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segunda-feira, 22 de maio de 2017

LUIZ GONZAGA O MENSAGEIRO DO NORDESTINO

LUIZ GONZAGA
O MENSAGEIRO DO NORDESTINO
A musa peço licença,
A Deus pai inspiração,
Recorro também a nossa
Senhora da Conceição,
Para passar com meu verso
Adentrar nesse universo
Onde reinou Gonzagão.
2
Luiz Gonzaga nasceu
Dia de Santa Luzia.
Lá no céu uma estrela
Brilhou quando o rei nascia.
Ele viveu seu reinado
Como ser iluminado
Mensageiro da alegria.
3
Foi o velho Januário
Que seu nome escolheu.
Em homenagem a Santa
Esse nome recebeu.
O filho de Ana Batista
Brilhou muito como artista,
E chegou ao apogeu.
4
Pela sua trajetória
Luiz hoje é lendário.
A história do forró
Escreveu em seu fadário.
Amava seu pé-de-serra,
E a sua querida terra,
Chamava de relicário.
5
Com triângulo e Zabumba,
Sua voz virou rotina.
Viajou pelo Brasil,
Com a sua concertina.
Propagou xote e xaxado,
Andando pra todo lado,
Com a verve nordestina.
6
Um belo gibão de couro,
E chapéu especial,
Assim compunha Gonzaga,
Com arte seu visual.
A moda que ele ditou
Bastante gente imitou
Querendo ficar igual.
7
Luiz Gonzaga partiu
Sem sair do pensamento,
Deste povo nordestino
Que lembra a todo momento,
Do entusiasmo do rei
Que cantou pra sua grei
Trazendo contentamento.
8
Sei que já faz um bom tempo
Que velho Lua morreu.
Da vida dos nordestinos
Nunca desapareceu.
Porque em cada canção
Cantava com emoção
O mundo em que viveu.
9
Nosso Rei do Baião vive
Na boca da sua gente.
Pois tudo que ele gravou
É cantado no presente.
Sendo a voz do retirante,
Dos que estavam distante,
Virou canto do ausente!
10
Tudo que Luiz cantava
O povo fazia refrão.
A sua voz envolvente
Enternecia o povão,
Que traz o rei na memória
Jamais esquece a história
Do inventor do baião.
11
Luiz Gonzaga cantou,
Os costumes do sertão,
Cantou beatas e santos,
Padre Cícero Romão,
Cantou povo, cantou fé,
O Santo de Canindé,
Em quem tinha devoção.
12
Lágrimas vinham aos olhos
Da nossa gente sofrida
Quando seu Luiz cantava
A canção Triste Partida.
Os versos de Patativa
Era lamentação viva
Da seca mais descabida.
13
Cantou para o santo papa,
Não esqueceu Lampião,
As lendas de cangaceiros,
Que corriam no sertão.
Cantou a mulher rendeira,
E Sá Marica parteira,
Costumes e tradição.
14
E cantou como ninguém!
A cabocla nordestina,
Comadre Sebastiana,
A cheirosa Karolina,
Cantou a sua Rosinha,
E Xandu, a Xanduzinha!
E os sete de Setembrina.
15
Cantou do vate Catulo,
Que traz no nome Paixão.
Digo a todos com certeza!
Encantou nossa nação,
Com a mais bela cantiga,
Que amor a terra instiga,
Que foi Luar do Sertão.
16
Lua mostrou ao Brasil,
Nossa nação nordestina.
Falou da chuva e da seca,
Comentando nossa sina.
Cantou tristeza e alegria,
Dum povo que contagia,
E a ter fé em Deus ensina.
17
Cantou a fauna e a flora,
As chuvas e a sequidão,
E mostrou ao mundo inteiro
Grande amor pelo seu chão.
Asa branca arrebatou,
E todo mundo cantou,
Essa bonita canção.
18
Nos programas matinais,
Nas rádios do interior,
Luiz inda faz sucesso
Na boca do locutor,
E canta dia após dia,
O canto que contagia
Com seu agreste esplendor.
19
E na festa da colheita,
Nas fogueiras de São João,
A música mais tocada,
Inda é de Gonzagão.
O povo dança quadrilha,
Muitos adotam na trilha,
Os passos da tradição.
20

Se dizem que quem foi rei
Nunca perde a majestade,
Luiz Gonzaga confirma,
Essa mais pura verdade.
O nosso cabra da peste
Será sempre o rei agreste
Um rei que deixou saudade.
21
O querido rei caboclo,
O nosso rei do baião,
Viverá eternamente
Em nossa recordação.
E será eternizado,
Pois sempre será lembrado
Mesmo em outra dimensão.
22
Tema de escola de samba
Ele foi no carnaval.
Tem museu com o seu nome
Em sua terra natal.
Foi o criador primeiro,
Da tal missa do vaqueiro
Que hoje é tradicional.
23
Luiz sem dúvidas foi,
O clamor do nordestino.
A real trilha sonora,
Cantando cada destino.
Foi a voz do retirante,
O grande representante,
De quem virou peregrino.
24
Quando o fole da sanfona
Gemer em qualquer lugar,
E um forró pé-de-serra
O sanfoneiro tocar,
Relembrarei Gonzagão,
O nosso rei do Baião,
Majestade Singular!
*
FIM

LUIZ GONZAGA
Nasci e me criei no sertão, ouvindo Luiz Gonzaga.
Mal o galo cantava o rádio era ligado e a voz que se destacava era a do Rei do Baião.
As músicas que Luiz cantava eram repetidas na boca do sertanejo. Um sucesso atrás do outro.
Ele cantava o que o povo queria ouvir: Ô Véi Macho, Pássaro Carão, Asa branca, Xote dos Cabeludos, Olha Pro Céu e tantas outras músicas que estavam inseridas na realidade nordestina.
Não foi atoa que o Velho Gonzaga ficou tão popular e se tornou o maior representante do seu povo.
Deu voz ao nordestino, deu conforto aqueles que migraram em busca de vida melhor, e buscavam rever o Nordeste através de suas músicas.
Cantou a seca, o inverno, a fauna, a flora enfim, cantou a natureza como ela se apresentava no seu chão.
Resistem bravamente os programas de rádio que enaltecem o Rei do Baião.

Temos em vários lugares, museus replicando a história de Luiz Gonzaga. Ele é cantado e decantado pelos poetas de cordel, que o tem como tema recorrente. Uma das maiores homenagens a Velho Lua, é o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, também conhecido como Feira de São Cristóvão. O Rei soube escrever sua história inserindo a saga do seu povo e assim tornou-se imortal.

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