MULHER SABERES E OFÍCIO

 

MULHER SABERES E OFÍCIO

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A mulher no seu trajeto

Marcou bem sua conduta

Abraçando profissões

Nunca fugiu da labuta

Porém muito consciente

Ela sempre é presente

Na base de cada luta.

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Onde o progresso era lerdo

Laborava sua mão

Exercendo cada ofício

Usando a intuição

Mesmo sem ter faculdade

Serviu a sociedade

Sendo informal em ação.

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Todo seu conhecimento

É dote matriarcal

Aprendeu fazer canteiro

Com erva medicinal

E lá nos tempos de então

Servia a população

Com plantas do seu quintal

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Onde não havia médico

Raizeira sempre tinha

Mostrando conhecimento

E os saberes que detinha

Pra quem não tinha dinheiro

O remédio era caseiro

E não faltava mezinha.

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Folhas para chás e emplastro

Era comum ter na feira

Como hortelã e mastruz

Arruda, malva e cidreira

Também raízes sortidas

Que eram sempre vendidas

Através da raizeira.

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Nos lugares mais remotos

Nas mais distantes ribeiras

Pessoas eram curadas

Pelas mãos das benzedeiras

Que faziam a benzedura

Seguindo a velha cultura

Das mulheres curandeiras

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Na fala da rezadeira

Ramo molhado na mão

As palavras milagrosas

Em formato de oração

Chegavam para curar

Quem viesse procurar

Pro seu mal a solução.

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Mulheres predestinadas

Recebem a incumbência

A de aparar as crianças

Pra isso tinham ciência

São essas aparadeiras

As importantes parteiras

Mulheres de experiência.

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Eram mulheres humildes

Morando sempre distante

Por serem solicitadas

A qualquer hora e instante

Sendo de noite ou de dia

A pé ou de montaria

Elas seguiam adiante.

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O artesanato faz parte

Da ocupação feminina

Tricô, crochê e bordados,

Do filé a renda fina

Do barro a palha e cipó

A mulher trança e dá nó

No decorrer da rotina.

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A destreza da mulher

No trabalho artesanal

É legado do passado

Vindo do berço ancestral

É motivo de alegria

É sessão de terapia

O bendito o ritual.

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Esse saber cultural

Tem arte tem tradição

É relíquia que artesã

Concretiza em sua mão

O fruto dessa magia

Traz o pão de cada dia

É base é sustentação.

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O ofício de fazer renda

É mais que uma ocupação.

No movimento dos bilros

A mágica em cada mão

Vejo a rendeira tecendo

E a trama desenvolvendo

No compasso da emoção.

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A arte de ser rendeira

Um trabalho secular

Que passa de mãe pra filha

E sempre a salvaguardar

Os fios da tradição

Dessa nobre profissão

Que a mulher soube abraçar.

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A Lavadeira de roupa

Dos tempos de antigamente

Lavava a roupa no rio

Sem reclamar do batente

Cantava com as amigas

No rito velhas cantigas

Alegrando o ambiente

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Levava sabão em barra

Para a roupa ensaboar

Aproveitava o sol quente

E botava pra quarar

Na pedra a roupa batia

Muitas vezes repetia

Para depois enxaguar.

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Na arte de passar roupa

A mulher se destacava

Pois era com ferro a brasa

Que a roupa sempre passava

Engomar terno de linho

Para ficar bem durinho

Só quem muito praticava.

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Nos mais distantes rincões

A mulher se superava

Com a lata na cabeça

Muita água carregava

Com um menino escanchado

Um outro sendo arrastado

A lata ela equilibrava.

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Com balaio na cabeça.

De porta em porta ou na feira

É sempre essa a rotina

Da cabocla verdureira.

Que monta barraca e anda

E sua vida comanda

Na labuta costumeira.

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Tem sempre a mão da mulher

Nos lastros da agricultura

Sobrevive com coragem

Encarando essa cultura

Na pesada profissão

Fazendo calo na mão

Na enxada e se aventura.

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A mulher que planta e colhe

É raiz é fruto é flor

É semente que se espalha

Segue a lida com amor

Da terra tira o alimento

E faz esse movimento

Com fé em Nosso Senhor.

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Louvo a mulher cordelista

Que tem seu lugar de fala

Que promove outras mulheres

Com seus versos não se cala

Retira do pensamento

Todo seu conhecimento

E ao mundo inteiro propala.

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Louvo avó, a mãe e a filha

Louvo o elo de união

Que traz no matriarcado

A força da tradição

Louvo a mulher aguerrida

Que na bandeira da vida

Pôs o mastro em sua mão.

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Cordel de Dalinha Catunda

Capa de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

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