onde o folheto foi feito
Pense em prensa pra informar
A gráfica é importante
Mais importante é datar
9
Descrição que coisa louca
Páginas, estrofes, versos
Identificar a métrica
Olhando estilos diversos
Se galope, se mourão
E outros mais controversos
10
Nas Notas vale dizer
Sobre o visual da capa
Se é feito em xilogravura
Ou se é desenho à tapa
E sempre o primeiro verso
Ajuda a montar o mapa
11
Chega a vez dos Descritores
Outro nome complicado
Nada mais do que o assunto
No cordel catalogado
Mas pra quem tem um tesauros
Tudo está facilitado
12
O tal IN, parte do todo
Arre, coisa complicada...
Agora vamos falar:
Deixa a gente abestalhada
Poderemos com cuidado
Ter a trama explicada
13
Atenção! todo o cuidado
Com folhetos reservados
Têm os versos copiados
Pelo tempo desgastados
Serão higienizados
E logo recuperados
14
Tem folhetos de 8 páginas
que facilitam a venda
o poeta economiza
pra manter sua vivenda
vai compondo os seus versos
que sem mistérios desvenda
15
São de 32 páginas,
Os folhetos de romance
princesas e outros heróis
Descritos em suas nuances
Nesta nossa Cordelteca
compondo grandes romances
16
Existem folhetos em prosa
descrevendo com firmeza
ensinamentos locais
em toda a sua beleza
O poeta dá lições
Pra preservar a natureza
17
Horóscopos, anuários
o cordelista sagaz
Entende das estações
E quando o plantio se faz
Tem os olhos nas estrelas
Buscando ser eficaz
18
Todo folheto contem
Verso, rima e oração
Não podendo esquecer
Sua metrificação
A rima traz a beleza
que nos fala ao coração
19
Contém sempre grandes temas
Os abecês são famosos
Seguindo nosso alfabeto
Trazem temas ardilosos
Chamados de abecedários
Sempre em versos primorosos
20
Nestes folhetos encontramos
Da lavoura os saberes
Dela, o alimento se extrai
Conservando seus poderes
Sua riqueza é imensa
Se com ela conviveres
21
Meu pai foi um grande mestre
Me ensinou tudo que sei
O gosto pela leitura...
O que sou e sempre serei
Dominava a poesia
Isto eu presenciei
22
Também foi bom seresteiro
Violeiro e cantador
Dele eu herdei o gosto
Porém, não tenho o pendor
De fazer versos rimados
Como um vate de valor
23
Nos meus tempos de criança
O meu pai contava histórias,
Muitas que ainda trago
Bem guardadas na memória,
Nas noite de lua cheia
Sem caráter de oratória
24
Eram noite de encanto
No terraço sob o luar
Aquele homem sisudo
Com sua viola a tocar
Narrava com alegria
Sempre os versos a rimar
25
Encantava os seus filhos
Fazendo as brincadeira
Que a todos agradavam
Tinha a dança das cadeiras
Que a meninada gostava
Valia uma noite inteira
26
Tínhamos “boca de formo”
“Farão tudo que eu mandar?”
Lá vai: Boca de forno !
O seu mestre vai gritar
Sem se rir e titubear
Farão o que mestre mandar...
27
Buscando leveza e graça
Minha rima não é reta
Fiz só uma brincadeira
Visto que não sou poeta
Para um Manual que é massa!
Penso atingir essa meta
28
O ACRÓSTICO registra
A verdadeira autoria
Lá no final do poema
Você lá encontraria
Ele, o verdadeiro autor
Sua marca deixaria
29
Receita, só na cozinha
Ou em canto similar
Será que valeu à pena
Agora isto aqui tentar?
Reflita, leitor amigo,
Isto que agora vos digo
O futuro há de julgar
FIM
Rio de Janeiro, março de 2009
Maria Rosário Pinto
(apoio Sepalo Campelo)

5 comentários:

  1. Legal poetisa a tal idéia tão genial. Gostei demais do titulo. Sui generis. Bom saber que o cordel terá um toque mais sutil através do coração feminino. Muito bom. Parabéis

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  2. Dalinha,muito dificil fazer cordel de boa qualidade e aqui encontrei essa maravilha de texto!Mais um lindo blog de sua autoria!Parabéns!Bjs,

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  3. Rosário, que maravilha! Parabéns pelo belíssimo cordel. Sucesso sempre, querida! Beijos, com carinho.

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  4. SAM,
    Obrigada pelo seu apoio. Esperamos manter qualidade e responsabilidade. A mulher atravessa fronteiras e rompe preconceitos e barreiras, sem perder o prazer e a alegria.
    Beijos,
    Rosário

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  5. Obrigada Gilmar Leite,
    E Anne Liere Também.
    Sam, minha boa amiga,
    que tanto quero bem.
    Agradeço o incentivo,
    Isso é mais um motivo,
    de querermos ir além.

    Beijos,
    Dalinha

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