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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

FOLCLORE E A LENDA DA YARA


 

FOLCLORE E A LENDA DA YARA

1

O Folclore brasileiro

É rico e bem atrativo

Geração a geração

Ele se mantém ativo

Recontando cada história

Que o povo traz na memória

Para um público cativo.

2

Folclore é sabedoria,

Tradição, conhecimento

Herança dos ancestrais

Passada sem testamento

Com aval da oralidade

O povo em atividade

É voz nesse movimento.

3

As expressões culturais

Que tem em comunidade

Fazem parte do folclore

Pois é sua identidade

Por isso cada rincão

Zela pela tradição

Seguindo sua verdade.

4

Adivinhas, trava-línguas,

A culinária também

Os ditados populares

Costumes que o povo tem

Essas manifestações

Conjunto de tradições

A memória leva além.

5

Temos cantigas de roda

Ciranda pra cirandar

Benditos e ladainhas

E as cantigas de ninar

Temos dança, temos festa

O povo se manifesta

 O anseio é salvaguardar

6

Nós temos contos e fábulas

histórias de arrebatar

E temos lendas fantásticas

Algumas são de assustar

Tem Lenda do Boitatá

Também a do Guaraná

E muito mais pra contar.

7

O folclore com certeza

É leque de tradições

D’um povo que movimenta

Repassando informações

Com raízes no passado

Pesquisando esse legado

E trazendo inovações.

8

Hoje como cordelista

Resolvi me aventurar

Entrar no mundo das lendas

E esse mundo desbravar

Sobre o lúdico universo

Vou utilizar meu verso

Para melhor explanar.

9

Minha lenda preferida

É lenda que corre chão

É a lenda da sereia

Mas conforme a região

De mãe-d’água é nomeada

Ou de Uiara chamada

Dependendo da versão.

10

É uma lenda amazônica

A base da minha história

E fala sobre uma indígena

Da guerreira em trajetória

Uma mulher perseguida

Que lutou por sua vida

Com valentia notória.

11

Era uma vez uma índia

Uma guerreira valente

Dona de grande beleza

Vivia livre e contente

E por ser muito invejada

Quase foi assassinada

Mas escapou felizmente.

12

Os seus irmãos invejosos

Resolveram se vingar

E aquela bela guerreira

Decidiram por matar

A forte guerreira então

Lutou, matou cada irmão

Para poder escapar.

13

Depois da luta sangrenta

Com medo de ser punida

A tão valente guerreira

Fugiu em grande corrida

Se jogou no igarapé

Lá encontrou o Pajé

Sentiu que estava perdida.

14

O pajé era seu pai

E naquela ocasião

Sofrendo a morte dos filhos

Tomou uma decisão

Não podia desculpar

Precisava castigar

Sua filha sem perdão.

15

Naquele instante o Pajé

Com ânsia de se vingar

Pegou a índia no colo

Para no rio jogar

E sem hesitar jogou

Quando a guerreira afundou

Ele saiu do lugar.

16

Mas a valente guerreira

Teve a sua salvação

Os peixes sentiram pena

E entraram logo em ação

Transformaram em sereia

A índia daquela aldeia

Que gostou da solução.

17

Ela é metade peixe

Outra metade é mulher

É a rainha das águas

Como a magia requer

É a sereia que encanta

Quando solta a voz e canta

Do jeitinho que ela quer.

18

E nos rios da Amazônia

Passou Yara a viver

Como uma linda Sereia

Com seu canto e com poder

Se algum homem lá chegar

Ela atrai para afogar

O povo vive a dizer.

19

Segundo a Lenda de Yara

Quem conseguir escapar

Termina ficando louco

E se quiser se tratar

Precisa ter muita fé

E procurar o Pajé

Só ele pode curar.

20

Essa história da Sereia

Repleta de fantasia

Muitos contaram em prosa

Enfeitando com magia

Hoje eu canto este universo

Na rima de cada verso

Nas estrofes da poesia

21

Essa conhecida Lenda

Em versos eu recontei

Coloquei o meu olhar

Em tudo que pesquisei

Rima e metrificação

Que existem na oração

São das regras que adotei.

22

Eu sou Dalinha Catunda

Cordelista e Cirandeira

Faço versos e boneca

Como artesã bonequeira

Também sei contar história

As que guardei na memória

São da minha vida inteira.

23

Se quem conta aumenta um ponto

Eu também sei aumentar

Vou contando do meu jeito

Para o leitor encantar

Inspirada em minha Tia

Escrevo com alegria

Ela soube me ensinar.

24

Foi lendo e ouvindo histórias

Que aprendi a escrever

A dizer o que eu queria

Nos versos que sei fazer

Minha voz hoje não cala

Tenho meu lugar de fala

Por saber o que dizer.

Fim

Cordel de Dalinha Catunda

dalinhaac@gmail.com

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