E
POR FALAR EM CORDEL
Eis
aqui uma rodada de versos que teve inicio com os versos da Poeta de cordel,
Dalinha Catunda e a participação de vários cordelistas de muitos Estados do
Brasil.
Vânia Freitas, que se tornou uma grande
parceira, vem juntando essas interações e registrando nossos trabalhos em cordel.
Essas
produções editadas por Vânia Freitas, serão postadas no Blog Cordel de Saia, na
página do face, Cordel de Maria e compartilhada com os participantes.
Quero
agradecer a Vânia essa grande contribuição que é a propagação da Literatura de
Cordel, da qual somos detentoras e legitimadas pelo registro do Cordel como
Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo IPHAN.
Dalinha
Catunda
ENCRENCA
COM MULHER
*
Bardo
que não tem cautela
Tira
da boca a tramela
Mas
de repente amarela
Na
quebrada da rotina
Pois
a mulher na porfia
Com
astúcia desafia
E
o homem nem desconfia
Da
esperteza feminina.
DALINHA
CATUNDA
*
Cutucar
com vara curta
A
onça se espanta e surta
A
valentia se furta;
O
arrogante sequer
Dessa
teia não escapa
Perdeu
a mina e o mapa
Da
Musa levou um tapa
Respeita,
macho, a Mulher!
BASTINHA
JOB
*
Cabra
que arranha viola
Com
estrume na cachola
Na
merda sempre se atola
Por
não saber acatar
O
canto de espinho e flor
Que
chega trazendo ardor
E
não pede, por favor,
Para
com macho cantar.
DALINHA
CATUNDA
*
Êta,
Dalinha, danada
Que
jamais perde parada
Ao
se mostrar preparada
Pra
qualquer situação
Dando
nó em pingo d’água
Sabe
cantar sem ter mágoa
Nem
a tristeza deságua
NOS
OITO PÉS DE QUADRÃO.
JOSÉ
WALTER
*
Meu
amigo sou nojenta
Tenho
cabelo na venta
E
pouca gente aguenta
Quando
entro em ação
Eu
canto até ficar rouca
Se
o bardo dormir de touca
Morre
e não me deixa louca
NOS
OITO PÉS DE QUADRÃO.
DALINHA
CATUNDA
*
Eita
que mulher valente
Quero
ver cabra que enfrente
Essa
dama do repente
Braba
feito uma leoa
De
versos fonte infinita
Dalinha
tá bem na fita
Porque
sempre sua escrita
Como
melodia soa.
JERSON
BRITO
*
Eu
não conheço fadiga,
Não
fujo da boa briga,
Não
sou mulher com intriga,
Mas
não sou de calmaria!
Na
hora de pelejar
Gosto
do nó apertar
Pra
ver verso estrebuchar
Nos
braços da poesia.
DALINHA
CATUNDA
*
Homem,
respeite Dalinha
Tome
sua caipirinha
Vá
brigar na sua rinha
Onde
só tem confusão
Não
irrite a minha amiga
Que
ela nem gosta de briga
Fuja
de qualquer intriga
Nos
oito pés de quadrão.
CREUSA
MEIRA
*
Porém
se quiser chegar
Vá
chegando de vagar
Não
vai dar pra se espalhar
Na
minha jurisdição
Não
queira me ver irada
Pois
baixo mesmo a porrada
E
saio dando risada
Nos
oito pés de quadrão.
DALINHA
CATUNDA
Seguimos
nessa jornada
Lembrando
a macharada
Que
respeite a mulherada
Não
brinque com sua loa
Que
um motim iniciou
Buliu
com uma danou
E
com todas se lascou
Pois
ninguém verseja a toa.
MARIA
ELI
*
Eu
vou contar um segredo
Cabra
pra me fazer medo
Nem
precisa vir azedo
Pois
eu sou é de amargar
Eu
mato o vate na unha
Provoco
boto alcunha
E
usando de mumunha
Faço
o sujeito chorar.
DALINHA
CATUNDA
*
Da
caneta faço espora
O
verso faço na hora
Para
chegar sem demora
Esbanjando
o meu versar
Sonoro
como uma fonte
Eu
me junto com este monte
De
mulher que traz na fronte
A
arte de bem cantar.
VÂNIA
FREITAS
*
Risco
verso é na peixeira
No
traçado sou ligeira
Acabo
sendo a primeira
Na
hora de um debate
Por
gostar duma disputa
Vou
preparada pra luta
Trago
a mulher pra labuta
Pra
seguir nosso combate.
DALINHA
CATUNDA
*
Quem
se acha todo macho,
não
tem medo de esculacho,
é
melhor baixar o facho...
Quem
avisa, bem lhe quer.
O
melhor que a gente faz
é
ser fino... Perspicaz...
Pois,
quem quer viver em paz,
não
encrenca com mulher.
DAVID
FERREIRA
*
David
já chegou com manha
É
homem que não se acanha
De
mulher jamais apanha
Pois
conhece seu lugar
Chegou
com diplomacia
Num
verso de voz macia
Como
quem acaricia
Gata
pra não lhe arranhar.
DALINHA
CATUNDA
*
Toda
mulher de verdade,
pelo
voto à liberdade,
nutre
a sensibilidade
qu'há
de ter um grande amor...
Já
o homem, infelizmente,
sendo
ou não inteligente,
nele
incute, ingenuamente,
qu'
é um ser superior...
DAVID
FERREIRA
*
A
mulher em seu roteiro
Quer
apenas um parceiro,
Um
amante, companheiro.
Não
um dono, um senhor.
Não
quer viver em prisão
Detesta
a submissão
Quer
fazer sua oração
Sem
ser a santa no andor.
DALINHA
CATUNDA
*
Tenho
uma que é valente,
me
cativa docemente,
mas
tem hora que, somente
Deus
do céu, pra lh'a acalmar.
Basta
eu demorar fora,
não
voltar conforme a hora...
Quebra
um pau, pega uma tora
e,
ai de mim, se eu gaguejar...
DAVID
FERREIRA
*
Deixo
a porta sem tramela
E
nem fico na janela
Só
pensando em esparrela
Se
tarde ele vai voltar...
Enquanto
eu for importante!
Serei
esposa e amante,
Vou
esperar radiante,
Sem
pensar em controlar.
DALINHA
CATUNDA
Essas gralhas encrenqueiras
Não resistem brincadeiras
Logo viram barraqueiras.
E se ofendem sem razão.
Se não faz mal perguntar
Para poder me calar
O que deixaram passar?
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO
JOSÉ WALTER
*
Em cada pé que versei
Eu rimei, metrifiquei,
Cantei, mas não relinchei
Pra não perder a razão.
Porém sei que fiz besteira
Deixei aberta a porteira
E entrou a crina coiceira
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO
DALINHA CATUNDA
*
Zé walter, tome cuidado
O terreno é complicado
É melhor ficar calado
Pra não perder a razão
Dalinha não dá vacilo
Tem amigas no estilo
Aqui ninguém dá cochilo
Nos oito pés de quadrão
CREUSA MEIRA
*
Com seu veneno de aranha
A mulherada se assanha
Tem gente que fica estranha
Pois Dalinha põe no chão
Sem piedade sem dó
Arrocha com força o nó
Faz a coisa ir pro gogó
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO.
VÂNIA FREITAS
*
Mulher quando quer encrenca
Ela de cima despenca
Com mais de mil “penca”
De palavras feito o cão
Seu corpo vira uma brasa
A imaginação cria asa
No português ela arrasa
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO.
VÂNIA FREITAS.
*
Encantada!
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