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quarta-feira, 19 de abril de 2023

A Índia no Pico do Yayu

PERSEGUIÇÃO DE UMA ÍNDIA NO PICO DO YAYU

Aqui em Santa Luzia

Existe um monte isolado

Indo para São Mamede

Ele fica bem dum lado

Dividindo as duas cidades

De YAYU é chamado.

*

YAYU é gigante

Um filho da natureza

Quem olha de bem distante

Vê quão grande é sua riqueza

Aqueles que passam ali

Admiram a sua grandeza.

*

Muitos índios lutadores

Ao teu lado batalharam

Vivendo com suas mulheres

Que a ele as confiaram

Redemoinho e tempestade

Nunca lhe incomodaram.

*

Gigante observador

Fitando o céu com ternura

Vem nos trazer emoção

Tanta beleza perdura

Mostre bem para os seus filhos

Essa tão bela figura.

*

Há uma lenda que diz

Das sílabas pronunciadas

Que formando YA YU

Duas podem ser contadas

Ditas por uma mulher

E até hoje lembradas.

*

Essa lenda ainda conta

Que era indígena a mulher

Fugindo de Teodósio

Por ser um branco qualquer

Correu em busca do morro

Que pra ela era um Pajé.

*

Ficou lá refugiada

Uma cabana construiu

E quando à procura d’água

Um dia a índia saiu

Não reparou que um branco

Bem de longe a perseguiu.

*

A índia foi perseguida

E quando foi alcançada

Diante dos traidores

Ela ficou acuada

Olhava sempre pro pico

Querendo ser abençoada.

*

Na subida desse monte

A índia não escapou

Sabia que ia morrer

E para o monte apontou

Fitando bem o seu pico

E YAYU exclamou.

*

YAYU foi um grito

No instante de sua morte

Era uma mulher anônima

Imaginamos seu porte

Seria uma linda história

Se ali houvesse um repórter.

*

YA seria advérbio

Depois de bem pesquisado

Significando ALI

E o YU estudado

Seria o “SER SUPREMO”

Dando esse resultado.

*

YAYU é um pico

Com muita interpretação

Seu Ademar pesquisou

Essa esquisita expressão

Pra ele seria ALI, DEUS!

Será que há tradução?

*

Aquela mulher indígena

Que ao sozinha ficar

Num morro bem desolado

Tivesse a procurar

O mistério do YU

Para uma história deixar.

*

Talvez dentro dela houvesse

Muita pergunta a fazer

Por que essa destruição

De sua gente ao querer

Viver com honestidade

Sem a ninguém ofender?

*

Para aqueles bárbaros brancos

Muito queria dizer

Que destruíram sua gente

Sem mesmo a ninguém temer

Que ali estava DEUS

O GRANDE E SUPREMO SER.

*

Por isso digo a vocês

De tanta interpretação

Essa é mística e inspirada

Parece na solidão

Na imponência do morro

Caracterizando a impressão.

*

Mostro aqui mais um estudo

Dum grande pesquisador

De José Elias Borges

Um profundo conhecedor

Dos topônimos indígenas

Dessa estória um sabedor.

*

Ele decifra outra coisa

Do YAYU uma tradição

Diz que é morro espinhoso

Mostrando convicção

Mas o que importa é que a lenda

Envolve a população.

Nelcimá Morais - 2007

*

Nelcimá de Morais é professora e poeta de cordel.

Pertence As Mulheres do Cordel, do Cordel de Saia

Postagem de Dalinha Catunda para o Cordel de Saia

 

 

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