AS
MULHERES DO CORDEL COM: KÉNIA DIÓGENES
SER
LUTA É SER MULHER
*
Não
queremos homenagem
Com
o corpo todo marcado
Do
roxo que foi deixado
Em
seu “momento selvagem”
Pois
se é homem de coragem
E
quer nos presentear
Tente
então nos libertar
Do
seu ego tão profundo
Do
domínio tão imundo
Que
quer nos aprisionar
*
Não
queremos noite bela
Com
jantar especial
Se
o cansaço é mais real
Que
conto de Cinderela
Que
desce pela goela
Com
o amargor da injustiça
Porém
que só nos atiça
E
nos mantém vigilantes
Não
sejam então farsantes
Com
homenagem postiça
*
Não
venham com suas flores
E
seu discurso ensaiado
Respeitem
nosso legado
Que
é de sofrimento e dores
Entenda
nossos horrores
Escute
o que a gente quer
Reflitam
sempre que der
Mesmo
se nos chamam puta
A
nossa história é de luta
Pois
ser luta é ser mulher
KÉNIA
DIÓGENES
poetisa
Kenia Diógenes, é escritora, professora de geografia, foi dançarina de
quadrilha junina por 10 anos e amante incondicional da cultura popular
nordestina. Mulher sempre preocupada com a condição e a realidade feminina,
esse é um tema recorrente em seus escritos. Ambientalista de nascença, acredita
sempre em dias melhores e nunca deixa de lutar por isso, considera a equidade
entre os seres o grande mote da sua vida. Aprendiz eternamente. É membro da
Academia Internacional de Literatura Brasileira - AILB e da Academia Cearense
de Literatura de Cordel - ACLC, onde ocupa a cadeira de número 15 e tem como
patrono, José Pacheco da Rocha.
Dalinha Catunda - dalinhaac@gmail.com