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segunda-feira, 13 de junho de 2022

TROVAS DE DALINHA CATUNDA


 

TROVAS DE DALINHA CATUNDA.

1

A saudade é dor no peito

Em noite de solidão;

Eu no cetim do meu leito,

Ela no meu coração.

2

A saudade companheira

Faz parte da minha sina;

Se achegou como posseira,

Logo virou inquilina.

3

Saudade punhal mortal

Que sangra a alma da gente;

Um sentimento letal,

Quando visita o presente.

4

Que triste fado é perder

Na vida um grande amor,

E a saudade se prender

Para alimentar a dor.

5

Para não viver vazia

Casei-me com a saudade;

Ela me faz companhia

No avançado da idade.

6

É doce sentir saudade

De alguém que foi pra voltar;

Sempre tempera a vontade

E abrasa o reencontrar.

7

A saudade é acalanto

Que algumas vezes apraz;

Quando ela chega sem pranto,

É dengo que satisfaz.

8

Não vou viver de saudade,

Pra ela não me matar;

Mas pra falar a verdade,

Não vivo sem recordar.

9

Saudade é dor passageira,

Quando é pequena a paixão;

Ela vem sem gemedeira,

Não maltrata o coração.

10

Sou a saudade ladina,

Sou a saudade marota,

Daquele chão nordestino

Dos meus tempos de garota.

11

A saudade é rede armada

Que embala a recordação;

Lembrando da terra amada,

Balança meu coração.

12

Já mergulhei na saudade,

Contudo sem me afogar;

Não tive dificuldade

Para sair desse mar.

13

A saudade é filme antigo,

Que preservo com carinho;

Do tempo que andei contigo,

Dividindo o mesmo ninho.

14

A nossa louca paixão,

Não tem como não lembrar;

No perfume e na canção,

Ela volta a incomodar.

15

Debaixo de um juazeiro

O seu amor eu ganhei;

Lá eu fiz o meu canteiro,

E só saudades plantei.

16

Saudade é dor descarada,

Que invade o peito da gente;

Sem se sentir acanhada.

Badala dentro da mente.

*

Quero agradecer ao poeta José Walter Pires, o convite para participar desse livro de trovas. Ai, ai, saudade… é um livro repleto de belas trovas escrito por poetas incríveis, que são: Lêda Selma, Alba Helena Corrêa, josé Walter Pires, Creusa Meira e Dalinha Catunda.

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