1
Laurinda, grande mecenas!
Quem é esta brasileira?
Movimentou a cidade
Na colina ou na ribeira.
Ecoou por todo o estado
Fez Sarau movimentado
Na cultura brasileira.
2
Nascida em Cuiabá.
Veio pro Rio de Janeiro,
Acompanhada da mãe.
Tinha espírito altaneiro.
De caráter dominante,
Tudo era interessante,
Tinha o olhar certeiro.
3
O tio Joaquim Murtinho
Médico proeminente
Homem de muita influência,
Que a recebeu sorridente.
Apresentou-lhe a cidade
E também a sociedade
Seu prestígio era evidente.
4
Aqui no Rio de Janeiro
Ela ficou conhecida
Como a “Diva dos Salões”.
Empunhou luta aguerrida,
Pelas causas feministas,
Lutou com as sufragistas.
Nunca se deu por vencida.
5
E lá em Santa Teresa
Sedimentou moradia
Em um belo palacete
Recebia com alegria
O poeta e o artista.
Era grande ativista
Lá, tudo se debatia.
6
Protagonizou sua época
Como mulher elegante,
Despertou muito ciúme,
Confundida com bacante.
Organizou muitas festas
Regadas com as serestas
Cada noite deslumbrante.
7
Laurinda abrigou a todos
Fossem nobres ou plebeus
Lá não havia um espaço
Que chamamos “gineceu”
A mulher tinha vez e voz
Desconhecia o algoz
A igualdade promoveu.
8
Laurinda empresta seu nome
Para o Centro Cultural,
Laurinda Santos Lobo!
Santa Teresa é o local
Um cenário de beleza,
Em meio à natureza,
Monte Alegre é o ramal.
9
Há quem pergunte e indague:
-- Foi aqui que ela viveu?
Sua morada era outra.
-- Não! Isto nunca aconteceu.
Foi no Parque das Ruínas
De instalações genuínas
Onde tudo aconteceu.
10
Ao Maestro Villa-Lobos,
Laurinda patrocinou.
Uma viagem a Paris,
Onde se apresentou,
Numa audição de sucesso
Conquistou o seu ingresso,
E na Europa brilhou.
11
Em conversa com Tarsila,
Vendo um quadro indagou:
-- Dona Tarsila, me diga:
O que foi que motivou,
Um pauzinho e uma cobra,
Subindo, fazendo dobra,
E este ovo, já chocou?
12
E diante da artista,
Com toda desenvoltura,
Aquela nada dizia,
Partiu para outra moldura.
Tarsila muito abismada:
-- Não significa nada!
É somente uma costura.
13
-- Costuro minhas ideias
Em tela, tinta e pincel,
Num olhar renovador,
Exerço o meu papel
De artista visual
Componho grande vitral
Expondo belo painel.
14
Laurinda apoiou as letras.
Dentre seus frequentadores,
Estava Manoel Bandeira
Eram tantos escritores
Que ali faziam paragem
Compondo a engrenagem
Em Saraus acolhedores.
15
Lutou pela afirmação
Da cultura nacional
Congregou todas as artes
De riqueza sem igual
Momentos de efervescência
Salão de grande influência
Na capital federal.
16
O Salão de dona Laurinda,
Foi ponto do Modernismo
Que na década de 20,
Rompe o academicismo.
Um caldeirão de cultura
Artistas de toda estatura
Momento de antagonismo.
17
Foi um grande baluarte
Naquele momento incerto.
O Salão causou escândalos
Na sociedade, e decerto,
Apontado de vulgar
Mas nada pode abalar
O Modernismo desperto.
18
A sociedade passava
Por grande transformação.
Reuniu também político,
Defendendo a Nação,
Da cultura estrangeira
E da pauta forasteira,
Nacional era o refrão.
19
Júlia Lopes de Almeida
O salão frequentou
Em notadas literárias
Sua marca ali deixou.
Foi também uma ativista
Lutando pela conquista
Pelo voto se empenhou!
20
Hoje o belo palacete
É um Centro Cultural.
Recebe todas as artes
De caráter universal.
Preservando a qualidade
Sem qualquer ambiguidade
De cultura transversal.
21
Este Centro Cultural
Concentra suas memórias,
Do bairro Santa Teresa,
Passado de muitas glórias.
Recebe novos artistas,
Mostrando suas conquistas
Palco de novas vitórias.
22
Recebe Exposições!
Dança! Teatro! Poesia!
Cultura sempre plural,
Crescendo dia após dia.
Brinda os seus moradores
Com festas de muitas cores.
Espalha só alegria.
FIM
(Rosário Pinto)
Março/2018