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domingo, 20 de agosto de 2023

MEU CAJU, MEU CAJUEIRO CORDEL

MEU CAJU, MEU CAJUEIRO CORDEL

1

O conhecimento eu tenho.

Peço a musa inspiração,

Pra falar do cajueiro,

Riqueza do meu sertão.

Versos trago no baú

Da castanha e do caju

Pra compor essa oração.

2

Vem do tupi-guarani

Este termo “aca-yu”,

Que é: Noz que se produz

Do qual origina o caju.

Nosso caju brasileiro,

Que brota do cajueiro.

Faz rico nosso menu.

3

Tupis marcavam os anos

De maneira singular

Na colheita do caju,

Para a idade marcar

Usando sua façanha,

Guardavam uma castanha

Num pote para contar.

4

Chuvas do caju ocorrem

Em setembro no Ceará.

É a chuva da colheita.

Afirma o povo de lá.

Essa precipitação

É espaça no sertão

Na estação que seca está.

5

Tem o cajueiro anão

E tem gigante também.

Anão vai a quatro metros,

Mais de vinte o grande tem.

Porém o maior do mundo

De Natal é oriundo

De Pirangi grande bem.

6

Cantou Juvenal Galeno,

” Cajueiro Pequenino”.

Vou fazer como o poeta,

Nesse louvor genuíno.

Vou falar da serventia

Do caju com poesia

No meu cantar nordestino.

7

Primeiro quero informar

Nessa minha explanação,

Uma dúvida que existe,

E até causa confusão.

É que o fruto verdadeiro,

Que carrega o cajueiro,

É castanha, caju não!

8

Quero aqui falar da fruta.

Enaltecendo o sabor.

Falar da casca e da folha

Do aroma que solta a flor

Da sombra do cajueiro,

Onde meu amor primeiro

Declarou-me o seu amor.

9

O caju é o falso fruto,

Pedúnculo ou acessório,

Porém sua utilidade

Não tem nada de ilusório.

É sempre bem empregado

Na cozinha ele é usado

De modo satisfatório.

10

Tem caju, tem cajuí,

E caju banana tem.

Tem amarelo e vermelho,

Alaranjado também.

Caju tem variedade.

É fruta de qualidade,

Saudável e nos faz bem.

11

Do caju se faz um suco,

Nutritivo e refrescante.

E que além de saboroso,

Pra saúde edificante.

Na casa do nordestino

Enche o bucho de menino

É suco revigorante.

12

Vinhos feitos de caju,

Vêm dos nossos ancestrais.

Os indígenas faziam

Pra beber nos rituais.

Em cada celebração,

O gosto de tradição

Tinha os cerimoniais.

13

Em se tratando de doce

De caju tem variado:

Tem o doce de compota,

Em calda e cristalizado,

Doce liso tem também,

Do sabor pergunte alguém,

Que tenha deles provado.

14

Derivada do caju,

Também tem a cajuína.

Destaco a que já bebi,

Pras bandas de Teresina.

E no Cariri provei,

Da São Geraldo e gostei,

Que delícia nordestina!

15

Uma curiosidade

Confesso cansei de ver.

Foi o broto do caju

Dentro do litro crescer,

Depois da fruta crescida,

A cachaça era acrescida

No litro pra envelhecer.

16

No tempo da floração,

Emana do cajueiro,

Um cheiro peculiar,

Que o vento espalha ligeiro,

E desde os tempos da infância,

Eu sinto a mesma fragrância,

Que sentia em meu terreiro.

17

A flor além de cheirosa,

Também é medicinal.

Ela é anti-inflamatória,

Diurético natural.

Mezinha convidativa,

E sendo depurativa,

Ajuda sem fazer mal.

18

Usamos cascas e folhas,

Para um bom chá produzir.

Bom pra problemas de pele,

E pra parar de tossir.

Para catarro e fraqueza,

Esse chá é uma beleza!

Já vi mamãe consumir.

19

Que o caju rouba a cena

De fato, é realidade.

Mas a castanha entretanto,

É o fruto de verdade!

Convidativa e gostosa,

Nutritiva e saborosa,

E de muita utilidade.

20

Em terreiros e quintais,

A castanha era assada.

Fogueira e lata furada,

Nas farras da meninada.

Recordo dessa folia,

Eu repleta de alegria,

Curtindo a mesma jornada.

21

Eu sou cabocla nascida,

Criada no interior.

Comento muita castanha,

Do caju trago o sabor.

Como boa nordestina,

Tomo suco e cajuína,

E até já tomei licor.

22

Quando é tempo de caju,

Eu toda assanhada fico.

Igualmente a passarinho,

Eu vivo melando o bico.

Com a vara de bambu,

Vou cutucando o caju,

E pego sem pagar mico.

23

Tenho paixão por caju,

Pelo gosto e cheiro agreste.

E o colorido que dá,

Às feiras lá do Nordeste.

No museu do caju sou,

A cabocla que cantou,

Esta riqueza campestre.

24

Tenho setenta cajus,

Nos passos da minha estrada.

Do caju quero o refresco,

A castanha quero assada.

E do cajueiro a sombra,

Pois idade não me assombra!

Continuo a caminhada.

Fim

 Cordel de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

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