NUNCA PEGUEI NA RODILHA
MAS TOMEI ÁGUA DE POTE
*
1 - Dalinha Catunda
*
Sou natural do Nordeste,
Nascida no Ceará.
Aprontei muito por lá
Na minha vidinha agreste
Aticei cabra da peste
Pra comigo dançar xote
Dançava, dava pinote,
Sem me assustar com braguilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
Nascida no Ceará.
Aprontei muito por lá
Na minha vidinha agreste
Aticei cabra da peste
Pra comigo dançar xote
Dançava, dava pinote,
Sem me assustar com braguilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
*
2- Compadre Lemos
*
Eu nunca fui enxadeiro,
Nem mateiro, seu Doutor.
Nunca guiei um trator,
Muito menos fui vaqueiro!
Mas, pra quê, se o tempo inteiro,
A minha vida é um mote?
Se Rosinha, com o seu dote,
Me fez o Rei da Bastilha?...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
Nem mateiro, seu Doutor.
Nunca guiei um trator,
Muito menos fui vaqueiro!
Mas, pra quê, se o tempo inteiro,
A minha vida é um mote?
Se Rosinha, com o seu dote,
Me fez o Rei da Bastilha?...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
3 - Dalinha Catunda
*
A dança me faz sonhar
É coisa que me seduz.
O cavalheiro conduz,
Dama se deixa levar.
Vislumbrando um belo par.
Olhe, repare e anote,
E nova postura adote
Sem temer perder a trilha
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
A dança me faz sonhar
É coisa que me seduz.
O cavalheiro conduz,
Dama se deixa levar.
Vislumbrando um belo par.
Olhe, repare e anote,
E nova postura adote
Sem temer perder a trilha
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
*
4 - Compadre Lemos
*
Eu senti sede três vezes,
Para nunca sentir mais.
Uma vez foi nos Gerais,
Na batalha dos Ingleses.
Outra vez, foi no Menezes,
E, depois, foi num serrote
Lá perto do Cocorote,
Não vou mais nessa armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
Para nunca sentir mais.
Uma vez foi nos Gerais,
Na batalha dos Ingleses.
Outra vez, foi no Menezes,
E, depois, foi num serrote
Lá perto do Cocorote,
Não vou mais nessa armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
5 - Dalinha Catunda
*
A sede que eu senti
Era mesmo de matar,
Não dava para esperar,
Atrás de água corri.
Quando um riacho eu vi,
Fui logo dando um pinote,
A água entrou no decote,
Molhou até a virilha!
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
A sede que eu senti
Era mesmo de matar,
Não dava para esperar,
Atrás de água corri.
Quando um riacho eu vi,
Fui logo dando um pinote,
A água entrou no decote,
Molhou até a virilha!
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
6 - Compadre Lemos
*
Tive sede de cultura
Pois a ignorância é peste.
Fui morar lá no Nordeste,
Onde a Poesia é mais pura.
Apesar da vida dura,
Sem a luz do holofote,
Rapadura no caixote
Era doce maravilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
Pois a ignorância é peste.
Fui morar lá no Nordeste,
Onde a Poesia é mais pura.
Apesar da vida dura,
Sem a luz do holofote,
Rapadura no caixote
Era doce maravilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
7 - Dalinha Catunda
*
Eu sou alma nordestina
Peregrina, viajante.
Da minha terra distante
Vou cumprindo minha sina.
Saí de lá bem menina,
Ainda usando saiote,
Prossigo no mesmo trote,
Nesta vida de andarilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
8 - Compadre Lemos
Peregrina, viajante.
Da minha terra distante
Vou cumprindo minha sina.
Saí de lá bem menina,
Ainda usando saiote,
Prossigo no mesmo trote,
Nesta vida de andarilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
8 - Compadre Lemos
Pelegrino, ritirante,
Ismolante e ismoler,
Sou sòzinho, sem muler,
Sufrimento intinerante,
Nunca istudei o bastante,
Mais num caio no seu trote,
Sou pueta sem fricote,
Vou butar você na trilha...
Nunca peguei na rudilha,
Mais tumei água de pote!
Ismolante e ismoler,
Sou sòzinho, sem muler,
Sufrimento intinerante,
Nunca istudei o bastante,
Mais num caio no seu trote,
Sou pueta sem fricote,
Vou butar você na trilha...
Nunca peguei na rudilha,
Mais tumei água de pote!
*
9 - Dalinha Catunda
*
O meu pai tentou bastante
Minha mãe tentou também,
Porém eu não sou do bem
Voz comigo não levante!
Pois eu sou ignorante
Faço da língua chicote,
Viro cobra dando bote,
Enfrento sua quadrilha!
Nunca
peguei na rodilha,
Mas
tomei água de pote!
10
- Compadre Lemos
*
Teu
rompante não me assusta,
Teu chicote não me bate,
Para quem me desacate,
Desacatar nada custa.
Não venha de saia justa,
Porque saia não é dote.
Hoje eu verso no teu mote,
Mas em ti não boto pilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
Teu chicote não me bate,
Para quem me desacate,
Desacatar nada custa.
Não venha de saia justa,
Porque saia não é dote.
Hoje eu verso no teu mote,
Mas em ti não boto pilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
11
- Dalinha Catunda
*
Este
seu comportamento
Vai
acabar em sopapo,
Pode
manerar no papo,
E
deixe de ser jumento.
É
fraco seu argumento
Embora
você não note!
Eu
monto no seu cangote,
E
nele amarro a mantilha,
Nunca
peguei na rodilha,
Mas
tomei água de pote!
*
12
- Compadre Lemos
*
Comportamento de macho,
Sopapo não teme, não!
O meu papo tem razão
E jumento eu esculacho!
Argumento é cambalacho,
em seu caderno anote:
Vá montar em um fracote,
Amarrado em armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
*
Sopapo não teme, não!
O meu papo tem razão
E jumento eu esculacho!
Argumento é cambalacho,
em seu caderno anote:
Vá montar em um fracote,
Amarrado em armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
*
13 - Dalinha Catunda
*
Quando
deixei meu sertão
Não
saí para apanhar,
Marmanjo
eu sei enfrentar
Pois
tenho disposição.
Bato
no verso e na mão,
E
sem direito a rebote!
Capricho
no piparote,
Inda
amarro na forquilha
Nunca
peguei na rodilha,
Mas
tomei água de pote!
*
14
– Compadre Lemos
*
O
Sertão é terra minha
Apanhar? Aprendo não!
Sou marmanjo campeão,
Disposto galo de rinha!
Verso e mão é ladainha
Direito seu é calote.
Capricha aí no teu xote,
Que eu te enforco na sextilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só tomo água de pote!
Apanhar? Aprendo não!
Sou marmanjo campeão,
Disposto galo de rinha!
Verso e mão é ladainha
Direito seu é calote.
Capricha aí no teu xote,
Que eu te enforco na sextilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só tomo água de pote!
*
15
- Dalinha Catunda
*
Bebo água de quartinha
Que muitos chamam moringa.
Não gosto de beber pinga,
Que é pra não sair da linha.
Pra pelejar com Dalinha,
Amole bem seu serrote!
Pois tendo meu laçarote
Cabra nenhum me humilha
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
16 Compadre
Lemos
*
Teu pote já se quebrou
Tua quartinha sumiu
Onde foi que ninguém viu
Nem a viola sobrou.
Nessa hora, quem chorou
Foi você, dando fricote.
E eu, sem ter nem chicote,
Surrava quem já não brilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
Teu pote já se quebrou
Tua quartinha sumiu
Onde foi que ninguém viu
Nem a viola sobrou.
Nessa hora, quem chorou
Foi você, dando fricote.
E eu, sem ter nem chicote,
Surrava quem já não brilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
*
17
- Dalinha Catunda
*
Meu
pote eu mesma quebrei
E
foi no teu espinhaço.
Tu
só tem estardalhaço
Não
diga que não brilhei!
Agora
que te surrei,
Estou
fazendo o pacote,
Foi-se
o sonho de Quixote,
Viola
não mais dedilha...
Nunca
peguei na rodilha,
Mas
tomei água de pote!
*
18
- Compadre Lemos
*
À Comadre eu agradeço
A honra desta peleja.
Que ela somente seja
A primeira, só o começo!
Da amizade não me esqueço,
Já vem junto com o pacote.
Esta beleza de mote,
É Poesia em Redondilha...
Vou guardar essa rodilha
Pra me lembrar desse pote!!!
À Comadre eu agradeço
A honra desta peleja.
Que ela somente seja
A primeira, só o começo!
Da amizade não me esqueço,
Já vem junto com o pacote.
Esta beleza de mote,
É Poesia em Redondilha...
Vou guardar essa rodilha
Pra me lembrar desse pote!!!
*
19
- Dalinha Catunda
*
Nas
asas da poesia
Voei
com meu professor.
Sou
grata a Nosso senhor
Por
essa grande alegria.
Confesso
ganhei o dia,
E
rima fiz de magote.
Tentei
seguir o seu trote
Seguindo
sua apostilha,
Quase
rasguei a rodilha,
por
pouco não quebro o pote.
*
Mote
de Dalinha Catunda
Olá compadre Lemos,
ResponderExcluirSei que o senhor está tentando, sem conseguir, postar seu comentário, lamento se quiser me mandar, eu tento postar. Obrigada pela oportunidade de pelejar com o poeta.