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segunda-feira, 4 de abril de 2011

OITAVAS OU OITO PÉS DE QUADRÃO

ARCO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EM IPUEIRAS-CE
Sou encantada pelo cordel e suas modalidades.
As estrofes feitas em oito pés de quadrão ou oitavas fascinam-me. E você, gosta desta modalidade? Quer mandar a sua?

SAUDOSA IPUEIRAS
Ao sair do meu sertão,
Rezei, fiz tanta oração,
Pra abrandar meu coração,
Que inconformado sofria
Deixei a minha cidade,
Que era na realidade
A minha felicidade
Minha maior alegria.
Dalinha Catunda

Texto retirado do Livro de Gonçalo Ferreira da Silva, “Vertentes e Evolução da Literatura de Cordel”
"07 - Oito pés de quadrão ou Oitavas
Os oito pés de quadrão, ou simplesmente oitavas, são estrofes de oito versos de sete sílabas. A diferença dessas estrofes de cunho popular para as de linha clássica é apenas a disposição das rimas. Vejam como o primeiro e o quinto versos desta oitava de Casimiro de Abreu (1837 - 1860) são órfãos:
Como são belos os dias
Do despontar da existência
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O Céu - Um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida um hino de amor.
Na estrofe popular aparecem os primeiros três versos rimados entre si; também o quinto, o sexto e o sétimo, e finalmente o quarto com o último, não havendo, portanto um único verso órfão. Assim:
Diga Deus Onipotente
Se é você, realmente
Que autoriza, que consente
No meu sertão tanta dor
Se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
De luz, de paz e de amor."
*
Visite também: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosarioecordel.blogspot.com
Foto de Dalinha Catunda

8 comentários:

  1. Jadson Xavier (JATÃO) disse...

    É FASCINANTE O MUNDO DO CORDEL
    COM SUAS VÁRIAS MANEIRAS,
    SEMPRE ABRINDO CLAREIRAS
    NA INTERNET E NO PAPEL.
    E A GENTE VAI PASSANDO,
    SEMPRE CULTURA MOSTRANDO
    E O POVO GOSTANDO
    DO LEIGO AO DOUTOR DE ANEL.

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  2. Já fui "viciada" nisso
    Depois desacostumei
    O vício tava na terra
    Pr'onde fui não encontrei
    Agora, com a Dalinha,
    Ao "bichinho" retornei

    Dalinha amiga,
    o nosso, foi um
    REencontro!

    Hoje vim OFICIALIZAR a
    minha entrada nesse
    mundo maravilhoso...
    Veja lá, meu retratinho!

    Um cheiro,pra Rosário!
    Um cheiro, pra vc,Dalinha!
    Lucia

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  3. Oi Lúcia,
    Você chegou animada, cheia de gás, já está mandando bem nos versos, já é da casa.
    É muito bom ter leitoras participantes como você.
    Sim foi um REencontro, sinto você muito perto.
    Um cheeeiro
    Dalinha

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  4. Quando a seca alarmante
    Leva o cabra retirante
    Pra cidade tão distante
    Do seu amado sertão,
    A saudade do seu chão
    Se ele for um violeiro
    Vai mostrá-la por inteiro
    Nos oito pés do quadrão.

    Fazendo verso rimado
    Também deixa seu recado
    No martelo agalopado,
    Na ligeira e no mourão.
    Mostra sua inspiração
    Na canção, na gemedeira,
    Na parcela, na rendeira,
    Nos oito pés do quadrão.

    É bonita a poesia
    É vibrante a melodia
    Que canta com maestria
    Pra só parar no refrão.
    Faz sua improvisação
    Cantando horas a fio,
    Multiplicando por mil
    Os oito pés do quadrão.

    Se a chuva traz esperanças
    Acabam suas andanças.
    Já deixou suas heranças
    Na cultura da nação.
    Só quer voltar pra seu chão,
    Ver sua terra de novo
    E cantar para seu povo
    Os oito pés do quadrão.

    Com todo merecimento
    Dou o reconhecimento
    Pelo seu grande talento,
    Poeta lá do sertão.
    E faço uma afirmação:
    Serei sempre, cantador,
    Singelo apreciador
    Dos oito pés do quadrão.

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  5. Tenho certeza da duvida,
    da paz que me agita.
    Sou oito ou oitenta,
    pedra, rocha , palafita.
    Que as minhas garras
    vençam as amarras
    que em mim ainda habita.

    luã hawann

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  6. Eu voltei determinado
    A reencontrar o deixado
    No lugar que fui criado
    E encontrei tudo Dalí
    O gibão Velho e a caminha
    Brinquedos da infancia minha
    Tudo achei na casinha
    Do lugar onde eu nasci

    Um velho chapéu de palha,
    O canivete e a navalha
    Uma camisa de malha
    E a gaiola do colibri.
    Achei a botina de couro,
    A baladeira de souro,
    A marca de ferrar Touro.
    Um pote e uma vasilhinha,
    Tudo achei na casinha
    Do lugar onde eu nascir

    Um carrinho de Madeira,
    Partes de uma bilheira,
    Minha antiga cadeira
    De balanço estaba ali.
    A corda de armar rede,
    O poço que mata a sede
    E os desenhos na parede
    Que falam de infância Minha
    E tudo achei na casinha
    Do lugar onde eu nasci

    A panela de fazer cural,
    A bainha do punhal
    E a fechadura do curral
    Comprada no Acariri.
    Achei meu rádio de madeira
    Encima de uma esteira,
    Lembranças da vida inteira
    À memória me vinha,
    Pois tudo achei na casinha
    Do lugar onde eu nasci

    (...)

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  7. INCLUSÃO
    Veja se tenho razão
    Ou pode soar estranho:
    Quando o ego é de um tamanho
    Maior que o coração,
    Ninguém quer comparação.
    E se o assunto é o EU,
    Será que já percebeu?
    Pois isso é bem natural,
    Com o seu não tem nada mal,
    O ruim é sempre o meu!

    Pra se julgar bem melhor
    No mundo há tanta gente
    Que se acha competente
    E só enxerga ao arredor
    O que se faz de pior,
    Suas ações são um primor,
    Não dá ao irmão, valor,
    Não olha para o que faz,
    Nem vê que outro é capaz,
    Leva a vida em se expor!

    Bondade e compaixão
    O próximo também merece
    E certamente entristece
    Se é tratado com exclusão!
    Temos que ter atenção
    E ao invés de humilhar
    Aprender a se colocar
    No lugar do semelhante
    Vendo o quanto é importante
    A humildade praticar!

    Não há grande nesta terra!
    Quando iremos entender,
    Abrir os olhos pra ver
    Esta Máxima que encerra?
    Que todo humano erra,
    Que o saber é diferente
    E sendo Deus quem consente,
    Ele tira, Ele dá!
    E no cosmos, outro não há,
    Só Ele é onisciente!




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