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sexta-feira, 17 de abril de 2020

AQUI NO RIO DE JANEIRO MORA O CORDEL NORDESTINO. Mote da Dalinha Catunda, participação de Moraes Moreira.

AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
1
Retiro o velho cordel
Que trouxe no matulão
Onde minha tradição
Trago escrita no papel
Eu pego e monto um painel
Pra mostrar ao citadino
Meu folheto feminino
No meu linguajar matreiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Dalinha Catunda/Ipueiras-Ce
2
Antes eram folhas soltas
Leandro Gomes as prendeu
Endireitou e vendeu
Causando reviravoltas
Dominou mas sem escoltas
Pois sempre foi peregrino
Vivendo igual Beduíno;
Agora achou paradeiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Zé salvador/Tianguá-Ce
3
Saindo do meu sertão
Vivi Aventuras mil
Vendo bala de fuzil
Furando meu matulão
Ligeiro que nem um cão
Procurei o meu destino
Depois virei bom menino
Pra dizer pro mundo inteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
João Batista Melo/Itabaianhinha-Se
4
O cordel sei que é verdade,
Não mora em qualquer lugar
Nem basta alguém procurar
Pra matar a sua saudade.
Se houver dificuldade
Nunca faça desatino
Mude logo seu destino
E procure bem ligeiro.
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Cicero do Maranhão/Caxias-Ma
5
Prazer, eu sou o cordel
Indo além da inspiração
Métrica, rima e oração
Eu sei botar no papel
Vou concorrer ao Nobel!
Seja qual for o destino
Assino embaixo, eu assino
Sou eterno passageiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO
Moraes Moreira/Ituaçu-Ba
6
A cultura Iberiana
Chegou com as caravelas
E legou como sequelas
Um escrito bem bacana
E quem tem a mente sana
Conhece um folheto fino
Eu mesmo desde menino
Do cordel sou mensageiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO
Wiliam J G Pinto/Palmeira dos Índios-Al
7
No Rio cosmopolita
Mora da arte a essência
Tem a casa da ciência
Na orla praia bonita
Igreja, centro e mesquita
A moldar o meu destino
Um Cristo humano e divino
Que é mais do que brasileiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO
Gonçalo Ferreira da Silva/Ipu/Ce
8
No Rio pude chegar
Trazendo forte lembrança
Na alma veio a esperança
E a coragem pra lutar
Procurando melhorar
Nas veredas do destino
Acertar sem tirar fino
Controlando o meu roteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Ivamberto Albuquerque/Alagoa Grande/Pb
9
Quando eu vim lá do Nordeste
Encontrei grandes artistas
Poetas e repentistas
Com seu talento inconteste
Estes bons cabras da peste
Com a vida de peregrino
Fizeram aqui seu destino
E hoje eu digo ao mundo inteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Almir Gusmão/Recife/Pe
10
Saí lá do Maranhão,
No ano sessenta e cinco.
Estudei com muito afinco.
E com amor no coração,
Aprendi muita lição.
Encarei o meu destino.
E sem muito desatino,
Com espírito altaneiro.
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Rosário Pinto/ Bacabal/ Ma
11
O Cordel no grande Rio
Que foi também Guanabara.
Chegou em paus-de-arara,
De caminhão e navio.
Exposto ao sol e ao frio,
Ganhou espaço e destino.
Ao se tornar sudestino,
Traçou seu próprio roteiro.
AQUI NO RIO DE JANEIRO.
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Erinalda Vilanave/ Natal/Rn
12
A Cultura Brasileira
Está bem enraizada
No Rio encontrou morada
Caminha na dianteira
Sua raiz estrangeira
Diversificou o tino
Vai cumprindo o seu destino
Criando novo roteiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO
Geraldo Aragão/Senhora da Glória/Se
13
Tem a Fonte da Saudade
Portela e Maracanã
O museu do Amanhã
Tem Bangu e Piedade
Do mundo a melhor cidade
O mar sempre cristalino
O velho fica menino
Tem o povo hospitaleiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Chico Salles/ Sousa/PB
14
Em toda esta região
Rica em história e cultura
Encontrou desenvoltura
A cultura da Nação,
Depois veio do Sertão
O folheto genuíno
Ampliando o seu destino
Aos olhos do mundo inteiro,
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Spalo Campelo/Campo Redondo/Rn
15
Fui pesquisar na memória
Encontrei todo sentido
De um mundo construído
No aconchego da glória
Antes de cantar vitória
Bem rápido fiz um hino
Com traço apurado e fino
Confesso que fui ligeiro
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Severino Honorato/Mulungu/Pb.
16
Se o ritmo do coco é
Alagoano, é também
De Pernambuco e tem
Na Bahia o axé
De todos santos e até
Bate ganzá pro divino,
No calango tira um fino.
E se o calango é mineiro,
AQUI NO RIO DE JANEIRO
MORA O CORDEL NORDESTINO.
Edmilson Santini/Águas Belas-Pe.
*
O Cordel nordestino no Rio de Janeiro.
O cordel que aportou na Bahia no baú dos colonizadores, no nordeste, encontrou terra fértil para se propagar. Ganhou novas feições e na mala do nordestino migrou para as grandes cidades.
Hoje somos muitos escrevendo Literatura de Cordel pelo Brasil afora.
A internet é um termômetro a nos indicar essa estatística.
Sempre me perguntam pelos nordestinos que escrevem cordel aqui no Rio de Janeiro.
Diante da pergunta reincidente, resolvi criar um mote, que nos remetesse ao tema, e convidar alguns cordelistas nordestinos, que atuam na Cidade Maravilhosa a participarem deste cordel coletivo.
Aos poetas que atenderam minha solicitação, quero aqui agradecer a todos, em especial ao poeta e escritor, José Walter Pires, que gentilmente fez a apresentação deste cordel, por mim organizado.
Contatos: E-mail: dalinhaac@gmail.com tel: (21) 98225-0145
Blog: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.cordeldesaia.blogspot.com
Dalinha Catunda idealizadora e coordenadora do cordel.
Rio de Janeiro, fevereiro de 2017.
dalinhaac@gmail.com
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