A MULHER E SUAS PREGAS
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A mulher de hoje em dia
Parece uma assombração.
Nos peitos põe silicone
Para ficar de peitão,
Com duas bolas bem duras
Faz a sua exibição.
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A bunda já não balança
Quando ela vai caminhar,
Prótese de silicone
Nos quartos mandou botar,
Se sentar num alfinete
A bunda vai detonar.
*
A boca fica bicuda,
Careta faz ao sorrir.
Livre das velhas pregas
Não sente a testa franzir,
Agradece ao botox
Pelas pregas destruir.
*
Respeito as minhas pregas,
Respeite as suas também.
Não tem jeito que dê jeito,
Quando dona idade vem.
Mostram nas mãos e pescoço
A idade que a gente tem.
*
A prega é como cacimba,
Cavada num bom lugar
Quanto mais água se tira,
Mais nasce pra se tirar.
Assim é a trajetória
Da mulher se preguear. “
Dalinha Catunda
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ZEWALTER
Pra lhe dizer a verdade,
Vejo rugas só num canto
Dos olhos amendoados.
Porém, não são assim tanto,
Só se for mais para baixo,
Como de repente eu acho
Para causarem espanto.
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DALINHA CATUNDA
As pregas que tenho embaixo
Não posso mostrar pra tu,
Se eu mostrasse, com certeza,
Acabava em sururu;
Meu escracho não é tanto,
Se contente com as do canto,
Vou lhe poupar o rebu.
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ZEWALTER
Ufa! Fiquei assustado
Com seu jeito de rimar.
Vem aí chumbo do grosso
Comecei a imaginar:
Se bem conheço a poeta,
Vai botar o meu na reta
Sem sequer aliviar.
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DALiNHA CATUNDA
Eu não me espanto com pouco
Nem venha me cutucar.
Você chegou provocando,
Eu quieta em meu lugar.
Se eu franzir a minha testa,
A brincadeira não presta
E você vai me aturar.
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