A ROLA DA CONCEIÇÃO
1
Conceição mulher católica
Filha de Dona Prazer
Era uma moça sem vício
Vivia o povo a dizer
Mas arrumou uma rola
Pra com ela se entreter.
2
Quando baixou no terreiro
A rola desmilinguida
Conceição logo gostou
Daquela pomba perdida
Resolveu dela cuidar
E já estava decidida.
3
Dona Prazer espantou
A pomba que apareceu
Porém Conceição com pena
A dita cuja acolheu
Foi na mão de Conceição
Que aquela rola cresceu
4
A moça meio inocente
Deu logo casa e comida
A rola desenvolveu
E foi ficando sabida
Conceição se emocionava
Ao ver a rola crescida.
5
A pomba ficou vistosa
Com carinho era tratada
Logo se via que a rola
Era bem alimentada
Quem vê hoje nem percebe
Que um dia fora enjeitada.
6
Conceição passava o dia
Paparicando a tal rola
Era uma pomba manhosa
Que fazia ela de tola
mas quando a rola sumia
Ela dava até “pirôla.”
7
A mãe já tinha era nojo
Vendo o chamego danado
Porque onde a filha ia
Levava a pomba do lado
E por onde ela passava
Se ouvia o cochichado:
8
A moça perdeu o juízo
Depois que adotou a pomba
E nem percebe que a rola
Muitas vezes dela zomba
Quando alguém vai avisar
Conceição fica de tromba.
9
Sei que deu o que falar
O grude de Conceição
O povo já comentava
E a mãe passava sermão
Mas ela apenas dizia
A rola é de estimação.
10
Diante dos comentários
Uma mãe acabrunhada
Testemunha do destroço
Mas sem poder fazer nada
Pensava com seus botões
Minha filha está lascada.
11
O pior de tudo isso
Eu agora vou contar
Lá na casa da vizinha
A rola foi se enfiar
Para ver seu periquito
Que era muito popular.
12
O certo é que Conceição
Faltava era ficar louca
Quando a rola escapulia
Gritava de ficar rouca
E esculhambava a vizinha
A briga não era pouca.
13
Tenha vergonha na cara:
Dizia Dona Pureza
Deixe de lado essa pomba
Que anda de safadeza
Aqui não vai mais entrar
Pois já chega de esperteza.
14
Mamãe quero minha rola
Sem ela vou padecer
Essa rola é minha vida
O meu maior bem querer
Sem minha pomba querida
Não tem graça o meu viver.
15
A rola de Conceição
Era uma rola fujona
Agora estava aninhada
Mas no colo de outra dona
Pois gostou do periquito
Da tal vizinha ladrona.
16
Aquela rola-cabocla
Deu desgosto a Conceição
Por causa da rola-grande
Sofria seu coração
Com raiva da rola-roxa
Chegou a ter depressão.
17
Eu só sei que a pomba-rola
Não largava o periquito
Dona Pureza lutava
Para abafar o conflito
E a vizinha debochada
Botava fogo no atrito.
18
Dona Pureza zangada
Deu uma de ignorante
E foi dizendo pra filha
Com raiva naquele instante
Pare de chorar por rola
Pois toda pomba é migrante.
19
E se hoje uma rola vai
Depois outra rola vem
Você gostou dessa pomba
Vai gostar d`outra também
Pare com tanta lamúria
Pois isso não fica bem.
20
Aquilo era uma pombinha
Era só uma avoante
Aquelas pombas de bando
Era rola retirante
Vai largar o periquito
E vai seguir adiante.
21
Eu já peguei muita rola
Com esse meu alçapão
Porém não prendi nenhuma
Meu oco não foi prisão
Rola a gente cria é solta
Voando na imensidão.
22
Esqueça a rola-cabocla
Pare com essa tristeza
No quintal eu ouço arrulhos
Pelo jeito é de burguesa
Escute o que está dizendo
Sua mãe dona Pureza.
23
Conceição foi se acalmando
Logo parou de chorar
Olhou para o cajueiro
Viu a burguesa arrulhar
E armou seu alçapão
Para a burguesa pegar.
24
Não chore a pomba perdida
Porque as pombas se vão
Isso já disse um poeta
Eu prestei bem atenção
Aproveite pra voar
Dê asas ao coração.
*
Cordel de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
1
Conceição mulher católica
Filha de Dona Prazer
Era uma moça sem vício
Vivia o povo a dizer
Mas arrumou uma rola
Pra com ela se entreter.
2
Quando baixou no terreiro
A rola desmilinguida
Conceição logo gostou
Daquela pomba perdida
Resolveu dela cuidar
E já estava decidida.
3
Dona Prazer espantou
A pomba que apareceu
Porém Conceição com pena
A dita cuja acolheu
Foi na mão de Conceição
Que aquela rola cresceu
4
A moça meio inocente
Deu logo casa e comida
A rola desenvolveu
E foi ficando sabida
Conceição se emocionava
Ao ver a rola crescida.
5
A pomba ficou vistosa
Com carinho era tratada
Logo se via que a rola
Era bem alimentada
Quem vê hoje nem percebe
Que um dia fora enjeitada.
6
Conceição passava o dia
Paparicando a tal rola
Era uma pomba manhosa
Que fazia ela de tola
mas quando a rola sumia
Ela dava até “pirôla.”
7
A mãe já tinha era nojo
Vendo o chamego danado
Porque onde a filha ia
Levava a pomba do lado
E por onde ela passava
Se ouvia o cochichado:
8
A moça perdeu o juízo
Depois que adotou a pomba
E nem percebe que a rola
Muitas vezes dela zomba
Quando alguém vai avisar
Conceição fica de tromba.
9
Sei que deu o que falar
O grude de Conceição
O povo já comentava
E a mãe passava sermão
Mas ela apenas dizia
A rola é de estimação.
10
Diante dos comentários
Uma mãe acabrunhada
Testemunha do destroço
Mas sem poder fazer nada
Pensava com seus botões
Minha filha está lascada.
11
O pior de tudo isso
Eu agora vou contar
Lá na casa da vizinha
A rola foi se enfiar
Para ver seu periquito
Que era muito popular.
12
O certo é que Conceição
Faltava era ficar louca
Quando a rola escapulia
Gritava de ficar rouca
E esculhambava a vizinha
A briga não era pouca.
13
Tenha vergonha na cara:
Dizia Dona Pureza
Deixe de lado essa pomba
Que anda de safadeza
Aqui não vai mais entrar
Pois já chega de esperteza.
14
Mamãe quero minha rola
Sem ela vou padecer
Essa rola é minha vida
O meu maior bem querer
Sem minha pomba querida
Não tem graça o meu viver.
15
A rola de Conceição
Era uma rola fujona
Agora estava aninhada
Mas no colo de outra dona
Pois gostou do periquito
Da tal vizinha ladrona.
16
Aquela rola-cabocla
Deu desgosto a Conceição
Por causa da rola-grande
Sofria seu coração
Com raiva da rola-roxa
Chegou a ter depressão.
17
Eu só sei que a pomba-rola
Não largava o periquito
Dona Pureza lutava
Para abafar o conflito
E a vizinha debochada
Botava fogo no atrito.
18
Dona Pureza zangada
Deu uma de ignorante
E foi dizendo pra filha
Com raiva naquele instante
Pare de chorar por rola
Pois toda pomba é migrante.
19
E se hoje uma rola vai
Depois outra rola vem
Você gostou dessa pomba
Vai gostar d`outra também
Pare com tanta lamúria
Pois isso não fica bem.
20
Aquilo era uma pombinha
Era só uma avoante
Aquelas pombas de bando
Era rola retirante
Vai largar o periquito
E vai seguir adiante.
21
Eu já peguei muita rola
Com esse meu alçapão
Porém não prendi nenhuma
Meu oco não foi prisão
Rola a gente cria é solta
Voando na imensidão.
22
Esqueça a rola-cabocla
Pare com essa tristeza
No quintal eu ouço arrulhos
Pelo jeito é de burguesa
Escute o que está dizendo
Sua mãe dona Pureza.
23
Conceição foi se acalmando
Logo parou de chorar
Olhou para o cajueiro
Viu a burguesa arrulhar
E armou seu alçapão
Para a burguesa pegar.
24
Não chore a pomba perdida
Porque as pombas se vão
Isso já disse um poeta
Eu prestei bem atenção
Aproveite pra voar
Dê asas ao coração.
*
Cordel de Dalinha Catunda cad. 25 da ABLC
dalinhaac@gmail.com
POEMA SUBLIME
ResponderExcluirA Rola como mote. Muito bonito
Amei ler
Boa noite
Agradecida, Rikardo. Meu abraço e boa noite.
ExcluirAdorei a dedicação de Conceição pela rola. Fiquei até com inveja, kkkkkkk!
ResponderExcluirPois é rapaz, tai, pense numa mulher dedicada.
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