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quinta-feira, 30 de julho de 2020

DALINHA CATUNDA E O SESC CORDEL


*PROJETO SESC CORDEL*

Lançamento: *Cordel de Saia (Dalinha Catunda)*
Data: *31 de julho, a partir das 16h*
Local: *Programa Festa no Sertão, Rádio Educadora, 102.1 FM* (Programa do Seu Zezé)
Mediação: Tranquilino Ripuxado

Sobre o projeto:
Há mais de 10 anos o projeto Sesc Cordel Novos Talentos é realizado nas unidades do Sesc Ceará e vem contribuindo para o desenvolvimento da literatura de cordel. Ao lançar os títulos dá-se além da visibilidade, o espaço para a criatividade de autores de todo o estado. O projeto é referência no Sesc e já ganhou vários prêmios, dentre eles o prêmio Rodrigo de Melo Franco, do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional.
O Sesc Cordel é uma iniciativa que vem ampliar a história e nos contar tantas outras que ganham vida nos folhetos, através da riqueza imaginativa dos seus autores, das ilustrações dos xilógrafos e dos causos que constituem infinitas possibilidades criativas e culturais.
Tradicionalmente, os títulos são lançados toda ultima segunda-feira de cada mês na feira livre do Crato. Com a pandemia, o podcast torna-se uma ferramenta essencial para continuar com o serviço e alcançar outros públicos, além do já fidelizado.
Em primeira mão, é lançado nas ondas de rádio no Programa Festa no Sertão, Rádio Educadora, 102.1 FM (Programa do Seu Zezé) e posteriormente ganha uma versão no spotify.

CORDEL DE SAIA EM CORDEL


quarta-feira, 29 de julho de 2020

NOS BRAÇOS DE OUTRO AMOR EU CUREI MINHA PAIXÃO.


*
NOS BRAÇOS DE OUTRO AMOR
EU CUREI MINHA PAIXÃO.
Mote de Dalinha Catunda
*
DALINHA CATUNDA
Foi você que disse um dia
Que a paixão ficou pequena
Inda hoje lembro a cena
Que levou minha alegria
Mas já não me contraria
Sua antiga decisão
Coloquei o pé no chão
Tratei de me recompor
NOS BRAÇOS DE OUTRO AMOR
EU CUREI MINHA PAIXÃO.
*
CHICA EMIDIO - Francisca Gonçalves
Amor pra duzentos anos
Escutava todo dia
Eram juras que eu ouvia
Só duraram dois decanos
Desmoronaram meus planos
Magoou meu coração
Mas agora digo não
Esqueci aquela dor
NOS BRAÇOS DE OUTRO AMOR
EU CUREI MINHA PAIXÃO
*
DALINHA CATUNDA
Você tanto prometeu
Mas só ficou na promessa
Gente assim não me interessa
Me enrolando me perdeu
Mas outro alguém percebeu
Essa sua indecisão
E flechou meu coração
Pra sentir o meu sabor:
NOS BRAÇOS DE OUTRO AMOR
EU CUREI MINHA PAIXÃO.
*
Postagem de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com

terça-feira, 28 de julho de 2020

É GLOSANDO QUE SE DESENVOLVE O MOTE

















NÃO SOU MULHER MELINDRADA
 SEI ME POSICIONAR.
Mote de Dalinha Catunda
*
DALINHA CATUNDA
Eu tenho meu pensamento
Não nasci pra ser piolho
Como agir eu sempre escolho
Pois tenho discernimento
O discurso que apresento
Faz jus ao meu caminhar
E não venham me atiçar
Pra torcida organizada
NÃO SOU MULHER MELINDRADA
SEI ME POSICIONAR.
*
BASTINHA JOB
Sou velha, mas não caduca
Sei muito bem o que faço
Ninguém me bota no laço,
Não meto a mão em cumbuca;
É certo que sou maluca
Isso não posso mudar
Quem quiser me acompanhar
Siga na minha passada:
"NÃO SOU MULHER MELINDRADA
SEI ME POSICIONAR. "
*
LINDICÁSSIA NASCIMENTO
Eu tenho discernimento
Sei respeitar os espaços
Eu sei desatar os laços
Caso haja impedimento
Lindicássia Nascimento
É cultura popular
Seja em qualquer lugar
Enfrento qualquer parada
NÃO SOU MULHER MELINDRADA
EU SEI ME POSICIONAR
*
DALINHA CATUNDA
Não sou de dizer amém
Assim é minha conduta
Pego firme na labuta
Sem esperar por ninguém
Não nasci pra ser refém
Nem quero me apequenar
Para conquistar lugar
nessa minha caminhada
NÃO SOU MULHER MELINDRADA
SEI ME POSICIONAR. "
*
Postagem de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

domingo, 26 de julho de 2020

COMO APRENDI O ABC


COMO APRENDI O ABC

No tempo em que as escolas
Eram poucas no sertão,
Professora e aprendiz
Educavam a região,
Na base da palmatória,
Eu e minha irmã Gulória
Recebemos educação.

Margarida era o nome
Do diabo da professora,
Falava com arrogância,
Como se fosse doutora,
Com a palmatória na mão,
Quando pedia a lição,
Parecia a diretora.

Pra aprender o ABC
Todo dia eu estudava:
Um B cum A, beabá,
E assim assoletrava,
Mas uma sílaba com C
Que eu tinha que dizer,
Sofria mas não falava.

Já tava com uns quatro dias
Que eu não dava a lição,
Margarida ameaçava
Cinco bolos em cada mão,
De quem nessa sexta-feira
Tivesse com tremedeira
Errando sem precisão.

E a professora dizia
Pra depois eu repetir:
Um C cum A, ceacá,
Um C cum I, ceici,
E um C cum U, diga agora
Depois de muita demora,
Eu começava a pedir:

Professora, num queira não
Porque isso é muito feio,
É um termo indecente,
Mas aí, por esses meio,
Depois de muita agonia,
Até que chegou o dia
Que a minha mãe interveio:

Foi lá dentro bem depressa
E com a ponta afiada
Do canivete de pai,
Acabou com a mancada
Então eu me alegrei
E no outro dia voltei
Para a escola preparada.

Porém dona Margarida
Sentiu falta das letrinhas,
Partiu pra cima de mim
E da minha irmã Glorinha,
Foi tão grande o alarido
Que estrondou nos ouvidos:
Cadê as letras, Chiquinha?

Eu sem poder nem falar,
Fiquei naquele vai-não-vai,
Com a palmatória na mão,
A professora entra e sai,
Gulória diz: professora,
O C cum U mamãe rapou
Com o canivete de pai.

Dito isso a professora
Segurou a minha mão,
Foi dez bolos em cada uma
Cai rolando no chão,
Quando tornei o sentido
Tava com o pé do ouvido
Queimando só cansanção.

Minha irmã é professora,
Num sítio em Caruaru,
Nossa mestra Margarida
Morreu pras bandas do Sul,
E eu faço verso, mas confesso,
Que eu nunca fiz um verso
Terminando em C cum U.

(Anilda Figueirêdo)
Poeta de Cordel presidente da ACC
postagem de Dalinha Catunda

EU NÃO GOSTO DE ATACAR PORÉM SEI ME DEFENDER



EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER
*
DALINHA CATUNDA
Nunca pise no meu calo
Que não vou pisar no seu,
Isso é defeito meu,
Para qualquer um eu falo:
Afronto sem intervalo,
Quem fizer por merecer.
Aquele que me ofender,
Vai ter que me aguentar:
EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER.
*
LINDICÁSSIA NASCIMENTO
Não sou de ficar calada
Não aceito desaforo
Não sou de cair no choro
Nem mesmo apaixonada
Sofro sorrindo, por nada
E ninguém vai perceber
Deixo a fúria aparecer
Caso venham me humilhar
EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER.
*
BASTINHA JOB
Nunca fui de fazer briga
Fico olhando de soslaio
Não meto a mão no balaio
Evito qualquer intriga
Valente não me fustiga
E se quiser me bater
Aí vou aparecer
E minha força mostrar:
EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER!
*
Mote de Dalinha Catunda

sexta-feira, 24 de julho de 2020

EU NÃO GOSTO DE ATACAR...


EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER
.
Nunca pise no meu calo
Que não vou pisar no seu,
Isso é defeito meu,
Para qualquer um eu falo:
Afronto sem intervalo,
Quem fizer por merecer.
Aquele que me ofender,
Vai ter que me aguentar:
EU NÃO GOSTO DE ATACAR
PORÉM SEI ME DEFENDER.
.
Mote e glosa de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Da série: NA REDE COM DALINHA X

QUARENTENA NA ROÇA, VIVENDO COMO ÍNDIO

Aqui estou feito índio
Acoitada em uma oca
Só comendo caça e pesca
E entrando na mandioca
No café como beiju
No almoço tem tatu
Já na ceia é tapioca.

Na cidade eu fazia
Musculação e ioga
Aqui vivo a natureza
Despida de lei e toga
O que me dá mais prazer
É rio abaixo descer
Trepada numa piroga.

Quando meu nativo chega
Alisando o jacumã
Fogosa ligeiro abro
Meu sorriso de cunhã
Eu dou para ele comer
Um caldo que sei fazer
Na base de Carimã.

Numa rede de tucum
De noite vou me deitar
E no balanço da rede
Eu vejo Jaci brilhar
E meu amor diz pra mim
Vamos fazer curumim
Antes do mundo acabar?

*
Versos e fotos de Dalinha Catunda
dalinhaac@gmail.com

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Da série: NA REDE COM DALINHA IX

Da série: NA REDE COM DALINHA IX
UM GRUDE SÓ
*
É o friozinho chegando
Tu agarrado mais eu.
É rede se balançando
No chamego teu e meu
E nesse grude danado
Meu corpo fica suado
Debaixo do corpo teu.
*
Lá na cama de conchinha
Tu és o meu cobertor.
Suspirando em meu cangote
Vai atiçando calor,
E assim viro a madrugada,
Acordo tonta e suada
Nos braços do meu amor.
.
Versos e foto de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Pense, num rojão na viagem a Canindé.


*
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
1
Namorei um Zé Mané
Porém não fiquei contente
Pois gostava de aguardente
Nele eu não botava fé
Fui com ele a Canindé
Numa moto romaria
Quando na moto eu subia
Da moto ele escorregava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
2
E naquela confusão
Para escapar do fuxico
Me apeguei com São Francisco
Fiz promessa e oração
Para não cair no chão
Eu gritava e me benzia
Enquanto eu me maldizia
Sua moto ele empinava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
3
Agarrada na cintura
Eu apertava o sujeito
Era sim daquele jeito
Que gostava a criatura
Eu já estava com gastura
E o cabra não reduzia
Minha bolsa escapulia
Nele meu corpo roçava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
4
Um vento forte bateu
Nessa viagem sofrida
Minha saia colorida
Para segurar não deu
Minha bunda apareceu
Enquanto a saia subia
Segurar eu não podia
E o vento não ajudava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
5
E sem nenhum arranhão
Nós chegamos a cidade
Ao parar em Caridade
Me livrei do beberrão
Deixei ele no balcão
E acabei com a agonia
Pois enquanto ele bebia
De fininho eu escapava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA
6
Minha promessa paguei
Na matriz de Canindé
Depois daquele banzé
Minha graça eu alcancei
O Bebum eu despachei
Mas pra ter a regalia
Mas de mil Ave Maria
São Francisco me cobrava
QUANDO EU IA ELE VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELE IA.
*
Versos de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com



domingo, 5 de julho de 2020

Da série: NA REDE COM DALINHA VIII

 

SUA REDE NÃO É A MINHA

*

A rede armada no alpendre

Enquanto você navega

Na tal rede virtual

E o real amor renega

Vejo você navegando

Eu adormeço sonhando

Com tudo que você nega.

*

Cada toque do seu dedo

No teclado é um insulto

E cada expressão no rosto

Sugere um enredo oculto

Tento manter a decência

Encho-me de paciência

Concedo-lhe novo Indulto.

*

Enquanto na tela fria

Você aquece a ilusão

Aqui na rede eu fico

Pensando em nosso colchão

Que vive desaquecido

Após ter aparecido

A nova navegação.

*

Você se distrai na rede

Dia e noite é assim

Em outra rede matuto

Sem você perto de mim

Viver assim não aceito

Ou você vai tomar jeito

Ou decreto nosso fim.

*

Dalinda Catunda cad. 25 da ABLC

 dalinhaac@gmail.com

sexta-feira, 3 de julho de 2020

A ROLA DE CONCEIÇÃO- Cordel de Dalinha Catunda

A ROLA DA CONCEIÇÃO
1
Conceição mulher católica
Filha de Dona Prazer
Era uma moça sem vício
Vivia o povo a dizer
Mas arrumou uma rola
Pra com ela se entreter.
2
Quando baixou no terreiro
A rola desmilinguida
Conceição logo gostou
Daquela pomba perdida
Resolveu dela cuidar
E já estava decidida.
3
Dona Prazer espantou
A pomba que apareceu
Porém Conceição com pena
A dita cuja acolheu
Foi na mão de Conceição
Que aquela rola cresceu
4
A moça meio inocente
Deu logo casa e comida
A rola desenvolveu
E foi ficando sabida
Conceição se emocionava
Ao ver a rola crescida.
5
A pomba ficou vistosa
Com carinho era tratada
Logo se via que a rola
Era bem alimentada
Quem vê hoje nem percebe
Que um dia fora enjeitada.
6
Conceição passava o dia
Paparicando a tal rola
Era uma pomba manhosa
Que fazia ela de tola
mas quando a rola sumia
Ela dava até “pirôla.”
7
A mãe já tinha era nojo
Vendo o chamego danado
Porque onde a filha ia
Levava a pomba do lado
E por onde ela passava
Se ouvia o cochichado:
8
A moça perdeu o juízo
Depois que adotou a pomba
E nem percebe que a rola
Muitas vezes dela zomba
Quando alguém vai avisar
Conceição fica de tromba.
9
Sei que deu o que falar
O grude de Conceição
O povo já comentava
E a mãe passava sermão
Mas ela apenas dizia
A rola é de estimação.
10
Diante dos comentários
Uma mãe acabrunhada
Testemunha do destroço
Mas sem poder fazer nada
Pensava com seus botões
Minha filha está lascada.
11
O pior de tudo isso
Eu agora vou contar
Lá na casa da vizinha
A rola foi se enfiar
Para ver seu periquito
Que era muito popular.
12
O certo é que Conceição
Faltava era ficar louca
Quando a rola escapulia
Gritava de ficar rouca
E esculhambava a vizinha
A briga não era pouca.
13
Tenha vergonha na cara:
Dizia Dona Pureza
Deixe de lado essa pomba
Que anda de safadeza
Aqui não vai mais entrar
Pois já chega de esperteza.
14
Mamãe quero minha rola
Sem ela vou padecer
Essa rola é minha vida
O meu maior bem querer
Sem minha pomba querida
Não tem graça o meu viver.
15
A rola de Conceição
Era uma rola fujona
Agora estava aninhada
Mas no colo de outra dona
Pois gostou do periquito
Da tal vizinha ladrona.
16
Aquela rola-cabocla
Deu desgosto a Conceição
Por causa da rola-grande
Sofria seu coração
Com raiva da rola-roxa
Chegou a ter depressão.
17
Eu só sei que a pomba-rola
Não largava o periquito
Dona Pureza lutava
Para abafar o conflito
E a vizinha debochada
Botava fogo no atrito.
18
Dona Pureza zangada
Deu uma de ignorante
E foi dizendo pra filha
Com raiva naquele instante
Pare de chorar por rola
Pois toda pomba é migrante.
19
E se hoje uma rola vai
Depois outra rola vem
Você gostou dessa pomba
Vai gostar d`outra também
Pare com tanta lamúria
Pois isso não fica bem.
20
Aquilo era uma pombinha
Era só uma avoante
Aquelas pombas de bando
Era rola retirante
Vai largar o periquito
E vai seguir adiante.
21
Eu já peguei muita rola
Com esse meu alçapão
Porém não prendi nenhuma
Meu oco não foi prisão
Rola a gente cria é solta
Voando na imensidão.
22
Esqueça a rola-cabocla
Pare com essa tristeza
No quintal eu ouço arrulhos
Pelo jeito é de burguesa
Escute o que está dizendo
Sua mãe dona Pureza.
23
Conceição foi se acalmando
Logo parou de chorar
Olhou para o cajueiro
Viu a burguesa arrulhar
E armou seu alçapão
Para a burguesa pegar.
24
Não chore a pomba perdida
Porque as pombas se vão
Isso já disse um poeta
Eu prestei bem atenção
Aproveite pra voar
Dê asas ao coração.
*
Cordel de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com