BABADOS
NO CORDEL
13
1
O
cordel vestindo calça,
No
Nordeste apareceu.
A
mulher apaixonou-se
Tal
paixão não escondeu.
E
pegou logo o cinzel
Esculpindo
seu cordel,
Belos
versos escreveu.
2
Foi
assim que floresceu,
Cordel
de saia também.
A
mulher faz seu cordel
Com
a manha que já tem.
Incansável
na labuta,
E
naturalmente astuta,
Do
homem não fica aquém.
3
É por querer competir,
E
pensando em ser parceira
A
mulher pega a estrada,
Sem
ter medo da poeira.
Faz de igual para igual
A
peleja virtual
Na
arte é aventureira.
4
O
cordel já não é mais
O
tal clube do Bolinha
Encarando
as tais cuecas
Vejo
um monte de calcinha
Tudo
no mesmo varal
Sem
balanço desleal
Enfrentando
a mesma rinha.
5
Enquanto
faz o café
E
cozinha seu feijão
A
mulher vai matutando
E
criando a oração
E
assim faz seu cordel
Passando
para o papel
Pedaços
de criação.
6
Às
vezes deita na rede
E
olhando a Luz do luar.
Cria
versos tão bonitos,
Que
chega a se admirar
Diante
da inspiração,
Se
entrega de coração,
Ao
labor de versejar.
7
E
de fuxico em fuxico,
A
trama ganha teor.
No
alinhavo dos versos,
Põe
arremate de amor
Fazer
versos é ofício
E
sem muito sacrifício,
Tem como vício compor.
8
Entre
um afazer e outro
Explode
sua criação,
Tem
sempre um novo babado
Em
sua combinação
Põe a seda e bota chita
Sem
nunca ficar aflita
Eleva
sua construção.
9
A
internet foi chegando
Causando
revolução,
Abrindo
para a mulher,
Um
novo campo de ação
Morada
da liberdade
E
com versatilidade.
Mostra
sua evolução.
10
Aprendeu
bem a glosar
E
para isso usa a mão,
E
com os dedos faz arte
Chamada
digitação.
Neste
mundo virtual
Navegar
é natural
Nas
marolas da emoção.
11
Tira
rima da cabeça
Para
fazer o seu mote
Faz
com a simplicidade
De
quem tira água do pote
Nordestina
e internauta
Caprichosa
e não incauta
Versos
tem é um magote.
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Certo mesmo é que a mulher
Nessa sua concepção
Fica
prenhe de palavras
Só
vê uma solução,
A
de parir a poesia
Buscando
com alegria,
Ter
nova penetração.
Eu só sei que entre um batom,
Uma
escova e um bom trato
Em
folhetos de cordel
A
mulher põe seu retrato
E
sabe fazer bonito
Pois
tem graça o seu escrito
E
nunca deixa barato.
14
Sempre
se diz aprendiz,
Mas
fingindo ser modesta,
E
tem delas que encaram
Qualquer
marmanjo de testa,
Vão
impondo assim respeito
E
conquistando o direito
De
fazer a sua festa.
15
Às
vezes faz uma fita,
Para
chamar atenção.
Sempre
tem carta na manga
Mas
descarta a mangação.
Por
gostar de parceria
Demonstra
sua alegria
E
brilha na atuação.
16
O
cordel sem a mulher
É
Adão sem sua Eva,
É
o planeta sem o sol
Onde
tudo é breu e treva.
É
comida sem ter sal
Amigo
não leve a mal,
É
serra onde nunca neva.
17
A
mulher rasgou o véu,
E
acabou com ditadura
E
não foi só no cordel
Mas
em toda conjuntura
Totalmente
liberada
Enfrenta
qualquer parada
Pois
tem jogo de cintura.
18
E
quando é alfinetada,
Nunca
dá muita atenção.
Sendo
olhada de soslaio
Empina
o nariz então.
Mágoa
não vive guardando
Sua
anágua vai rodando,
Sempre
em movimentação.
19
A
mulher pede passagem
Pois
soube tecer caminhos
A
conquista da igualdade
Teve
flores e os espinhos.
Na
base do não me calo!
Hoje
ela canta de galo,
Não
fica chocando ninhos.
20
A
mulher para o cordel
Foi ótima aquisição.
Seria
triste e cruel
Manter
apenas varão
Vejo
o cordel lá no alto,
E
a mulher com o seu salto
Fazendo
revolução!
21
Este
cordel é mais um
Entre muitos que virão
Nele
botei meu tempero
E não
sei se errei na mão
Meu codinome é Dalinha
Vou
seguindo minha linha
Sem
temer opinião.
*
Cordel
de Dalinha Catunda Cordel publicado em 13 /04/2011
Eu não sou nenhum crítico literário, mas destaco neste cordel a seguinte imagem: "chocando ninhos e cantando de galo."
ResponderExcluirÉ por essas e outras que acredito que dias melhores virão...
Apesar de saber que ainda temos muito o que caminhar.
Ternura Sempre!