O CORDEL
EM CORDEL
Perguntaram certa vez
Ao mestre Raymond Cantel,
Um francês estudioso
Que saber tem a granel
O que vinha a ser, de fato,
Ao pé da letra, o cordel.
Já podia bem de antes
Por certo conceituar
De “narrativa e impressa”,
Vindo ele a acrescentar,
Com maior convencimento,
A palavra “popular”.
O cordel, definitivo,
Pôde um conceito ganhar:
“É POESIA NARRATIVA,
IMPRESSA E POPULAR”,
Por essa forma, podendo
O que se pensa, narrar.
Cordel são esses folhetos
Com estrofes uniformes
De seis, sete, ou dez versos
Com os temas mais disformes
Que podem ser muito curtos,
Médios, maiores, enormes.
Só depende da temática
Que se pretende narrar,
Geralmente, se romance
Não se pode condensar,
Se obriga o cordelista
As emoções detalhar.
Pode ser de oito páginas
Ou mesmo de dezesseis,
Mas, se vê de vinte e quatro,
Trinta e dois, quarenta e seis,
Variam pela importância
Dos eventos e das greis.
Quando o tema é de humor,
De chacota, brincadeira,
Vão até dezesseis páginas
Fazer maior é besteira,
Pra contar dá o espaço
Ignorância ou leseira.
Mas, qual o significado
Do termo, com precisão?...
É porque eram vendidos
Nas feiras ou barracão
Quase sempre pendurados
Em barbante ou em cordão.
De início eram vendidos
Nas feiras das redondezas
Sobre lonas pelo chão,
Então em cima das mesas
Lá cantavam os poetas
Suas estrofes belezas.
De cordão veio o cordel
Esse nome consagrado,
Esse folheto de feira
De bom serviço prestado
Na formação, no informe,
Em tudo que é contado.
Outras interpretações
Aparece quem as faça,
Já ouvi de “sabichões”
Talvez até por chalaça
Que não passa tudo isso
De uma estória sem graça.
Também nos dizem que ele
Não nasceu cá no Brasil,
Que veio de longas plagas
Já trazendo esse perfil,
Que aqui se encravou
Como um tiro de fuzil.
Mas, o cordel que nós temos
Com o poder de encantar,
Tão perfeito que o leitor
Pode os seus versos cantar,
Esse não veio de fora
Isso eu posso assegurar.
O que veio lá de fora
Foi folheto sem tal forma
Com versos desfigurados
Tendo até prosa por norma,
Artigos, pequenos contos,
Que ao cordel só deforma.
Esses folhetos de feira
Que chamamos de cordel
Com as regras definidas,
Com seu formato fiel
Esse é todo brasileiro
E nós temos a granel.
Ele está na escola e rua,
No reisado e na ciranda,
Há muita gente escrevendo
E lendo pra toda banda,
Fato é que a produção
Vai criando uma demanda.
Já não é só no Nordeste
Que o cordel se vê mais,
Também é composto e lido
Lá pelas Minas Gerais,
São Paulo, lá pelos pampas,
Acre, Rodônia, Goiás.
Pelo Rio de Janeiro
Já tem muito menestrel,
E essa literatura
Fazendo um belo papel
Tem a sua Academia
Brasileira de Cordel.
............
Perguntaram certa vez
Ao mestre Raymond Cantel,
Um francês estudioso
Que saber tem a granel
O que vinha a ser, de fato,
Ao pé da letra, o cordel.
Já podia bem de antes
Por certo conceituar
De “narrativa e impressa”,
Vindo ele a acrescentar,
Com maior convencimento,
A palavra “popular”.
O cordel, definitivo,
Pôde um conceito ganhar:
“É POESIA NARRATIVA,
IMPRESSA E POPULAR”,
Por essa forma, podendo
O que se pensa, narrar.
Cordel são esses folhetos
Com estrofes uniformes
De seis, sete, ou dez versos
Com os temas mais disformes
Que podem ser muito curtos,
Médios, maiores, enormes.
Só depende da temática
Que se pretende narrar,
Geralmente, se romance
Não se pode condensar,
Se obriga o cordelista
As emoções detalhar.
Pode ser de oito páginas
Ou mesmo de dezesseis,
Mas, se vê de vinte e quatro,
Trinta e dois, quarenta e seis,
Variam pela importância
Dos eventos e das greis.
Quando o tema é de humor,
De chacota, brincadeira,
Vão até dezesseis páginas
Fazer maior é besteira,
Pra contar dá o espaço
Ignorância ou leseira.
Mas, qual o significado
Do termo, com precisão?...
É porque eram vendidos
Nas feiras ou barracão
Quase sempre pendurados
Em barbante ou em cordão.
De início eram vendidos
Nas feiras das redondezas
Sobre lonas pelo chão,
Então em cima das mesas
Lá cantavam os poetas
Suas estrofes belezas.
De cordão veio o cordel
Esse nome consagrado,
Esse folheto de feira
De bom serviço prestado
Na formação, no informe,
Em tudo que é contado.
Outras interpretações
Aparece quem as faça,
Já ouvi de “sabichões”
Talvez até por chalaça
Que não passa tudo isso
De uma estória sem graça.
Também nos dizem que ele
Não nasceu cá no Brasil,
Que veio de longas plagas
Já trazendo esse perfil,
Que aqui se encravou
Como um tiro de fuzil.
Mas, o cordel que nós temos
Com o poder de encantar,
Tão perfeito que o leitor
Pode os seus versos cantar,
Esse não veio de fora
Isso eu posso assegurar.
O que veio lá de fora
Foi folheto sem tal forma
Com versos desfigurados
Tendo até prosa por norma,
Artigos, pequenos contos,
Que ao cordel só deforma.
Esses folhetos de feira
Que chamamos de cordel
Com as regras definidas,
Com seu formato fiel
Esse é todo brasileiro
E nós temos a granel.
Ele está na escola e rua,
No reisado e na ciranda,
Há muita gente escrevendo
E lendo pra toda banda,
Fato é que a produção
Vai criando uma demanda.
Já não é só no Nordeste
Que o cordel se vê mais,
Também é composto e lido
Lá pelas Minas Gerais,
São Paulo, lá pelos pampas,
Acre, Rodônia, Goiás.
Pelo Rio de Janeiro
Já tem muito menestrel,
E essa literatura
Fazendo um belo papel
Tem a sua Academia
Brasileira de Cordel.
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