AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
1
Retiro
o velho cordel
Que
trouxe no matulão
Onde
minha tradição
Trago
escrita no papel
Pego
e monto um painel
Pra
mostrar ao citadino
Meu
folheto feminino
No
meu linguajar matreiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Dalinha Catunda/Ipueiras-Ce
2
Antes
eram folhas soltas
Leandro
Gomes as prendeu
Endireitou
e vendeu
Causando
reviravoltas
Dominou
mas sem escoltas
Pois
sempre foi peregrino
Vivendo
igual Beduíno;
Agora
achou paradeiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Zé salvador/Tianguá-Ce
3
Saindo
do meu sertão
Vivi
Aventuras mil
Vendo
bala de fuzil
Furando
meu matulão
Ligeiro
que nem um cão
Procurei
o meu destino
Depois
virei bom menino
Pra
dizer pro mundo inteiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
João Batista Melo/Itabaianhinha-Se
4
O
cordel sei que é verdade,
Não
mora em qualquer lugar
Nem
basta alguém procurar
Pra
matar a sua saudade.
Se
houver dificuldade
Nunca
faça desatino
Mude
logo seu destino
E
procure bem ligeiro.
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Cicero do Maranhão/Caxias-Ma
5
Prazer,
eu sou o cordel
Indo
além da inspiração
Métrica,
rima e oração
Eu
sei botar no papel
Vou
concorrer ao Nobel!
Seja
qual for o destino
Assino
embaixo, eu assino
Sou
eterno passageiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO
Morais Moreira/Ituaçu-Ba
6
A
cultura Iberiana
Chegou
com as caravelas
E
legou como sequelas
Um
escrito bem bacana
E
quem tem a mente sana
Conhece
um folheto fino
Eu
mesmo desde menino
Do
cordel sou mensageiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO
Wiliam J G Pinto/Palmeira dos Índios-Al
7
No
Rio cosmopolita
Mora
da arte a essência
Tem
a casa da ciência
Na
orla praia bonita
Igreja,
centro e mesquita
A
moldar o meu destino
Um
Cristo humano e divino
Que
é mais do que brasileiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO
Gonçalo Ferreira da Silva/Ipu/Ce
8
No Rio pude chegar
Trazendo forte lembrança
Na alma veio a esperança
E a coragem pra lutar
Procurando melhorar
Nas veredas do destino
Acertar sem tirar fino
Controlando o meu roteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Ivamberto Albuquerque/Alagoa
Grande/Pb
9
Quando
eu vim lá do Nordeste
Encontrei
grandes artistas
Poetas
e repentistas
Com
seu talento inconteste
Estes
bons cabras da peste
Com
a vida de peregrino
Fizeram
aqui seu destino
E
hoje eu digo ao mundo inteiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Almir Gusmão/Recife/Pe
10
Saí lá do Maranhão,
No ano sessenta e cinco.
Estudei com muito afinco.
E com amor no coração,
Aprendi muita lição.
Encarei o meu destino.
E sem muito desatino,
Com espírito altaneiro.
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Rosário Pinto/ Bacabal/ Ma
11
O Cordel no grande Rio
Que foi também Guanabara.
Chegou em paus-de-arara,
De caminhão e navio.
Exposto ao sol e ao frio,
Ganhou espaço e destino.
Ao se tornar sudestino,
Traçou seu próprio roteiro.
AQUI NO RIO DE JANEIRO.
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Erinalda Vilanave/ Natal/Rn
12
A Cultura Brasileira
Está bem enraizada
No Rio encontrou morada
Caminha na dianteira
Sua raiz estrangeira
Diversificou o tino
Vai cumprindo o seu destino
Criando novo roteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO
Geraldo Aragão/Senhora da Glória/Se
13
Tem
a Fonte da Saudade
Portela
e Maracanã
O
museu do Amanhã
Tem
Bangu e Piedade
Do
mundo a melhor cidade
O
mar sempre cristalino
O
velho fica menino
Tem
o povo hospitaleiro
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Chico Salles/ Sousa/PB
14
Em
toda esta região
Rica
em história e cultura
Encontrou
desenvoltura
A
cultura da Nação,
Depois
veio do Sertão
O
folheto genuíno
Ampliando
o seu destino
Aos
olhos do mundo inteiro,
AQUI
NO RIO DE JANEIRO
MORA
O CORDEL NORDESTINO.
Spalo Campelo/Campo Redondo/Rn
15
Fui pesquisar na memória
Encontrei todo sentido
De um mundo construído
No aconchego da glória
Antes de cantar vitória
Bem rápido fiz um hino
Com traço apurado e fino
Confesso que fui ligeiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Severino Honorato/Mulungu/Pb.
16
Se o ritmo do
coco é
Alagoano,
é também
De Pernambuco
e tem
Na Bahia
o axé
De todos
santos e até
Bate
ganzá pro divino,
No calango
tira um fino.
E se o
calango é mineiro,
AQUI NO
RIO DE JANEIRO
MORA O
CORDEL NORDESTINO.
Edmilson Santini/Águas Belas-Pe.
*
O Cordel nordestino no Rio de Janeiro.
O cordel que aportou na Bahia no baú dos colonizadores,
no nordeste, encontrou terra fértil para se propagar. Ganhou novas feições e na
mala do nordestino migrou para as grandes cidades.
Hoje somos muitos escrevendo Literatura de Cordel pelo
Brasil afora.
A internet é um termômetro a nos indicar essa
estatística.
Sempre me perguntam pelos nordestinos que escrevem cordel
aqui no Rio de Janeiro.
Diante da pergunta reincidente, resolvi criar um mote,
que nos remetesse ao tema, e convidar alguns cordelistas nordestinos, que atuam
na Cidade Maravilhosa a participarem deste cordel coletivo.
Aos poetas que
atenderam minha solicitação, quero aqui agradecer a todos, em especial ao poeta
e escritor, José Walter Pires, que gentilmente fez a apresentação deste cordel,
por mim organizado.
Contatos: E-mail: dalinhaac@gmail.com
tel: (21) 98225-0145
Dalinha Catunda idealizadora e coordenadora do cordel.
Rio de Janeiro, fevereiro de 2017.
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