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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SALA DE VISITAS recebe: NELCIMÁ DE MORAIS

(foto extraída da internet)
Cordel de Saia, espaço que se dedica especialmente à mulher: suas lutas, suas conquistas e suas vitórias recebe em Sala de Visitas a poeta e professora, Nelcimá de Morais, natural de Santa Luzia, PB, 1957. Aos 18 anos ingressou no magistério, exercendo suas atividades nas cidades de Junco do Seridó, Santa Luzia, Patos e João Pessoa, onde reside atualmente. Pós-graduada pela UFPB, especializou-se em literatura medieval e, hoje, dedica-se à literatura popular, como mestre e poeta. Ministra cursos, oficinas e palestras. A Cordelteca - Memória da literatura de cordel/Biblioteca Amadeu Amaral/CNFCP, dispõe de 19 títulos da autora.
(nelcima@hotmail.com e http://ncordel.blogspot.com.br/).

Desabafos dum alcoólatra
1
Olá, meu caro leitor
Mais uma tarefa a cumprir
Preparei mais um poema
Para você me ouvir
Uso o tema alcoolismo
Venha a mim se unir.
2
Trabalho com educação
Hoje estou aposentada
E como educar é pra sempre
Por isso não estou parada
Educo de outra forma
Uso o cordel, camarada!
3
Foi grande a minha labuta
Com o analfabetismo
Depois procurei um jeito
De combater o tabagismo
Tive uma boa resposta
Agora é a vez do alcoolismo.
4
Grande é o efeito do álcool
Saiba dessa informação
Tem um lado que estimula
O da desinibição
Mas o outro é arrasante
A sua moral vai pro chão.

(Nelcimá Morais)
João pessoa-PB
30/07/2012



DEIXE AQUI SEU COMENTÁRIO ou o envie para cordeldesaia@gmail.com

5
O álcool traz euforia
Deixa você bem contente
E também descontrolado
Até ficar deprimente
Vai comendo os seus miolos
Até deixá-lo demente.
6
Vai mudando o seu humor
Primeiro vem a euforia
Um comportamento estranho
Você acha que é alegria
Noutro dia nem percebe
Está com melancolia.
7
Como isso tudo acontece
Começa a agitação
Confunde os pensamentos
Vai partindo pra agressão
Não demora muito tempo
Surge logo a depressão.
8
É triste ver uma pessoa
Na bebida se entregando
Está perdendo o seu controle
E a saúde estragando
Faz sofre toda a família
E os amigos afastando.
9
Demência é um grande mal
Pelo alcoolismo trazido
Convulsão, cirrose e morte
Tudo tem acontecido
Por causa desse maldito
Muita gente tem sofrido.
10
Vou citar alguns exemplos
Dum alcoólatra inconformado
O mundo dos seus “amigos”
Hoje por ele contado
Eu cito aqui pra você
Mas com nome inventado.
11
José, um homem bem novo
Porém não tinha confiança
Mexia com mulher casada
Não respeitava criança
Perdeu a integridade
A sua autoconfiança.
12
Um cidadão bem vistoso
Duma família exemplar
Uma pessoa inteligente
Conquistava com o olhar
Tem filhos maravilhosos
Nada pra ele se queixar.
13
Dizia: ninguém é besta
De no bêbado confiar
O seu Joaquim quando bebe
Só faz cagar e mijar
No povo que tá dormindo
Quando vem lhe visitar.
14
Maria, uma dona de casa
Uma mulher respeitada
Engajou-se na bebida
Até ficar viciada
O álcool lhe transformou
E deixou-a esclerozada.
15
Um branco dava em Tião
E sem saber o que fazia
A calcinha da mulher
Sempre, sempre ele vestia
E quando ia pro banheiro
A sua bosta comia.
16
Depois na sobriedade
A sua mulher lhe contava.
E tudo o que lhe dizia
A sua alma judiava
Sofria que dava dó
Muitas vezes ele chorava.
17
Luzia, linda mulher!
Pelo mundo se mandou
Bebia com todo mundo
Foi perdendo o seu vigor
Muito sexo e muita droga
O seu corpo transformou.
18
Sua filha desgostosa
Que na sarjeta a mãe via
Rezava pedindo a Deus
Pra ela também um guia
Porque essa vida triste
Pra ela nunca queria.
19
Tomara que essa história
Vá servindo de lição
Ver assim um ser humano
Hoje me corta o coração
E faço a todos um convite:
Venha salvar-se, meu irmão!
20
Hoje eu vivo escapando
Correndo para o AA
Tentando com muito esforço
Do maldito me livrar
É um vício desgraçado
Mas de mim não vai ganhar.
21
Termino aqui um desabafo
Dum homem prejudicado
Aguardo esperançosa
Que ele tenha lhe ajudado
Veja os ensinamentos
Não se sinta incomodado.
22
Não sinta irmãos, por favor!
Que isso é preconceito
É só uma forma diferente
De eu arranjar um jeito
De lhe mostrar que é doença
Não penso que é defeito.
23
Alcoolismo é doença
E difícil de tratar
Deixe que a sua família
Possa de você cuidar
Dê o seu consentimento
Pra ela colaborar
24
Agora findo a minha parte
Que é de lhe transmitir
Os males da humanidade
Que podem lhe destruir.
Grande é a beleza da vida
Pra você usufruir.

(Nelcimá Morais)
João pessoa-PB
30/07/2012



2 comentários:

  1. Amigos que nos visitam, DEIXEM seus comentários. Eles serão úteis para nossos estatísticas de visitação e aferição do interesse pela literatura de cordel. Obrigada, abraço,
    Rosário Pinto

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  2. Oi, Rosário! muito obrigada pela postagem, Nós, mulheres cordelistas,nos sentimos honradas com esse trabalho de tão grande significado. Depois que enviei o poema pra vocês, já o encontrei postado noutro blog - PPLP UFPB, e foi através do Cordel de saia. bjos!

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