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sexta-feira, 29 de abril de 2011

FIO DA NAVALHA

Fio da navalha
1
O fio da navalha é
Muitas vezes perigoso
Manejá-lo é ofício
De barbeiro habilidoso
Na vida se deve sempre
Ser bastante cuidadoso
2
Pois vivemos situações
Que nos deixam à deriva
Sempre buscando equilíbrio
Nos frágeis fios da vida
Num andar desajeitado
Buscando alguma acolhida
3
Há dias que relutamos
A nos levantar da cama
O corpo cansado grita:
-Quero ficar de pijama!
Mas o dever solicita
Não vale psicodrama
4
Saímos para o trabalho
Naquela lida infinita
Conduções sempre lotadas
Todo mundo se agita
E naquele empurra-empurra
Do mundo cosmopolita
5
Chegando ao nosso trabalho,
Há sempre muito a fazer
São milhares de papéis
E tudo pra resolver
São oito horas diárias
Sem poder nos abster
6
Na hora da Ave-Maria
Nosso dia chega ao fim
Com problemas resolvidos,
Saímos pro botequim
E tomar uma cerveja
Requeijão com aipim
7
Andamos na corda bamba
Com a vida por um fio
Todo dia, sempre igual:
Viver sob calafrio,
Dia e noite, noite e dia
A vida é um desafio
(Rosário Pinto)
abril, 2011
*
No seu fio da navalha
No poema o padecer
Entre o ser o verbo ter
Que conjuga o canalha
Pra não ser fogo de palha
E fugir do desvario
Conduzir nosso navio
Neste mar de poesia
Dia e noite, noite e dia
A vida é um desafio
*
E assim desafiar
Obstáculos da vida
Superar penosa lida
E assim ir ao lugar
Onde nós vamos chegar
Pra viver com todo brio
Não ligar para sombrio
Quando ele arrelia
Dia e noite, noite e dia
A vida é um desafio
*
Neste fio caminhamos
Sempre junto muito abismo
Todo caos é como um sismo
No lugar em que estamos
E assim se versejamos
Novo verso assim eu crio
Nosso verso é como um rio
Que escorre com energia
Dia e noite, noite e dia
A vida é um desafio.
(Allan Sales)
Obrigada, Allan Sales, pelo seu carinho,
Beijinho,
Rosário
Acesse ainda:
http://rosarioecordel.blogspot.com
http://cantinhodadalinha.blogspot.com

TOQUE DOS DIGITAIS


TOQUE DOS DIGITAIS
*
  Estava eu tão distante,
e assim mais ficaria.
Não fosse tua habilidade,
não fosse tua magia.
A senha, sabias de cor,
faltava a digitação.
Convencida entreguei-me,
comandastes a operação.
Ao toque dos digitais,
um novo mundo se abriu.
Janela escancarada,
o gozo em pleno abril.
Onde se lia aguarde ...
Um concluído surgiu. 

*
Texto: Dalinha Catunda
Imagem: tecnologia.terra
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quarta-feira, 27 de abril de 2011

SALA DE VISITA RECEBE ANTÔNIO BARRETO

CORDEL DESENCANTADO
 Antonio Barreto - (Santa Bárbara/BA), residente em Salvador

Todos nós aqui sabemos
Que a cultura anda pra trás...
O governo é incapaz
De ofertar o que merecemos
E assim nós padecemos
Nessa onda da exclusão.
Na literatura, então,
Só tem vez o elitizado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
II
Patativa, lá no céu,
Certamente está chorando
E prossegue reclamando
Sem poder tirar o chapéu
Ao ver tanto malandréu
Mergulhado na ambição
Botar dinheiro na mão
Mesmo sendo afortunado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  III
Tem vez o parlamentar
O juiz, o advogado...
O produtor aloprado
Com seu dom de enganar
E quem merece ganhar
Fica de cuia na mão
Trabalhando sempre em vão
E não é remunerado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  IV
O mundo precisa, sim,
De amor e poesia
De saúde, de harmonia
De justiça, de festim
De um anjo querubim
Que tenha bom coração
Mas é sempre o bom ladrão
De todos o mais lembrado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  V
Na ponga do carnaval
Tem cachê pra pagodeiro.
Da imprensa ao marqueteiro,
Ganhar dinheiro é normal;
Do axé ao escambal,
Haja grana de montão...
E em Salvador, então,
Tem setor que é explorado...
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  VI
Tem barba patrocinada
Conforme fez a Gillete !
É dinheiro feito a peste
Uma eterna marmelada.
2 milhões, meu camarada,
Me causa decepção.
Mas, no mundo da ilusão,
Estarei sempre acordado:
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  VII
Tem até Um Ponto Trê$ 
Para criação de Blog ...
Já estou ficando “groque”
Com tudo que Ela fez
Aliás a  insensatez
Tá no sangue, cidadão !
Mas as “deusas” têm razão,
O Barreto está errado !
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  VIII
De norte a sul do Brasil,
Quem menos precisa ganha;
Prevalece a artimanha
Da cultura varonil
De passar pelo funil,
Por meio de proteção,
Aquele que é grandão
E o resto fica lascado !
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  IX
A grana toda investida
Em projetos musicais
É pomposa de reais
Sem nunca ser dividida
E como não há saída
Nós vamos ao paredão
A cumprir nossa missão
De vate descriminado:
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  X
Toda a elite cultural
Ganha tudo que deseja
E recebe de bandeja
Apoio incondicional
Nesse Brasil desigual
De “Maria” e “Pai João”
Que prima pela exclusão
Deixando o cordel de lado...
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  XI
Precisamos atentar
Aos ruídos da TV...
Tem coisas que a gente vê
Mas não pode revelar,
Então vamos acordar
Para a flecha da exclusão.
Encantado ou falação,
O Cordel será louvado...
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  XII
Nesse espírito mercantil
Tem gente de A à Z  !!!
Vocês têm fome de quê,
Estrelas, do meu Brasil?
Joguem tudo no canil
Deem adeus a ambição
Vamos dividir o pão
Nesse jogo mal jogado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  XIII
Muito mais que indiferença
Aos poetas populares,
Que perdem nos seus falares
Nesse mundo de descrença.
Peço então a nossa imprensa
Que nos dê mais atenção.
E que o brado do sertão
Seja assim sacramentado...
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  XIV
A grana que é da gente
Está indo para o ralo
E muitos vão neste embalo
Sem perceber que a Serpente
Lucra muito facilmente,
Na cultura e educação,
Levando todo tostão
Desse país aloprado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
  XV
Eu não sei se é descaso
Com a cultura popular.
Quero então acreditar
Que Dilma resolva o caso.
Se à vista ou a prazo,
Ela arranja a solução
E põe fim nessa questão
Do cordelista isolado.
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não.
   XVI
Cordeslistas, repentistas,
Legião de emboladores,
Xilógrafos, cantadores,
Meus griôs africanistas
Nós somos fiéis artistas
Sem perder nosso rojão
Vamos cantar o sertão
De coração orgulhado...
Todo artista é respeitado
Porém o poeta não !
XVII
A Globo nos enganou
Com a novela do cordel
Foi deveras infiel
E em nada retratou
A cultura que encantou
O povo dessa Nação
Causando decepção
Nesse “cordel encantado”...
Todo artista é respeitado
Mas o cordelista não !!!
 FIM
Salvador, Abril/2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Victor Alvim "Lobisomem" Prata da Casa


                      SENTIMENTO CANGACEIRO
                              
                                                         Autor: Victor “Lobisomem”
Corre em mim um sangue de CANGACEIRO
E carrego um brilho de LAMPIÃO
Que reflete no aço de um facão
Meu espírito forte e guerreiro
Tenho DEUS como sagrado coiteiro
Pra enfrentar as volantes da maldade
Mentira, traição e falsidade
Me trouxeram angústia e rebeldia
Quando vejo injustiça e covardia
Me desperta a impulsividade

Meu instinto animal se faz presente
Ferindo muito mais do que um punhal
Mas procuro guardar em meu bornal
Alegria e bondade simplesmente
Pontear a viola do repente
Com estrofes de amor e esperança
Pra cantar o xaxado da bonança
E encontrar minha Maria Bonita
Pois a estrada da vida é infinita
E nela cangaceiro não descansa

Trago no peito a minha cartucheira
De carinho e amor bem carregada
Para quando encontrar a minha amada
Minha Maria Bonita cangaceira
Vou fazer rainha a mulher rendeira
E viver nossa vida a namorar
Só a ela que eu vou desejar
De respeito entre nós seremos ricos
E perder a cabeça em nossa Angicos
Só se for de prazer ao te amar. 
*
Foto retirada do blog do autor.
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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sávio Pinheiro - Prata da Casa

A ORIGEM DO CORDEL (TEATRO)
Autor: Sávio Pinheiro
Cenário: Feira Livre com 03 barracas: Banca de Cordel, Barzinho e Venda de Santos.
Mãe sai em feira livre à procura da filha.
Mãe: - Filhinha, cadê você?
Responda-me, por favor!
Pois eu pretendo saber,
Já que por ti tenho amor.
Filha: - Estou procurando um livro...
Algo que tenha valor!
Mãe: - Olhe aqui nesta barraca
Do poeta Gil Vicente,
Quantos livros pendurados,
Que encantam esta gente.
Veja se você encontra
Uma leitura atraente!
A filha se dirige para a barraca, ao lado.
Filha: - Que barraca formidável
A mamãezinha encontrou.
Vendo aqui tantos livrinhos
Muito alegre, eu, já estou,
E este aqui pequenininho
Muito à atenção me chamou.
Mãe: - Este livrinho simpático
Feito com pouco papel
É bastante conhecido
E é chamado de cordel
Podendo sê-lo cantado
Por um cantor menestrel.
Filha: - Minha mãe, me explique agora
Quem formou este escritor
Proclamado de cordel
E que o povo dá valor!
Será ele brasileiro
Ou é lá do exterior?
Sem pensar duas vezes, o dono da barraca, Gil Vicente, exclama:
Gil: - O Cordel é a narrativa
Popular que está impressa
Em folhinhas de papel
Bem cumprindo a sua promessa,
Emitindo informações
De maneira bem expressa.
Filha: - O Cordel é um personagem
Da nossa literatura?

Gil: - Não é não, bela menina,
Inocente criatura!
O cordel é a expressão
Mais honesta da cultura.
Filha: - Pois seu Gil, explique agora
Para toda a nossa gente
De onde surgiu o cordel
Desde quando era semente.

Gil: - Vou explicar direitinho
Ou não sou o Gil Vicente.
Enquanto isso, um bêbado que bebe na barraca ao lado, aparece em cena se fazendo de intelectual.
Bêbado: - O cordel veio da Europa:
Da Espanha e Portugal.
Chegou, aqui, por Salvador,
Que era a nossa capital.
Veio na boca do artista
E era todo musical.
Um seminarista, vendedor de santos e estatuetas, envolve-se com a conversa e comenta:
Seminarista: - Entoando uma viola
Criava-se uma canção,
Que mesmo sem ser escrita
Por habilidosa mão,
Era levada à memória
E gravada com paixão.
Enquanto isso, os feirantes param para ver que peleja interessante está se formando.
Gil: - A disputa versejada
É chamada de peleja;
E a dupla de poetas,
Onde quer que ela esteja,
Fala com sabedoria,
Quero que você já veja.
Um feirante, que transitava no local, parou junto à barraca e instigou os poetas a cantarem em desafio.
Feirante 01: - Quero ouvir uma peleja
Queimando feito espoleta,
A qual envolva a mulher
A cachaça e o capeta,
Pra isso peço ao bebum
E ao Padreco, esta faceta.
Bêbado: - A cachaça é a minha água
E o meu remédio, o aguardente.
A mulher que tenho em casa
É perigosa e valente
Sendo mais ruim que o capeta,
Bem pior que dor de dente.
A sogra do bêbado, que neste momento comprava uma imagem do Padre Cícero, se intromete na peleja:
Sogra: - Seu bebum desajustado
A sua perigosa Aurora
É a minha filha querida,
Que, a todo o momento, chora;
E vai te dar um pé no bucho...
E voltar, comigo, agora!
Outro feirante, que tenta assistir a peleja, pede a continuidade do espetáculo.
Feirante 02: Prossigam no versejar,
Não se levem no fuxico,
Pois sogra só tem um lado,
O qual, agora, eu explico:
Só dá razão à sua filha...
Seja lá qual for o mico.
Seminarista: A mulher é valiosa
Como foi Nossa Senhora,
A cachaça é a perdição
Da noite ao romper da aurora,
E o capeta é um traste ruim...
Bem pior que catapora!
Bêbado: Seu Padreco me desculpe,
Mas não conheces mulher.
Essa aí é a minha sogra
E quando errada estiver
Defenderá sempre a filha
Para o que der e vier.
A sogra, sem se dar conta que está acontecendo uma peleja, se mete mais uma vez.
Sogra: Vagabundo, me respeite,
Pois sou pessoa sincera,
Batalhei muito no mundo
E boa vida me espera,
Porém está tudo escrito:
Tu serás a besta-fera!
Seminarista: Deixem essa discussão,
Falemos do bom cordel,
Da beleza da mulher,
Do seu honroso papel,
Da consequência do vício,
Que amarga, feito fel.
Nesse momento, o poeta Gil Vicente intervém falando do cordel.
Gil: O cordel é um estilo
Recriado no Brasil,
Que depois de recitado
Por um público varonil,
É escrito com decência
Por poetas, nota mil.
Feirante 03: Leandro Gomes de Barros
Foi um poeta popular,
Que editou muitos cordéis

De forma espetacular,
Garantindo, com sucesso,
Uma existência exemplar.
Feirante 01: Não podemos esquecer
Zé Maria e Patativa,
Mundim do Vale e Bidinho,
Outra dupla bem ativa,
Que na viola ou cordel
Mantém cadeira cativa.
Feirante 02: Hoje, o cordel é história,
Sublime literatura,
Está nas salas de aula,
Nas novelas, com bravura,
E na Universidade
Já faz parte da cultura.
Feirante 03: O Ariano Suassuna,
Um autêntico escritor,
Utilizou o cordel
Em pesquisas de valor,
Tendo o Chicó e o João Grilo
Premiado o seu autor
.
Gil Vicente encerra a apresentação cantando um Martelo Agalopado, acompanhado de viola.
O Cordel vem de um tempo tão antigo,
Que na Grécia e Fenícia era normal
E ao passar pela Espanha e Portugal
Encontrou um ambiente bem amigo.
Pra vocês, desta plateia, eu vos digo,
Que o Cordel teve a luz e a persistência,
Pois o bom menestrel com eloquência
Executa contente esta peleja
E o leitor, por mais tristonho que esteja,
Verá sempre esta arte com decência.
GLOSSÁRIO:
Gil Vicente: Grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Viveu no séc. XV e XVI.
Cordel: Corda muito delgada. Os poetas populares as utilizavam para pendurarem os seus folhetos.
Literatura de Cordel: Forma de expressão literária utilizada pelo romanceiro popular nordestino, que se distingue em dois grandes grupos: o da poesia improvisada, cantada nas Cantorias de Viola e o da narrativa popular impressa, escrita em folhetos.
Canção: Pequena composição musical de caráter popular, sentimental ou satírica. Poema épico medieval, feito para celebrar feitos históricos ou lendários.
Peleja: Luta, combate, briga. No Cordel, embate entre dois poetas cantadores ou de bancada.
Viola: Nome de uma família de instrumentos de cordas friccionáveis muito populares nos séc. XVI e XVII. As violas assemelhavam-se ao violino, mas ao contrário destes, tinham fundo plano, tampo abaulado e seis cordas mais finas, mais longas e menos tensas. Instrumento utilizado pelo violeiro cantador.
Leandro Gomes de Barros: É considerado, por alguns, como o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel, tendo escrito mais de 230 obras. Foi o maior poeta popular do Brasil de todos os tempos. Carlos Drumond de Andrade o comparava a Olavo Bilac. Autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, ultrapassou a casa dos milhões, na venda de folhetos.
Martelo Agalopado: Estilo de poema utilizado por cordelistas e cantadores, nos improvisos ou nos textos escritos. Compõe-se de uma ou mais estrofes de dez versos decassilábicos, com ritmo rigorosamente forte, marcando tônicas nas sílabas 3, 6 e 10.
Menestrel: Poeta da Idade Média. Na Europa Medieval era o vate, cujo desempenho lírico se referia a histórias de lugares distantes ou sobre eventos históricos reais ou imaginários.

CORDEL É ATEMPORAL

Marco Haurélio

Caro Marco Haurélio,

Gostei da sua setilha e da abordagem sobre cordel.

 A participação de um poeta de sua envergadura enriquece qualquer página, assim sendo, não haveria motivo para não postar sua contribuição.

Alguns poetas mandaram textos maiores, outros mandaram após o encerramento da Ciranda, mesmo assim estamos postando todos e com você não seria diferente.

Eu, infelizmente, não recebi sua estrofe. Eu minha parceira Rosário nos dividimos na tarefa de enviar e-mails fazendo os convites. Resumindo, você é muito bem-vindo e é um prazer grande tê-lo no Cordel e Saia.

Dalinha Catunda

Cordel é atemporal


Há alguns dias, recebi um e-mail, dirigido também a outros poetas, com o pedido para que falasse sobre o tema "cordel velho X cordel novo".

Enviei a estrofe abaixo, mas a mesma não foi publicada. Publico-a, então, nesse espaço, que se tem constituído em um palco democrático da poesia e, de forma mais abrangente, da cultura brasileira:

Cordel não é rapadura
Transportada num bornal,
É um gênero literário
De um rico manancial
Que agrada a todo o povo;
Não é velho, nem é novo:
Cordel é atemporal.
*
Marco Haurélio

Foto do acervo de Marco Haurélio

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PÁSCOA E PAZ

 Desejo aos amigos do Cordel de Saia uma feliz páscoa com muita paz

PÁSCOA E PAZ

Vamos adubar nosso chão,
Plantar justiça, colher a paz.
Ressuscitar sentimentos
Que tanta falta nos faz.
Repudiar a violência
Pois cada um é capaz.

Chega de tanta violência,
Chega de tanta matança.
Chega de tanta maldade
Envolvendo até crianças.
Vamos semear justiça,
E tentar colher esperança.

Cristo foi crucificado,
Para nossa salvação.
Vamos abraçar o próximo,
Como se fosse um irmão.
Vamos ressuscitar a paz,
E abrandar o coração. 
*
Texto: Dalinha Catunda
Foto: iasddutra.wordpress.com/31/
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www.rosarioecordel.blogspot.com

terça-feira, 19 de abril de 2011

É devoto de São Jorge? Deixe versos para ele.

 Recebi do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e estou repassando.
Convite da exposição "As muitas faces de Jorge", que será inaugurada no próximo dia 28, quinta-feira, às 18 horas, na Galeria Mestre Vitalino do Museu de Folclore Edison Carneiro/Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP).
Agradecemos divulgação para sua rede de contatos.
Atenciosamente,
Setor de Difusão Cultural
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Visite www.cnfcp.gov.br e conheça a instituição
Em homenagem ao dia de São Jorge Um poema de minha autoria
 SÃO JORGE,GUERREIRO DA FÉ

São Jorge Santo Guerreiro,
Que a Jesus não renegou,
Foi soldado foi capitão,
Por nada no mundo deixou
O amor e a fé em Jesus
Em quem sempre acreditou.

Jovem Soldado Romano,
Sempre servo do Senhor.
A mando de Diocleciano,
Que era o cruel imperador,
Foi torturado e degolado
Por defender seu salvador.

São Jorge Guerreiro da fé
Minha arma é a oração.
A verdade é Jesus Cristo.
Você me ensinou a lição,
E por acreditar em Jesus
Enfrento qualquer dragão. 
*
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Moreira de Acopiara, na íntegra

Postamos, aqui, na íntegra o poema do nosso confrade da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com seu depoimento sobre Cordel velho & Cordel Novo. Todos os poetas foram unânimes: cordel, só exite um - aquele de boa qualidade! 
*
O Novo Cordel

1
Têm falado muito por
Aí de Novo Cordel,
E eu também quero me expor,
Porque é esse o meu papel.
O cordel foi minha escola,
Mas ele não me bitola
Nem é meu evangelho.
E acho que o que hoje é novo
E está na boca do povo,
Amanhã já será velho.
2
Entre passado e presente
Precisa haver sintonia,
É importante que a gente
Corra atrás de melhoria.
Tudo, tudo se renova.
O cordel também é prova
De grande transformação.
Melhorou, se renovou,
Mas ele nunca deixou
De se também tradição
3
Os poetas do passado,
Como Leandro e Silvino,
Deixaram como legado
Regras para as quais atino:
Métrica, rima e oração.
Essas três regrinhas são
Ferramentas regulares
Que, nunca modificadas,
Serão sempre utilizadas
Por mim e pelos meus pares.
4
Tudo o que se renovou
Nesse cordel que pratico,
Que com certeza o deixou
Mais empolgante e mais rico,
Com você pode ver,
Foi o jeito de escrever
Dos cordelistas de agora.
Usam-se rica linguagem,
E até mesmo na abordagem
Houve uma grande melhora.
5
Hoje as histórias são feitas
De maneira pragmática.
Usam-se rimas perfeitas,
Observam-se a gramática...
O poeta de hoje em dia
Possui mais sabedoria,
É muito mais preparado.
Sabe o que é “elisão”.
Uma “hiatização”
E um “sentido figurado.”
6
Quando fala sobre bodas
Não se vexa na mensagem.
Conhece muito bem todas
As “figuras de linguagem.”
Lê e decora a cartilha,
Não fica só na sextilha,
Explora modalidades,
Usa a linguagem do povo,
Fala do velho com o novo,
Corre atrás de novidades.
7
Para mim, Novo Cordel
Deve ser tradicional,
Mas ter bonito papel,
Capa com bom visual,
Que seja xilogravura
Ou qualquer outra figura
E, até, em policromia
Uma ilustração decente,
Trabalhada e condizendo
Com o que o cordelista cria.
8
Eu poderia ter feito
Este poema em sextilhas,
Mas me esforcei, dei um jeito,
Caminhei por outras trilhas
E ele em décimas foi escrito.
Pra meu gosto está bonito,
Está cumprido o papel.
Já posso comemorar.
Se quiser, pode chamar
Isto de Novo Cordel.

(Moreira de Acopiara)

domingo, 17 de abril de 2011

Cordel Velho & Cordel Novo - depoimento ALLAN SALES

Leia aqui, o depoimento do músico e poeta Allan Sales sobre a discussão realizada na Ciranda :  Cordel Velho & Cordel Novo
Eu só conheço dois tipos de cordel que não classifico como novo ou velho. Cordel pra mim tem de dois tipos: ruim e bom. É claro que em tempos ancestrais, publicar era algo bem mais difícil, o nível de acesso à informação era bem menor, de forma que pouca gente se atrevia a publicar algo que se desse o nome de cordel, havia mais qualidade pelas obras ancestrais que tive oportunidade de ler. Hoje, com o advento do acesso às tecnologias digitais, qualquer um pode fazer do seu PC uma editora, como eu mesmo faço. 

Conheço muito cordel e cordelistas contemporâneos de qualidade, embora reconheça que andei lendo muita bobagem, coisas sem o menor apuro técnico, assim como coisa com apuro técnico isenta de poeticidade, poesia é algo muito além de métrica e rima. O cordel, como tudo neste mundo é contextualizado. 

E os tempos não voltam mais, como diz o mote, o que interessa é que as pessoas que realmente levam o cordel a sério, sem corromper a tradição e a técnica, assim como sem negar a contemporaneidade de novas temáticas e abordagens tenham o devido espaço e crédito, já que o que é isento de valor estético por si mesmo não se sustenta como obra de arte. Meu cordel não tece loas ao cangaço de Virgulino e sim aos quilombolas de Zumbi, assim como não entra no séquito dos que canonizam o padreco polêmico e mundano de Juazeiro do Norte, também não culpa a seca como vilã única das mazelas sociais, a cerca do latifúndio é o foco dessa crítica, os puristas, passadistas e similares não apreciam, mas, mesmo assim continuo escrevendo um cordel de um nordeste além deste estabelecido por uma tradição escolástica, metafísica determinista, não científica e dialética.
ALLAN SALES
Recife – PE

Convidei Allan Salles para entrar no Cordel de Saia e, imediatamente obtive resposta, na hora, no improvisso. Um cheiro pra você Allan.
Com você Rosário Pinto
Vou seguindo nessa raia
Pra falar desta cultura
Que no mundo se espraia
Onde o cordel tem vez
Mesmo sem ser escocês
Vou seguir Cordel de Saia

ALLAN SALES


Pronto amigo ALLAN SALES
Agora não tem fronteira
Você já está preso às saias
De uma mulher guerreira
Seus versos serão bem vindos
Sempre que abrir a porteira
(Rosário Pinto)
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sexta-feira, 15 de abril de 2011

William J. G. Pinto e o fazer da ciranda

Caros amigos,  nossa Ciranda com o tema: Cordel velho & Cordel novo recebeu inúmeras contribuições, algumas, poemas completos. Selecionamos uma estrofe para a Ciranda e, agora, postaremos todos os recebidos. Iniciamos pelo poeta e Acadêmico da ABLC - William J. G. Pinto
 
Cordel velho & cordel novo

Minha querida Dalinha
Preste bastante atenção
Pois vou falar de Cordel
E da sua evolução
Cordel Velho e Cordel Novo
Um bom tema em questão

Minha querida Rosário
Cordel velho é a raiz
É o inicio de tudo
D’um tempo bom e feliz
E quem estudou Leandro
Sabe bem o que ele diz.

João Martins e Leandro
Nosso mestre de pombal
Junto a João Melchiades
Esse trio é imortal
Pra transformar o Cordel
Num bem imaterial

Se no passado falou-se
Do Pavão Misterioso
Da Saga de Lampeão
Um Cangaceiro Odioso
Hoje o tema pro Cordel
É muito mais assombroso.

A princesa do passado
Hoje mora na favela
Engravida aos 12 anos
Não tem uma vida bela
Hoje temos que pintar
É uma outra aquarela

O ladrão de hoje é rico
Usa terno e tem família
Não vive mais na Caatinga
Mora mesmo é em Brasilia
Ganha pra trocar por mês
Carro, mulher e mobília

A Rima metrificada
Do nosso velho Cordel
Regula o cordel novo
Quando passa pro papel
Avançamos pro futuro
Sendo ao passado fiel

Na casa da Poesia
No Alto em Santa Teresa
Tem Poetas de primeira
Pra sentar em qualquer mesa
Fazendo belos poemas
Com gosto de framboesa

Rio de Janeiro 04 de abril, 2011
William José Gomes Pinto

Caro Willian,
Obrigada pela contribuição é bom ver nossos acadêmicos da ABLC participando.
Um abraço,
Dalinha
*
Eu curto o cordel de hoje
Cordel de ontem também.
Encanto-me com o passado
E tudo que dele vem.
Sou doida por um repente
Do passado ou do presente
Se qualidade ele tem.