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sexta-feira, 8 de julho de 2022

CORDEL DE SAIA - Folheto

CORDEL DE SAIA
1
A mulher faz diferença
No cenário do cordel
Conhece bem seu papel
E no palco tem presença
A musa roga licença
Para iniciar seu canto
Sabe escrever com encanto
Enaltecendo a cultura
Ornando a literatura
Em todo e qualquer recanto.
2
Para o seu cordel fazer
A mulher se preparou
Ela se capacitou
Garanto e posso dizer
Fez e faz por merecer
Esse lugar conquistado
Pois já ficou comprovado
Que seu nome é competência
Das regras tomou ciência
Tem currículo aprovado.
3
É cheio de inovação
O Cordel vestindo saia
Lá no alto feito arraia
Faz a sua evolução
Não esquece a tradição
Traz de volta a cantadeira
Dando voz a cirandeira
Com seus trajes coloridos
Os aplausos repetidos
Saúdam essa bandeira.
4
Na peleja virtual
A mulher, bonito faz
Demonstra que é capaz
Destemida e atual
Se um dia foi desigual
O mundo cordeliano
Na saia ela botou pano
Para rodar o babado
Espantar o mau olhado
E seguir sem desengano.
5
Na boca da cordelista
Renasce o cordel cantado
Por muitos apreciado
É imensa a nossa lista
A mulher está na pista
Faz graça na cantoria
Encara bem a porfia
Na hora de pelejar
Canta sem titubear
Agindo traz alegria.
6
É a mulher nordestina
A que canta alegremente
Os versos que tem na mente
Com sorriso de menina
Se junta e não desatina
Para dar o seu recado
Bota o cordel no tablado
Nos cabelos uma flor
Sabe que tem seu valor
E pra ela tem mercado.
7
Nosso cordel feminino
Nosso cordel de mulher
Não é de meia-colher
É arte de quem tem tino
E bota tempero fino
Para os versos temperar
Assim consegue agradar
Quem gosta do que é bom
Por não ter medo do tom
Da fêmea a versejar.
8
Hoje já vejo calcinha
Lado a lado com cueca
Em bancas ou cordelteca
Uma com outra se alinha
Pois antes só homem tinha
Esse lugar ocupando
Mas a coisa foi mudando
Pra nossa felicidade
Chega, enfim, a igualdade
De gênero se irmanando.
9
Ser cantada ou escrachada
Ou ser musa de poeta
Da mulher não era a meta
Eu não estou enganada
Sem se fazer de rogada
Ela então se resolveu
E seu cordel escreveu
Dando fim a tirania
Nasceu cordel de Maria
Cresceu e sobreviveu.
10
Sem drama e sem salseiro
O homem não relutou
A mulher ele aceitou
Acabou sendo parceiro
Age no mesmo terreiro
Mas no fundo a gente sente
Que ainda é diferente
A condição feminina
O homem sempre termina
Com vantagens, claramente.
11
Com decote ou sem decote
A mulher chega e abusa
Enfeita sacola e blusa
Canta dança e dá pinote
Perfuma bem o cangote
Em cada apresentação
Faz a sua saudação
Sempre em alto e bom som
Com a boca de batom
Capricha na louvação.
12
Louva a Matuta fogosa
Que se vestia de chita
Botava laço de fita
Só para ficar mimosa
Louva a cabocla cheirosa
Que vivia no sertão
E dançava São João
Nos bons tempos de fogueira
Toda jeitosa e faceira
E seguindo a tradição.
13
Louva a famosa Maria
Parceira de Lampião
Que gostou do Capitão
E largou sua moradia
Pra viver como queria
Ao lado do cangaceiro
Sua paixão o parceiro
Que cruzou em seu destino
Um romance nordestino
Do casal aventureiro.
14
Louva a mulher aguerrida
Que pelo mundo se embrenha
Que é Maria da Penha
Que não desistiu da vida
E disso ninguém duvida
É verdade absoluta
É comandante da luta
Que favorece a mulher
E pelo o que faz requer
Respeito a sua conduta.
15
Viva a mulher cordelista
Que inovou no cordel
Que faz versos à granel
No assunto é estilista
Sempre tem nova conquista
É artesã da cultura
Agrega a literatura
Poesia e artesanato
Entrelaça em cada ato
Subsídios pra leitura.
16
A fêmea que se escondia
Nome e sobrenome tem
Faz o cordel e faz bem
É membro de academia
No mundo da poesia
Que hoje se descortina
Com a verve feminina
De sortilégio replena
A mulher se mostra plena
Escreve, assume e assina.
*
Cordel de Dalinha Catunda
Cordelista cirandeira e artesã
Xilo de Jefferson Campos
dalinhaac@gmail.com

 

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