Recepção
ROSILENE MELO no quadro de pesquisadores da Academia Brasileira de Literatura
de Cordel – ABLC
Sessão Plenária de 21 de Agosto de 2019
A Academia Brasileira de
Literatura de Cordel realizou nesta quarta-feira, dia 21 de agosto de 2019 a
Sessão Plenária de posse da Professora ROSILENE MELO no quadro de Pesquisadores
da Instituição. É uma cadeira simbólica pelos trabalhos realizados pela professora
no âmbito da literatura de cordel.
Na ocasião fiz, com muito o
discurso de apresentação, deixando para Rosilene a palavra principal.
“ Recepcionar
a professora-doutora Rosilene Melo na nossa Academia não é tarefa, é honra.
Espero fazê-lo com o mesmo olhar afetuoso que ela sempre imprimiu aos seus
trabalhos.
Conheci
Rosilene Melo no ano de 2003, quando ela foi primeira colocada no Concurso
Sílvio Romero de monografias, idealizado com o propósito de estimular a
produção científica sobre os temas do folclore e da cultura popular. Instituído
em 1959, lançado anualmente o edital que confere ao primeiro e segundo
colocados prêmios pagos em dinheiro, prevendo-se, ainda, até três menções
honrosas, Prêmios conferidos por Comissão de especialistas indicada pelo Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular/Iphan/MinC(¹).
O
rumo de sua monografia foi a Tipografia São Francisco, de José Bernardo da
Silva, em Juazeiro do Norte, Ce., maior editora de literatura de cordel no país
entre as décadas de quarenta e setenta do século XX. O resultado desta pesquisa
é a publicação de Arcanos do verso:
trajetórias da literatura de cordel, 2010. Nessa pesquisa a professora Rosilene
Melo faz uma longa trajetória por outras tipografias do Nordeste.
Rosilene
Melo aponta que ainda no século XIX, quando a literatura de cordel dava seus
primeiros passos no Brasil já apareceram aqueles que a pesquisadora chama de
necrófilos, os apregoadores da morte da literatura de cordel. E, como o passar
das décadas e o aparecimento de novos meios de comunicação – jornais, revistas,
rádio, televisão e mais recentemente a internet – os apregoadores da morte
continuam em seu discurso mórbido. Não alcançam a capacidade que têm
poetas/poetisas e repentistas de se apropriar com talento e criatividade de
todo e qualquer meio de comunicação fazendo deles seus aliados.
Na
ocasião da premiação da professora, em 2003 e, pela intimidade com a literatura
de cordel fui indicação para fazer a entrega do Prêmio. Procurei ler a tese que
lhe conferiu a premiação. Queria saber quem era a professora que se debruçou
sobre o ícone que foi a Tipografia São Francisco, criada pelo meu patrono nesta
Academia, José Bernardo da Silva, nascido em Palmeira dos Índios -
AL, em 02 de novembro de 1901 e, que chega ao Juazeiro do Norte, em
1926, atraído pela figura de Padre Cícero Romão Batista.
Não
quero enumerar todas as titulações de Rosilene Melo, são muitas, quero replicar
o que senti quando li seu trabalho: trabalho científico, mas escrito com o
coração, na linguagem do amor. É isto que ela nos transmite em sua escrita e
suas falas.
A
pesquisa do Registro da Literatura de Cordel Como Bem de Patrimônio Cultural
Brasileiro, que ela também coordenou foi mais um exercício amoroso. Os recursos
recebidos por Emenda Parlamentar não foram suficientes e foi necessário mais
espera de mais alguns anos, por mais alguns recursos. Enquanto isto, Rosilene
trabalhava com o orçamento do prazer pelo que faz.
Uma
mulher que pesquisa/estuda a fala, a escrita e as emoções do povo, só pode ser
uma pessoa sábia. E a cada leitura que faço de pesquisas publicadas pela
professora Rosilene Melo, aprendo sempre mais.”
Texto e fotos:Maria Rosário Pinto
para o Blog Cordel de Saia
(¹) sigla do extinto Ministério da Cultura, em
2019.
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