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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Dalinha Catunda & Compadre Lemos

NUNCA PEGUEI NA RODILHA
MAS TOMEI ÁGUA DE POTE
*
1 - Dalinha Catunda
*
Sou natural do Nordeste,
Nascida no Ceará.
Aprontei muito por lá
Na minha vidinha agreste
Aticei cabra da peste
Pra comigo dançar xote
Dançava, dava pinote,
Sem me assustar com braguilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
*
2- Compadre Lemos
*
Eu nunca fui enxadeiro,
Nem mateiro, seu Doutor.
Nunca guiei um trator,
Muito menos fui vaqueiro!
Mas, pra quê, se o tempo inteiro,
A minha vida é um mote?
Se Rosinha, com o seu dote,
Me fez o Rei da Bastilha?...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!

*
3 - Dalinha Catunda
*
A dança me faz sonhar
É coisa que me seduz.
O cavalheiro conduz,
Dama se deixa levar.
Vislumbrando um belo par.
Olhe, repare e anote,
E nova postura adote
Sem temer perder a trilha
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
*
4 - Compadre Lemos
*
Eu senti sede três vezes,
Para nunca sentir mais.
Uma vez foi nos Gerais,
Na batalha dos Ingleses.
Outra vez, foi no Menezes,
E, depois, foi num serrote
Lá perto do Cocorote,
Não vou mais nessa armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!

*
5 - Dalinha Catunda
*
A sede que eu senti
Era mesmo de matar,
Não dava para esperar,
Atrás de água corri.
Quando um riacho eu vi,
Fui logo dando um pinote,
A água entrou no decote,
Molhou até a virilha!
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
6 - Compadre Lemos
*
Tive sede de cultura
Pois a ignorância é peste.
Fui morar lá no Nordeste,
Onde a Poesia é mais pura.
Apesar da vida dura,
Sem a luz do holofote,
Rapadura no caixote
Era doce maravilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
7 - Dalinha Catunda
*

Eu sou alma nordestina
Peregrina, viajante.
Da minha terra distante
Vou cumprindo minha sina.
Saí de lá bem menina,
Ainda usando saiote,
Prossigo no mesmo trote,
Nesta vida de andarilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
8 - Compadre Lemos

Pelegrino, ritirante,
Ismolante e ismoler,
Sou sòzinho, sem muler,
Sufrimento intinerante,
Nunca istudei o bastante,
Mais num caio no seu trote,
Sou pueta sem fricote,
Vou butar você na trilha...
Nunca peguei na rudilha,
Mais tumei água de pote!
*
9 - Dalinha Catunda
*

O meu pai tentou bastante
Minha mãe tentou também,
Porém eu não sou do bem
Voz comigo não levante!
Pois eu sou ignorante
Faço da língua chicote,
Viro cobra dando bote,
Enfrento sua quadrilha!
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
10 - Compadre Lemos
*
Teu rompante não me assusta,
Teu chicote não me bate,
Para quem me desacate,
Desacatar nada custa.
Não venha de saia justa,
Porque saia não é dote.
Hoje eu verso no teu mote,
Mas em ti não boto pilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
11 - Dalinha Catunda
*
Este seu comportamento
Vai acabar em sopapo,
Pode manerar no papo,
E deixe de ser jumento.
É fraco seu argumento
Embora você não note!
Eu monto no seu cangote,
E nele amarro a mantilha,
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
12 - Compadre Lemos
*
Comportamento de macho,
Sopapo não teme, não!
O meu papo tem razão
E jumento eu esculacho!
Argumento é cambalacho,
em seu caderno anote:
Vá montar em um fracote,
Amarrado em armadilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
*
13 - Dalinha Catunda

*
Quando deixei meu sertão
Não saí para apanhar,
Marmanjo eu sei enfrentar
Pois tenho disposição.
Bato no verso e na mão,
E sem direito a rebote!
Capricho no piparote,
Inda amarro na forquilha
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
14 – Compadre Lemos
*
O Sertão é terra minha
Apanhar? Aprendo não!
Sou marmanjo campeão,
Disposto galo de rinha!
Verso e mão é ladainha
Direito seu é calote.
Capricha aí no teu xote,
Que eu te enforco na sextilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só tomo água de pote!
*
15 - Dalinha Catunda
*
Bebo água de quartinha
Que muitos chamam moringa.
Não gosto de beber pinga,
Que é pra não sair da linha.
Pra pelejar com Dalinha,
Amole bem seu serrote!
Pois tendo meu laçarote
Cabra nenhum me humilha
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
16 Compadre Lemos
*
Teu pote já se quebrou
Tua quartinha sumiu
Onde foi que ninguém viu
Nem a viola sobrou.
Nessa hora, quem chorou
Foi você, dando fricote.
E eu, sem ter nem chicote,
Surrava quem já não brilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas só bebo água de pote!
*
17 - Dalinha Catunda
*
Meu pote eu mesma quebrei
E foi no teu espinhaço.
Tu só tem estardalhaço
Não diga que não brilhei!
Agora que te surrei,
Estou fazendo o pacote,
Foi-se o sonho de Quixote,
Viola não mais dedilha...
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote!
*
18 - Compadre Lemos
*
À Comadre eu agradeço
A honra desta peleja.
Que ela somente seja
A primeira, só o começo!
Da amizade não me esqueço,
Já vem junto com o pacote.
Esta beleza de mote,
É Poesia em Redondilha...
Vou guardar essa rodilha
Pra me lembrar desse pote!!!
*
19 - Dalinha Catunda
*
Nas asas da poesia
Voei com meu professor.
Sou grata a Nosso senhor
Por essa grande alegria.
Confesso ganhei o dia,
E rima fiz de magote.
Tentei seguir o seu trote
Seguindo sua apostilha,
Quase rasguei a rodilha,
por pouco não quebro o pote.
*
Mote de Dalinha Catunda


 

Um comentário:

  1. Olá compadre Lemos,
    Sei que o senhor está tentando, sem conseguir, postar seu comentário, lamento se quiser me mandar, eu tento postar. Obrigada pela oportunidade de pelejar com o poeta.

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