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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A COISA TENDE A CRESCER



*
IVALDO BATISTA
Pra resolver um problema
Ela monta seu esquema
No fim dá certo demais
Comigo ela tem cartaz
Por que sabe resolver
Tem a força e o querer
Também determinação.
TUDO QUE ELA BOTA A MÃO
A COISA TENDE A CRESCER.
*
DALINHA CATUNDA
Um cordelista afamado
Um dia brochou de vez
E na sua insensatez
Tentava ficar armado
Mas com o pinto arriado
Só milagre para erguer
E a mulher pôs-se a sofrer
Pondo em prática o refrão:
TUDO QUE ELA BOTA A MÃO
A COISA TENDE A CRESCER.
*
BASTINHA JOB
Quando a mulher faz poesia
O poema se engrandece 
A rima é uma prece
Num tema de harmonia 
Na perfeita sintonia
Sem nada pra decrescer 
Ao contrário, vai erguer 
O que não tinha tesão:
TUDO QUE ELA BOTA A MÃO 
A COISA TENDE A CRESCER.
*
Postagem de Dalinha Catunda 
cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com
Mote de Ivaldo Batista


SERTANEJANDO


SERTANEJANDO
*
Quando escancaro a porteira
Para entrar em meu rincão
A dona felicidade
Faz festa em meu coração
Uma brisa benfazeja
Invade essa sertaneja
Que não esquece o sertão.
*
Cada tarde é deslumbrante
Ver o ocaso acontecer
Por detrás da serra grande
Assisto o sol se esconder
Deixando um resto de luz
Crepúsculo que seduz
No dourado entardecer.
*
Tibungando em minhas águas
Eu vejo o sol desmaiar
Entre um mergulho e outro
Consigo me refrescar
E na boquinha da noite
O Aracati é açoite
Que chega com o luar.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda

terça-feira, 20 de novembro de 2018

NOTÍCIA MULTIRIO CORDEL NA CENA DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DO rIO DE JANEIRO

14 Novembro 2018

Cordel na cena da Rede Municipal
Por Márcia Pimentel
 


O cordel foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro em setembro deste ano, mas antes disso, o gênero literário já estava em alta na Rede Pública de Ensino da cidade do Rio de Janeiro. Desde meados de 2017, um grupo de 10 professoras vem encenando o espetáculo teatral Mulheres no Cordel e cerca de outras 35 têm participado do projeto Versos de Cordel na Cena Carioca, realizado pela Gerência de Leitura e Audiovisual (GLA) da Secretaria Municipal de Educação.
As oficinas do projeto são ministradas pela atriz e arte-educadora Beth Araújo e pela cordelista Rosário Pinto, que ensina a estrutura, a métrica e as rimas do gênero. Escrever uma história de cordel pode ser tarefa fácil para quem, como ela, cresceu ouvindo suas narrativas. Mas para a maioria das professoras participantes, que não foram criadas dentro desta tradição oral, conceber poesias em forma de sextilhas* ou setilhas** (ou ainda outros tipos de estrofes características) é um grande e laborioso aprendizado.
O objetivo do projeto, contudo, não é formar virtuoses nesse gênero de literatura e sim fornecer às professoras ferramentas que estimulem os alunos a conhecer o cordel, valorizando-o como tradição cultural e possível meio de expressão e inspiração. Como se trata de poesia com forte viés oral, Beth Araújo capricha nas oficinas de expressão cênica – da interpretação à confecção dos cenários, figurinos e adereços –, sem esquecer da perspectiva escrita. Além das técnicas de composição literária aprendidas com Rosário Pinto, as participantes colocam a mão na massa para fazer seus folhetos, incluindo capa e gravura características.

Tanto as oficinas Versos de Cordel na Cena Carioca como a peça Mulheres no Cordel são desdobramentos do projeto Poesia Encena, iniciado em 2013, com o objetivo de levar aos professores da Rede uma compreensão mais ampla dos diversos processos poéticos e dar suporte a um outro projeto mais amplo: o Poesia na Escola. Desde então, o empreendimento vem acontecendo todos os anos sob a batuta da atriz e arte-educadora Beth Araújo.
Segundo ela, Poesia Encena trabalha com uma metodologia que inclui três etapas: uma pequena parte teórica acerca do movimento artístico do qual o poema faz parte; uma reflexão de como ele pode ser adaptado para a escola; e, finalmente, uma prática sobre as análises feitas. “Buscamos dar ao professor instrumentos para que ele brinque de poesia com os alunos, usando os elementos do teatro”, explica.

Gerando frutos

Na edição de 2016, o projeto ganhou desdobramento: a criação da Cia. de Teatro Poesia Encena, que produziu seu primeiro espetáculo: Colar de Cora, Colares de Coralina. No ano seguinte, aconteceu a montagem de Mulheres no Cordel, utilizando recursos multimídia e narrando a história de autoras do gênero literário, a começar pela primeira delas: Maria José das Neves Batista Pimentel, que, em 1936, publicou O Violino do Diabo ou o Valor da Honestidade com o pseudônimo Altino Alagoano (seu marido).
“O espetáculo é impactante. Tem projeção de slides, música ao vivo... Muita gente sai sem acreditar que ele tenha sido feito só por professoras”, conta Clarice Campos, professora de Língua Portuguesa e da Sala de Leitura da E.M. Eunice Weaver (7ª CRE). “O processo de criação do espetáculo foi muito interessante. A Rosário Pinto nos ajudou, entrando em contato com um grupo forte de cordelistas do Crato e do Juazeiro do Norte, no Ceará. Eles nos enviaram várias informações fundamentais à criação do texto”, relata Beth Araújo.
Quando a equipe da SME tomou conhecimento da peça e de sua cuidadosa produção, convocou Beth para a realização de oficinas específicas, só do gênero literário, para os professores da Rede. “Isso tudo aconteceu bem antes do cordel ser proclamado patrimônio imaterial brasileiro”, diz ela, feliz pela coincidência.
E assim nasceu o projeto Versos de Cordel na Cena Carioca, cuja culminância acontece neste mês de novembro, no Ciep Tancredo Neves (2ª CRE), no Catete, onde os participantes estão apresentando o resultado de suas criações.
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* Sextilha - É a estrofe mais comum no cordel, formada por seis versos de sete sílabas poéticas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados.
** Setilha ou septilha - A estrofe possui sete versos: o segundo, o quarto e o sétimo verso rimam entre si; o quinto e sexto formam uma segunda rima. 
                              

sábado, 10 de novembro de 2018

CORDEL NA SALA DE AULA - NOÇÕES BÁSICAS

ESTUDO DAS FORMAS DA LITETATURA DE CORDEL
A estruturação dos versos, estrofes, a métrica e a rima

Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com
Rosário Pinto
O poema NO PASSO DOS VERSOS segue os passos que a literatura de cordel percorreu para finalmente chegar ao século XXI forte e pronta para ingressar em escolas do ensino fundamental e médio como tema de estudo interdisciplinar.
Propõe auxílio no estudo da gramática de forma lúdica e com a cadência que a metrificação e a rima proporcionam. Neste poema vemos um crescente em seu andamento, numa narrativa que parte da QUADRA, passa pela SEXTILHA e SETINHA; alcança o QUADRÃO e chega à DÉCIMA com a leveza que o gênero oferece. São estas as modalidades mais básicas da literatura de cordel.
Verso, pé ou linha;
Estrofe – conjunto de versos que formam uma estrofe
Métrica – o tamanho de cada verso. Contamos as sílabas fonológicas tônicas
Rima – identidade dos sons do vocabulário
Modalidades – as mais trabalhadas

NO PASSO DOS VERSOS
*
Nos meus tempos de criança
Muitas quadrinhas eu lia
Nunca tirei da lembrança
As trovas que eu ouvia.

Quadras – estrofe de quatro versos     de sete sílabas, rimando o com o       (ABCB); ou alternadas (ABAB) podendo ter o sentido complementado em outras quadras
*
O tempo foi se passando
Logo saí da cartilha
Peguei o rumo dos versos
E fui seguindo essa trilha
Em pouco tempo saí
Das trovas para sextilha.

Sextilhas – estrofe de 6 versos, pés ou linhas (sextilhas) e, 7 sílabas métricas rimando o com o e com o – esclarecer para o aluno a diferença entre sílaba gramática e métrica.
*
Fui gostando achando bom
Também fui “pegando pilha”
Acabei até fazendo
Meus versos para quadrilha
Metrificando e rimando
Bons conselhos escutando
Eu alcancei a setilha.

Setilhas – estrofe de 6 versos, pés ou linhas (sextilhas) e, 7 sílabas métricas rimando o com o e  7º, o 5º e o 6º entre si – esclarecer para o aluno a diferença entre sílaba gramática e métrica.
*
As mangas arregacei,
Nas oitavas eu cheguei,
Se no caminho pequei
Não foi falta de oração
Eu posso dizer até
Em meus versos boto fé
Caprichei em cada pé
Eis aqui o meu quadrão.

Quadrão – estrofe de 7 versos (setilhas) e 7 sílabas métricas – rimando o com o e 3º ; 4º com 8º; o com o e
*
A décima tão querida
Foi a última a chegar
Veio para me encantar
Minha estrofe escolhida
Muitas vezes requerida
Na hora da criação
Com mote e inspiração
Sai uma glosa perfeita
Assim fico satisfeita
E termino a preleção.
*
Décimas -- estrofe de 10 versos, pés ou linhas (décima) e, 7 sílabas métricas no sistema de rimas ABBAACCDDC – existem várias modalidades de rimas, esta, entretanto é a mais convencional. Excelente para a iniciação nas décimas.  As décimas são mais utilizadas pelos cantadores repentistas

*
Versos e fotos de Dalinha Catunda
Estruturação Rosário Pinto

terça-feira, 6 de novembro de 2018

CANGACEIROS EM NOVA OLINDA



CANGACEIROS EM NOVA OLINDA

*
E quem pensou que o cangaço
Tinha desaparecido
Viu o terror novamente
Aparecer atrevido
Pras bandas de Nova Olinda
Tem gente com medo ainda
Depois do Acontecido.
*
A tropa de arruaceiro
Não perdeu a ocasião
Fez uma farra danada
Pegou chapéu e gibão
No atelier de Expedito
Seleiro que virou mito
Nessa sua profissão.
*
Remexeram a loja toda
Chegaram a se engalanar
Aqueles mais enxeridos
Só querendo se mostrar
Arrastaram um sujeito
Que com a faca nos peito
Tremeu pra fotografar.
*
Uma morena arretada
No meio da cabroeira
Que atendia por Linda
Não era de brincadeira
Essa veio de Barbalha
Com punhal e com navalha
Sossegava a tropa inteira.
*
Vi um branquinho tinhoso
Chamado de Trapiá
De olhos avermelhados
Dos confins do Ceará
O bicho era invocado
Nunca vi mais malcriado
Ficou pra lá e pra cá.
*
E lá de Campina Grande
Um cangaceiro careca
Era o Chico de Assis
Que trazia na cueca
Um canivete enfiado
Um facão do outro lado
Ele era o pior da reca.
*
Tinha uma tal de Dalinha
Que jogava capoeira
Atirar era com ela
E plantando bananeira
Cara metido a pimpão
Ela cortava o colhão
Depois lambia a peixeira.
*
Nesse dia Nova Olinda
Viu a figura do cão
No rastro dos cangaceiros
Devotos de Lampião
Quem achar que é mentira
Sua dúvida só tira
Com “Padim Ciço” Romão.
*
Fotos e versos de Dalinha Catunda

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

SABORES DO MEU SERTÃO
1
A musa peço que ative
Meu gosto meu paladar
Dos sabores do sertão
Tenho fome de falar
Sou poeta e cozinheira
Sou nordestina matreira
Meus versos sei temperar.
2
Nossa culinária é rica
E vem trazendo o aval
Do índio que praticava
O alimento natural
Do negro com seu encanto
Cozinhando para o santo
Ao sabor do ritual.
3
Nosso colonizador
De origem portuguesa
Implantou o seu cardápio
Recheado de riqueza
No alimento essa nação
Fez a miscigenação
Que deu certo com certeza.
4
Essa mistura de raça
Deu gosto a nossa comida
Gostosa bem temperada
Bem aceita ao ser servida
É na regionalidade
Que temos variedade
Quem já provou não duvida.
5
Trago na minha memória
O sabor da minha terra
O tempero de mamãe
Que a saudade desenterra
Aguço meu pensamento
Para cantar como alento
Um tema que não emperra.
6
Vou falar das Ipueiras
Vou falar do Ceará
Dos sabores que provei
Quando morava por lá
Das frutas e iguarias
Dos motivos de alegrias
Que o cordel suscitará.
7
Lá tem cabeça de galo
Que de galo nada tem
É um caldo bem gosto
Que sei fazer muito bem
É um desjejum ligeiro
Um caldo que só o cheiro
Faz o freguês ir além.
8
É o tal levanta defunto
O caldo da caridade
Feito na base do ovo
Coentro leva a vontade
Engrossado com farinha
Vai cebola e cebolinha
Revigora de verdade.
9
O cearense da gema
Não fica no ora, pois
Não falta em sua panela
Por nada o baião de dois
Que com queijo é temperado
Seja soltinho ou ligado
Ninguém deixa pra depois.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

No V SEMINÁRIO DO VERSO POPULAR


No V SEMINÁRIO DO VERSO POPULAR
Anilda Figueiredo, presidente da Academia dos Cordelistas do Crato achou por bem, em comum acordo com o colegiado, nesse V SEMINÁRIO DO VERSO POPULAR, empossar figuras de extrema importância para a ACC, como beneméritos. Reconhecendo assim, os serviços prestados a essa agremiação no decorrer de sua história.
Receberam a Comenda:
Lindicássia Nascimento, presidente da Sociedade dos poetas de Barbalha.
Denise Primo, parceira sempre presente.
Beth Costa funcionária do IPHAN de fundamental importância nos projetos da ACC.
Luiz Isael radialista e defensor de nossa cultura.
*
Dalinha Catunda. Cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com