DE CORDEL EM CORDEL
1
O cordel tem seu registro
Tem nome tem tradição
É bem imaterial
E cultural da nação
E eu sou Dalinha Catunda
Na salvaguarda em ação.
2
O cordel era vendido
Num barbante pendurado,
Era uma cordinha fina
Um barbante bem delgado
O cordão em Portugal
De cordel era chamado.
3
Foi por isso que o folheto
Que na corda era escanchado
Em nome deste costume
Por cordel foi batizado
Não demorou muito tempo
Terminou sendo aprovado.
4
Aquele que faz cordel
É chamado cordelista
Ou poeta de bancada
É um especialista
Que domina o versejar
E no palco é um artista.
5
No folheto, no cordel
Popular Literatura
Escrita e oralidade
São partes dessa cultura
Além disso ainda agrega
Também a xilogravura.
6
A xilogravura é
Técnica de entalhar
Desenhos numa madeira
Para em seguida empregar
Como capas nos cordéis
No momento de editar.
7
Com os colonizadores
O cordel aqui chegou
Aportou lá na Bahia
E logo se propagou
O Nordeste brasileiro
Essa cultura abraçou.
8
Leandro Gomes de Barros
Com base na cantoria
Achou que daria pé
Editar o que escrevia
Pioneiro no cordel
Além de editar vendia.
9
E foi Maria das Neves,
A Batista Pimentel!
Como primeira mulher
A escrever um cordel
E o nome de homem usou
Para assinar o papel.
10
O cordel é popular
Entretanto é exigente
Quem quiser tentar fazer
É bom que fique ciente
Das regras que o cordel tem
Para então seguir em frente.
11
É gênero literário
É Cordel Literatura
Com linguagem popular
Aborda nossa cultura
E com seus temas diversos
É um convite a leitura.
12
Ter princípio meio e fim
É próprio da narração
A riqueza de detalhes
Favorece a construção
Não faça com correria
Tenha zelo e atenção.
13
O cordel tem que ter: métrica,
Ter rima, ter oração,
E destes três elementos
Jamais se pode abrir mão
Estude as regras primeiro
Só depois entre em ação.
14
Para escrever um cordel
Pense no que vai fazer
Matute sobre a história
P’ra melhor desenvolver
Procure ser criativo
No momento de escrever.
15
Na capa do meu cordel
Trago imagem da oração
No miolo trago a rima
Também metrificação
Assim vou desenvolvendo
Com regras a narração.
16
Eu primeiro faço um verso
Que chamam de pé ou linha
Rimo só nos versos pares
Como me ensinou Bastinha
Sem rimas ficam os ímpares
A sextilha assim caminha.
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Para fazer a sextilha
Seis versos devo fazer
Cada verso sete sílabas
Na contagem deve ter
É a metrificação
Para o ritmo manter.
18
Para escrever um cordel
Não se faz só com sextilha
Temos outras opções
Uma delas a setilha
E temos também a décima
Veremos noutra planilha.
19
A sextilha recomendo
P’ra quem é iniciante
Sextilha tradicional
Porque temos variante
Ao dominar a sextilha
Pode seguir adiante.
20
Um verso de pé quebrado
Desabona a oração
E por isso é bom contar
Tendo bastante atenção
Pare na última tônica
Diz a metrificação.
21
Conte as sílabas poéticas
E não as gramaticais
Aprenda sobre elisões
Pois isso ajuda demais
E leia sempre em voz alta
Os erros dão seus sinais.
22
Dê sentido a cada estrofe
Escreva, mas com prudência
Rimar e metrificar
Deve ser com coerência
Atenção ao conteúdo
Ao ritmo e a sequência.
23
Leia e releia seus versos
E corrija a narrativa
Capriche na introdução
E seja imaginativa
Para concluir a história
De maneira criativa.
24
O cordel tem seu valor
E não podemos negar
Foi o jornal do Nordeste
Notícias sabia dar
Foi folheto com poder
Também de alfabetizar.
Fim
Cordel de Dalinha Catunda
Caade Maércio Siqueira
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