MULHER
SABERES E OFÍCIO
*
A
mulher no seu trajeto
Marcou
bem sua conduta
Abraçando
profissões
Nunca
fugiu da labuta
Porém
muito consciente
Ela
sempre é presente
Na
base de cada luta.
*
Onde
o progresso era lerdo
Laborava
sua mão
Exercendo
cada ofício
Usando
a intuição
Mesmo
sem ter faculdade
Serviu
a sociedade
Sendo
informal em ação.
*
Todo
seu conhecimento
É
dote matriarcal
Aprendeu
fazer canteiro
Com
erva medicinal
E
lá nos tempos de então
Servia
a população
Com
plantas do seu quintal
*
Onde
não havia médico
Raizeira
sempre tinha
Mostrando
conhecimento
E
os saberes que detinha
Pra
quem não tinha dinheiro
O
remédio era caseiro
E
não faltava mezinha.
*
Folhas
para chás e emplastro
Era
comum ter na feira
Como
hortelã e mastruz
Arruda,
malva e cidreira
Também
raízes sortidas
Que
eram sempre vendidas
Através
da raizeira.
*
Nos
lugares mais remotos
Nas
mais distantes ribeiras
Pessoas
eram curadas
Pelas
mãos das benzedeiras
Que
faziam a benzedura
Seguindo
a velha cultura
Das
mulheres curandeiras
*
Na
fala da rezadeira
Ramo
molhado na mão
As
palavras milagrosas
Em
formato de oração
Chegavam
para curar
Quem
viesse procurar
Pro
seu mal a solução.
*
Mulheres
predestinadas
Recebem
a incumbência
A
de aparar as crianças
Pra
isso tinham ciência
São
essas aparadeiras
As
importantes parteiras
Mulheres
de experiência.
*
Eram
mulheres humildes
Morando
sempre distante
Por
serem solicitadas
A
qualquer hora e instante
Sendo
de noite ou de dia
A
pé ou de montaria
Elas
seguiam adiante.
*
O
artesanato faz parte
Da
ocupação feminina
Tricô,
crochê e bordados,
Do
filé a renda fina
Do
barro a palha e cipó
A
mulher trança e dá nó
No
decorrer da rotina.
*
A
destreza da mulher
No
trabalho artesanal
É
legado do passado
Vindo
do berço ancestral
É
motivo de alegria
É
sessão de terapia
O
bendito o ritual.
*
Esse
saber cultural
Tem
arte tem tradição
É
relíquia que artesã
Concretiza
em sua mão
O
fruto dessa magia
Traz
o pão de cada dia
É
base é sustentação.
*
O
ofício de fazer renda
É
mais que uma ocupação.
No
movimento dos bilros
A
mágica em cada mão
Vejo
a rendeira tecendo
E
a trama desenvolvendo
No
compasso da emoção.
*
A
arte de ser rendeira
Um
trabalho secular
Que
passa de mãe pra filha
E
sempre a salvaguardar
Os
fios da tradição
Dessa
nobre profissão
Que
a mulher soube abraçar.
*
A
Lavadeira de roupa
Dos
tempos de antigamente
Lavava
a roupa no rio
Sem
reclamar do batente
Cantava
com as amigas
No
rito velhas cantigas
Alegrando
o ambiente
*
Levava
sabão em barra
Para
a roupa ensaboar
Aproveitava
o sol quente
E
botava pra quarar
Na
pedra a roupa batia
Muitas
vezes repetia
Para
depois enxaguar.
*
Na
arte de passar roupa
A
mulher se destacava
Pois
era com ferro a brasa
Que
a roupa sempre passava
Engomar
terno de linho
Para
ficar bem durinho
Só
quem muito praticava.
*
Nos
mais distantes rincões
A
mulher se superava
Com
a lata na cabeça
Muita
água carregava
Com
um menino escanchado
Um
outro sendo arrastado
A
lata ela equilibrava.
*
Com
balaio na cabeça.
De
porta em porta ou na feira
É
sempre essa a rotina
Da
cabocla verdureira.
Que
monta barraca e anda
E
sua vida comanda
Na
labuta costumeira.
*
Tem
sempre a mão da mulher
Nos
lastros da agricultura
Sobrevive
com coragem
Encarando
essa cultura
Na
pesada profissão
Fazendo
calo na mão
Na
enxada e se aventura.
*
A
mulher que planta e colhe
É
raiz é fruto é flor
É
semente que se espalha
Segue
a lida com amor
Da
terra tira o alimento
E
faz esse movimento
Com
fé em Nosso Senhor.
*
Louvo
a mulher cordelista
Que
tem seu lugar de fala
Que
promove outras mulheres
Com
seus versos não se cala
Retira
do pensamento
Todo
seu conhecimento
E
ao mundo inteiro propala.
*
Louvo
avó, a mãe e a filha
Louvo
o elo de união
Que
traz no matriarcado
A
força da tradição
Louvo
a mulher aguerrida
Que
na bandeira da vida
Pôs
o mastro em sua mão.
*
Cordel
de Dalinha Catunda
Capa
de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com
*