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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

RACHANDO SAUDADE

Fred Monteiro
Paulo Moura

Dalinha Catunda

Rachando décimas com quem entende do assunto:
Fred Monteiro e Paulo Moura

SAUDADE QUE RACHA
Dalinha Catunda
É quando a saudade bate
No coração do sujeito
Que o nó aperta no peito
E nem cachaça rebate.
Trava um intenso combate
Bebe e tropeça na marcha
E tudo por uma racha,
Que rachou seu coração
Fica de quatro no chão
Porém sossego não acha.
*
Fred Monteiro
Uma racha assim rachada
Não é coisa que se acha
Nem na alta nem na baixa
Do mercado em ascenção
Basta ver a confusão
Que uma tal racha causa
Quando o sujeito se casa
Com esse artigo arrochado
Fica “tizco” e estropiado
Troncho, zambeta e sem asa
*
Paulo Moura
… Sua mente não relaxa
Pensando na infeliz
No peito uma cicatriz
E a sua moral em baixa
Nada na vida se encaixa
Comovendo todo povo
Se transforma num estorvo
Para quem quer lhe ajudar
Quando dá fé, está num bar
Tomando cana de novo!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Academia dos Cordelistas do Crato homenageia Dalinha Catunda

Xilogravura : Carlos Henrique
CORDEL DE SAIA divulga homenagem prestada à poeta Dalinha Catunda feita pelos acadêmicos da Academia dos Cordelista do Crato – ACC. Josenir Lacerda, como de costume, feliz em suas composições, não deixou a desejar sobre a parceira de blog. Captou com muita sensibilidade a saga desta mulher valente, guerreira e que ultrapassou todas as dificuldades que a vida lhe apresentou, sem contudo curvar-se à adversidade, antes pelo contrário, retirou dela a energia e a inspiração para transformar a dor em prazer de poetar. Josenir Lacerda afirma a saga de Dalinha Catunda nos versos abaixo:
*
Dalinha Catunda a Abelha do Sertão
1
Vieram me perguntar
Quem é mesmo essa Dalinha
Que tão faceira caminha
Sem no verso tropeçar
Que sabe tão bem falar
Com carinho e precisão
Das belezas do sertão
Empolgada e sem preguiça
Nossa saudade ela atiça
No forno do coração
2
Essa “cabôca” sem par
Respondo sem ter receio
É daqui do nosso meio
Digo sem medo de errar
Da cultura popular
É ferrenha protetora
É mestra e divulgadora
Enaltece o seu valor
Com zelo e com destemor
Do cordel é defensora
3
Em Ipueiras nascida
Na sua história mergulha
Da sua terra se orgulha
Fala dela comovida
É temática preferida
No verso e na poesia
Visita com alegria
O seu berço abençoado
Onde viveu no passado
E se dedica hoje em dia
4
É poeta cordelista
Com destaque no cenário
E no palco literário
Ela é protagonista
Não perde a cena de vista
Pois sabe como atuar
Nem precisa simular
O enredo lhe pertence
Essa brava cearense
Tem história pra contar
5
Para falar de Dalinha
Tem que falar de roçado
De floresta, rio e gado
Fogão de lenha e cozinha
Do baú na camarinha
Guardando sonho e segredo
Da chuva e do arvoredo
Emoldurando a paisagem
Do vaqueiro de coragem
Que enfrenta a vida sem medo
6
Tem que citar reza e fé
História de assombração
E o ribombar do trovão
No dia de São José
O canto do caboré
A cantiga do vim-vim
O orvalho do capim
Depois de fina garoa
Falar de cantiga e loa
Mel de engenho e alfenim
7
É a típica sertaneja
Tão criativa e prendada
Que do pouco ou quase nada
Retira o que ela deseja
Conquista tudo que almeja
Pela determinação
Busca sempre a solução
Com base no otimismo
Contorna qualquer abismo
Com fé, garra e devoção
8
Dalinha é flor agrestina
Sem laço com a primavera
É a certeza da espera
No sorriso de menina
É professora que ensina
A regra do bem viver
Sempre disposta a aprender
Retira a lição na dor
Na certeza que o amor
Sempre irá prevalecer
9
Posso dizer que ela é
Da mulher representante
Pois a postura garante
Da sertaneja de fé
Nadando contra a maré
Conquistou a calmaria
Hoje abriga a alegria
Dela faz repouso e leito
Tem no carisma e no jeito
A doçura de Maria
10
É esposa dedicada
Mãe amiga e exemplar
Porém sabe regular
Na hora necessitada
Pra ela, a palavra dada
Pode bater, mas não volta
Com o errado se revolta
Enfrenta pedra e espinho
Até achar o caminho
Achando, pega e não solta
11
Dalinha quando verseja
Não precisa de viola
O verso sai da cachola
Da forma que ela deseja
Feito um manjar na bandeja
Dourada da inspiração
Faz da rima refeição
Se der um tema ela aceita
Se o mote é fraco ela ajeita
Com seu toque de condão
12
É exímia cordelista
E ao cordel é dedicada
No verso sabe ser fada
No palco já é artista
No jornal e na revista
Sua foto eu avistei
Confesso que me orgulhei
Porque já sou sua fã
E um sentimento de irmã
Por ela sempre terei
13
Já ouvi ela falar
Que é abelha do sertão
Que faz mel, mas tem ferrão
Pra hora que precisar
Ela não sabe atacar
Mas sabe se defender
Se a marmota aparecer
Não corre, fica e enfrenta
A peleja ela agüenta
Até botar pra correr
14
Só quem conhece é que sabe
O valor dessa mulher
Que luta pelo que quer
Nem que a muralha desabe
Mas só entra onde lhe cabe
Porque tem discernimento
Escolhe a hora e o momento
O rumo e a direção
Porque só entra em ação
Pra garantir o evento
15
 Modesta apresentação
Eu ousei oferecer
E quem quiser mais saber
Vai ter que entrar em ação
Buscar rumo e direção
A ela se dirigir
Então irá assistir
A um atraente relato
Enredo de sonho e fato
Que dá prazer de ouvir
16
Pois pra definir Dalinha
Carece mais que um cordel
Haja verso, haja papel
Pra falar dessa rainha
Mas no espaço que eu tinha
Dei meu singelo recado
O resto fica guardado
Nossa amizade é quem diz
Que ela seja bem feliz
E o seu lar abençoado 
(Josenir Lacerda)
*
Nos primórdios de nossa literatura, à mulher cabia o papel de musa – a bela mulher que inspirava a todos,como: mãe, esposa, e filha exemplar. Responsável pela condução do lar (a organização dos afazeres domésticos, à satisfação social do marido, a educação dos filhos, etc). Dalinha recusa-se a engrossar o caldo das musas passivas e objeto temático de poetas. Rompe fronteiras e quebra preconceitos e esteriótipos. Veja no poema abaixo:
*
Sou assim...
Não peço licença à musa
Quando quero poetar.
Na hora que o santo arreia
Meto pau a registrar
Minha simples poesia,
Onde não vejo heresia
Em meu modo de atuar.
*
Tenho dois nomes de santa,
Que me foi dado na pia.
O segundo é Lourdes
O primeiro é Maria.
Mas pra fugir desta linha
Preferi usar Dalinha,
Que é a cara desta cria.
*
Da minha mãe eu herdei
O sobrenome Aragão,
O herdado de meu pai
Causa certa confusão
Mesmo rimando com bunda
Gosto do nome Catunda
E uso com satisfação.
*
Não curto meias palavras
Meu pavio é meio curto,
Mesmo assim sou atinada
Por pouco, não entro em surto.
Não sou de mandar recado
Não sei o que é pecado
E de viver não me furto
(Dalinha Catunda) 
*
Sua coragem e generosidade são contagiantes, nos anima na busca de novos caminhos. Por esta razão me atrevo a dizer que Dalinha Catunda é o que os grandes menestréis identificam como poeta musa cheia.
Os versos que dedico a ela, fruto de sua generosidade são:
*
Apresento para vocês
Uma Cobra bem criada
Versos de Dalinha são,
Pra ficar embasbacada
Seu humor é transbordante
E de forma apimentada
(Rosário Pinto) 
Fique por aqui e deixe sempre seu comentário ou o envie para:
cordeldesaia@gmail.com

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Notícia do CARNAVAL 2012 - Cordel BRANCO & ENCARNADO


CORDEL DE SAIA foi conferir e repassa notícia oferecida por Fernando Assumpção, nos desfiles da Acadêmicos do Salgueiro, nos dias 20/02/2012. Os membro da ABLC compuseram as Alas de Príncipes e Reis e Rainhas. Para registrar aqui a passagem da literatura de cordel com tema enredo de uma das Escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro, deixo aqui uma setilha: 
*
Foi aquele vendaval!
(Rosário Pinto)
Neste Carnaval 2012, a Marquês de Sapucaí, palco mundial da maior festa popular do planeta, desfilou vários tema da cultura popular nordestina.

Poetas que desfilaram pelo Salgueiro
*Com o enredo “Cordel Branco e Encarnado”, a Acadêmicos do Salgueiro foi a terceira escola a desfila na segunda feira de carnaval, 20/02/12. O desfile contou com a participação dos Acadêmicos da ABLC Victor Alvim (Lobisomem) e Maria Rosário Pinto, alem do Poeta Josinaldo Mocó e o Gestor de Projeto da ABLC, Fernando Assumpção.
O salgueiro ficou em segundo lugar com apenas 2 décimos de diferença da campeã Unidos da Tijuca, que levou o enredo sobre o Rei do Baião Luis Gonzaga, que comemorará 100 anos de seu nascimento no inicio de dezembro deste ano. Músico de talento comparável a João Gilberto, Noel Rosa e Tom Jobim pela contribuição a Musica Basileira. 
*

A ROSA DE NIKO


A ROSA DE NIKO
*
Uma rosa oferecida
Sendo xilo ou natural
É presente especial,
E sempre bem recebida.
Recebendo dou guarida
Dentro do meu coração,
Pois mexe com a emoção
Trazendo felicidade,
E se traduz amizade
Registro a satisfação.
Dalinha Catunda
*
A amizade é uma flor
que com o tempo floresce
sentimento que parece
a grandeza do amor
beija o belo beija-flôr
a singela margarida
na beleza tem guarida
as palavras de Dalinha
que encantou a rosa minha
e enfeitou a minha vida.

João Nicodemos
*
A rosa de Nicodemos
Oposto da de Hiroshima
Cativa, afaga, sublima
Por isso é que agradecemos
Eu e Dalinha, já temos
Impressa em linda figura
A flor de xilogravura
Cuja arte vem à lume
Só falta exalar perfume
Nossa especial gravura.
Josenir Lacerda
*
Xilo de João Nicodemos
*
Esta xilo foi presente que recebi do músico, poeta e xilógrafo João Nicodemos que conheci no III Seminário do Verso Popular em Crato. Quero aqui agradecer a atenção de Niko e o carinho de todos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

CANTE DE LÁ QUE CANTO DE CÁ


Quer entrar neste cordão?
 Mande sua estrofe.
*
Pedro Monteiro
O Cordel de Saia tem
Mulheres de opinião,
E com tantas flores juntas
Saltita o meu coração
Como se fosse um jequi,
Mas vou parar por aqui,
Pra não criar confusão...

*
Dalinha Catunda
Pedro meu muito obrigada
 Pela sua interação,
Você cantando cordel,
Mais parece um folião.
No blog Cordel de Saia
Ninguém vai fugir da raia
Pode puxar o cordão.
*
vou puxar mais um pouquinho
estender esse cordão
com a permissa dessas moças
vou tecendo esse refrão
e vô saindo de fininho
sem desentoar a rima
pra seguir com a criação

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

DIDEUS SALES E DALINHA CATUNDA

Da esquerda para direita: Dalinha Catunda, Dideus Sales e Rosário Pinto

 HOJE NO CANTE DE LÁ QUE CANTO DE CÁ:
 DIDEUS SALES E DALINHA CATUNDA

DS
Dalinha, quando degusto
A tua literatura,
Às vezes até me assusto
Com tanta desenvoltura.
Acho que tu és elétrica,
Pois produz muito, e a métrica
Agora está bem na linha!
O verso tá bom de um jeito,
Que ao ver um verso bem feito
Já penso que é de Dalinha!
DC
Dideus eu fico contente
Com tua apreciação.
És um vate competente
Esta é minha opinião.
Nos versos tu és atleta
Que traz a alma repleta
De inspiração e magia
A tua maior riqueza
Concentra-se na beleza
De difundir alegria.
*
Dalinha e Dideus Salles
Eu também quero cantar
Nestes versos, cirandar.
Vocês são dois belos vates
Mas se fossem alfaiates
Iriam costurar versos
Cerzindo metros diversos
Alinhavando a poética
Belo ritmo e métrica
Facilitando os acessos.
(Rosário Pinto)

Foto de Dalinha Catunda
Décimas de Dideus e Dalinha

GONZAGA O REI COROADO


GONZAGA O REI COROADO
*
Traz a Unidos da Tijuca
A grande celebração.
Na avenida coroado
 Será o rei do baião.
Nosso saudoso Gonzaga
Que segue com sua saga,
Encantando a multidão.
*
Luiz já é consagrado,
Pois reinar é seu destino
Encantou todo Brasil
Com o seu canto divino.
Recordar o Gonzagão
É mexer com o coração
Desta nação nordestina.
*
Quero ver o povo inteiro,
Fazendo sua louvação,
Homenageando Lua,
Luiz o rei do baião
Quero ver o sanfoneiro
Neste Rio de Janeiro
Em plena coroação.
*
Versos de Dalinha Catunda
Imagem: unidosdatijuca.com.br