DALINHA DE IPUEIRAS E ZÉ DE BRUMADO
*
Quem confunde “Padim Ciço”
Com embusteiro e pastor
Não sabe o que é um santo
Nem de longe viu no andor
Com certeza é de Brumado
E deve estar calejado
De tanto bater tambor.
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JOSÉ WALTER
Longe de mim, faz favor
Falar mal do famoso Padim Ciço
Não desafio a quem faz
Reza braba ou um feitiço
Não meto a mão em cumbuca
Quanto mais o cão cutuca
Fujo sempre de um enguiço
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DALINHA CATUNDA
Meu verso não desperdiço
Quando entro em questão
Eu nunca fiz reza braba
Feitiço, não faço não
Mas quem come acarajé
E segura um afoxé
Não foge da tradição
.
JOSÉ WALTER
Tambor não é vocação
Por que não sou macumbeiro
Não mexo com pai de Santo
Nunca frequentei terreiro
Corro as léguas de um Pastor
Por ser um enganador,
Mentiroso e trapaceiro.
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DALINHA CATUNDA
Já me disse um fuxiqueiro
Que você roda a baiana
Que bebe e fuma cachimbo
E recebe uma cigana
Mas também grita aleluia
Pra ter dinheiro na cuia
Pois também gosta de grana.
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JOSÉ WALTER
Pra você deixar de drama
Deixo o dito, por não dito
Deixo quieto o padim Ciço
E em Pastor não acredito
Sendo falso mensageiro
Pois só prega por dinheiro
Ganhando o povo no grito.
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DALINHA CATUNDA
Sendo assim, não fique aflito
Nem perca a estribeiras
Não saí fora da linha
Só fiz umas brincadeiras
Respeito o Zé de Brumado
Não fique acabrunhado
Com Dalinha de Ipueiras.
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JOSSÉ WALTER
Nós não fazemos besteiras
Em uma troca de versos
Só mostramos qualidade
Com os temais mais diversos
Agradáveis de se ler
Como sabemos fazer
E de prazeres imersos.
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DALINHA CATUNDA
Mergulho nesse universo
Peco e não peço perdão
Sou profana sou sagrada
Sou beata em procissão
Do meu “Padim” sou romeira
Mas também sou forrozeira
Nas latadas do sertão.
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JOSÉ WALTER
Sei, Dalinha, que você,
Gozou bem a mocidade
Não se prendeu a tabus
Vivendo sempre à vontade
Mas sem jamais ser mundana
Como sagrada ou profana
Sempre agiu com liberdade.
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DALINHA CATUNDA
Amigo isso é verdade
Confesso não vou negar
Eu era feito uma pipa
No céu azul a voar
Ser pássaro de gaiola
Não entrava na cachola
E jamais irá entrar.
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MEDEIROS BRAGA
Ainda bem que os dois
Não perderam as estribeiras,
Nem Zé Walter de Brumado
Nem Dalinha de Ipueiras,
E ao final, feito mel,
Fizeram um belo cordel
Pra ser vendido nas feiras.
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Dalinha Catunda e José Walter
Membros da ABLC
dalinhaac@gmail.com
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