ARCO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EM IPUEIRAS-CE |
Sou encantada pelo cordel e suas modalidades.
As estrofes feitas em oito pés de quadrão ou oitavas fascinam-me. E você, gosta desta modalidade? Quer mandar a sua?
SAUDOSA IPUEIRAS
Ao sair do meu sertão,
Rezei, fiz tanta oração,
Pra abrandar meu coração,
Que inconformado sofria
Deixei a minha cidade,
Que era na realidade
A minha felicidade
Minha maior alegria.
Dalinha Catunda
Texto retirado do Livro de Gonçalo Ferreira da Silva, “Vertentes e Evolução da Literatura de Cordel”
Os oito pés de quadrão, ou simplesmente oitavas, são estrofes de oito versos de sete sílabas. A diferença dessas estrofes de cunho popular para as de linha clássica é apenas a disposição das rimas. Vejam como o primeiro e o quinto versos desta oitava de Casimiro de Abreu (1837 - 1860) são órfãos:
Como são belos os dias
Do despontar da existência
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O Céu - Um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida um hino de amor.
Do despontar da existência
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O Céu - Um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida um hino de amor.
Na estrofe popular aparecem os primeiros três versos rimados entre si; também o quinto, o sexto e o sétimo, e finalmente o quarto com o último, não havendo, portanto um único verso órfão. Assim:
Diga Deus Onipotente
Se é você, realmente
Que autoriza, que consente
No meu sertão tanta dor
Se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
De luz, de paz e de amor."
Se é você, realmente
Que autoriza, que consente
No meu sertão tanta dor
Se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
De luz, de paz e de amor."
*
Visite também: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com
Foto de Dalinha Catunda
Jadson Xavier (JATÃO) disse...
ResponderExcluirÉ FASCINANTE O MUNDO DO CORDEL
COM SUAS VÁRIAS MANEIRAS,
SEMPRE ABRINDO CLAREIRAS
NA INTERNET E NO PAPEL.
E A GENTE VAI PASSANDO,
SEMPRE CULTURA MOSTRANDO
E O POVO GOSTANDO
DO LEIGO AO DOUTOR DE ANEL.
Já fui "viciada" nisso
ResponderExcluirDepois desacostumei
O vício tava na terra
Pr'onde fui não encontrei
Agora, com a Dalinha,
Ao "bichinho" retornei
Dalinha amiga,
o nosso, foi um
REencontro!
Hoje vim OFICIALIZAR a
minha entrada nesse
mundo maravilhoso...
Veja lá, meu retratinho!
Um cheiro,pra Rosário!
Um cheiro, pra vc,Dalinha!
Lucia
Oi Lúcia,
ResponderExcluirVocê chegou animada, cheia de gás, já está mandando bem nos versos, já é da casa.
É muito bom ter leitoras participantes como você.
Sim foi um REencontro, sinto você muito perto.
Um cheeeiro
Dalinha
Quando a seca alarmante
ResponderExcluirLeva o cabra retirante
Pra cidade tão distante
Do seu amado sertão,
A saudade do seu chão
Se ele for um violeiro
Vai mostrá-la por inteiro
Nos oito pés do quadrão.
Fazendo verso rimado
Também deixa seu recado
No martelo agalopado,
Na ligeira e no mourão.
Mostra sua inspiração
Na canção, na gemedeira,
Na parcela, na rendeira,
Nos oito pés do quadrão.
É bonita a poesia
É vibrante a melodia
Que canta com maestria
Pra só parar no refrão.
Faz sua improvisação
Cantando horas a fio,
Multiplicando por mil
Os oito pés do quadrão.
Se a chuva traz esperanças
Acabam suas andanças.
Já deixou suas heranças
Na cultura da nação.
Só quer voltar pra seu chão,
Ver sua terra de novo
E cantar para seu povo
Os oito pés do quadrão.
Com todo merecimento
Dou o reconhecimento
Pelo seu grande talento,
Poeta lá do sertão.
E faço uma afirmação:
Serei sempre, cantador,
Singelo apreciador
Dos oito pés do quadrão.
Muito lindo.
ExcluirTenho certeza da duvida,
ResponderExcluirda paz que me agita.
Sou oito ou oitenta,
pedra, rocha , palafita.
Que as minhas garras
vençam as amarras
que em mim ainda habita.
luã hawann
Eu voltei determinado
ResponderExcluirA reencontrar o deixado
No lugar que fui criado
E encontrei tudo Dalí
O gibão Velho e a caminha
Brinquedos da infancia minha
Tudo achei na casinha
Do lugar onde eu nasci
Um velho chapéu de palha,
O canivete e a navalha
Uma camisa de malha
E a gaiola do colibri.
Achei a botina de couro,
A baladeira de souro,
A marca de ferrar Touro.
Um pote e uma vasilhinha,
Tudo achei na casinha
Do lugar onde eu nascir
Um carrinho de Madeira,
Partes de uma bilheira,
Minha antiga cadeira
De balanço estaba ali.
A corda de armar rede,
O poço que mata a sede
E os desenhos na parede
Que falam de infância Minha
E tudo achei na casinha
Do lugar onde eu nasci
A panela de fazer cural,
A bainha do punhal
E a fechadura do curral
Comprada no Acariri.
Achei meu rádio de madeira
Encima de uma esteira,
Lembranças da vida inteira
À memória me vinha,
Pois tudo achei na casinha
Do lugar onde eu nasci
(...)
INCLUSÃO
ResponderExcluirVeja se tenho razão
Ou pode soar estranho:
Quando o ego é de um tamanho
Maior que o coração,
Ninguém quer comparação.
E se o assunto é o EU,
Será que já percebeu?
Pois isso é bem natural,
Com o seu não tem nada mal,
O ruim é sempre o meu!
Pra se julgar bem melhor
No mundo há tanta gente
Que se acha competente
E só enxerga ao arredor
O que se faz de pior,
Suas ações são um primor,
Não dá ao irmão, valor,
Não olha para o que faz,
Nem vê que outro é capaz,
Leva a vida em se expor!
Bondade e compaixão
O próximo também merece
E certamente entristece
Se é tratado com exclusão!
Temos que ter atenção
E ao invés de humilhar
Aprender a se colocar
No lugar do semelhante
Vendo o quanto é importante
A humildade praticar!
Não há grande nesta terra!
Quando iremos entender,
Abrir os olhos pra ver
Esta Máxima que encerra?
Que todo humano erra,
Que o saber é diferente
E sendo Deus quem consente,
Ele tira, Ele dá!
E no cosmos, outro não há,
Só Ele é onisciente!